segunda-feira, 11 de junho de 2007

As pessoas não acreditam quando eu conto. Tem gente que ainda não sabe. Eu conto de uma vez só. Terminou. Não dou muita explicação, que é pra não ficar triste. Mas não adianta, todo mundo faz cara de surpresa e quer saber por que. Outro dia encontrei um ex-professor e ele me perguntou "renatinha, e o noivo tá bem?" Eu disse "deve estar bem. mas não é mais noivo." Precisava ver a cara dele. Ele perguntou "mas como, renata? não tava com data marcada e tudo?" eu quis descontrair e disse "não, d., não tinha data marcada. tava só me enrolando mesmo." Eu me arrependi na hora de dizer isso. Não por ser mentira, é tudo muito mais complexo do que "estava me enrolando", eu falei pra fazer uma graça mesmo, pra não ficar aquele clima pesado, que às vezes fica. Mas me arrependi na hora. E a cara de dó que ele fez? Ele tava com a esposa, os dois me deram um abraço. Ele me abraçou e disse "tudo passa. você vai encontrar alguém muito melhor." Eu nem fiquei mal aquele dia, que engraçado.

Mas é diferente com meninas. Uma amiga minha não consegue acreditar. Ela fica me perguntando "mas não tem volta? você acha que não tem volta?" Eu não quero ficar falando disso. Já falei tantotantotanto, que fico cansada de iniciar esse assunto de novo. Me dá um cansaço. Não que o assunto tenha se esgotado pra mim. Eu ainda vou falar muito sobre isso comigo mesma e na análise. Mas eu sinto que o assunto se esgotou pra outras pessoas. Cheguei na parte que eu não posso mais dividir. As pessoas me dizem "não consigo imaginar você sem ele." Eu não sei por que alguém diz isso pra mim. "Eu achei que vocês iam casar." Eu não sei o que responder. O que eu vou dizer? "Eu também"? Não sei, só mudo de assunto.

De repente um cara tá do meu lado dizendo "olha, eu acabei um casamento há uns meses, sei como é." Eu penso, que ótimo se você me encontrasse numa quinta-feira à tarde e eu estivesse disposta a conversar. Hoje é domingo e eu estou concentrada apenas no meu chopp e na minha pizza. Aceitei a carona pra casa depois, mas já pensando em como mudar de assunto se ele falasse da separação dele e quisesse saber da minha. Mas ele nem tocou no assunto. E desceu do carro pra abrir a porta pra mim. Achei meio estranho, mas não reclamei, porque o carro era um daqueles bem altos, eu sempre tenho medo de cair desses carros. Nunca entendi por que alguém compra um carro tão alto, é muito difícil pra entrar e pra sair. Nem fiquei com ele, mas quando fui tomar banho percebi que tinha ficado um perfume masculino na minha roupa. Acho que foi do abraço que ele me deu antes de eu entrar em casa. Ele disse "como você é magrinha." Eu não sou magrinha, mas tava com uma blusa meio larga, daquelas que enganam.

Todo mundo se despediu me abraçando. Acho que eu sou uma pessoa muito abraçável.

15 comentários:

  1. A cara de pena das pessoas é muito pior que a dor de qualquer separação. Pàrace que a gente tá pelada numa sala cheia de gente muito bem vestida e de salto alto.

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  2. então, renata, eu nunca perguntei nada e não é agora que vou perguntar. só não sabia que era uma coisa com essa grau de seriedade todo. seria melhor se todos deixassem a coisa cair no esquecimento; pelo menos no esquecimento social. é muito ruim ter que explicar, repisar mágoas, quando, na verdade, a gente não está a fim de explicar nada. eu já me divorciei, mas não foi assim. foi algo que me trouxe, alívio, paz de espírito. então eu não tinha problema nenhum em falar, falar, falar. agora, mal comparando, eu não consigo falar da minha dissertação de mestrado até hoje. parece tolo, mas foi algo tão traumático, tão misturado com o meu casamento que estava acabando, arrematado por uma defesa onde uma perua da banca resolveu ser a bruxa má, agressiva em níveis estratosféricos, que eu não consigo nem olhar pro trabalho. demorei seis meses pra pegar na dissertação depois da defesa. nunca publiquei, nem mandei pra biblioteca. superei a mágoa e aquilo pra mim virou um zero à esquerda, mas me faz mal falar no episódio até hoje, cinco anos depois. sem comparações com um relacionamento que termina, mas é o máximo que a minha experiência me permitiu viver. bjim.

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  3. e eu ia fazer mais um comment cheio de identificação...mas, quer saber? eu me identifico até com o cansaço de falar do assunto.
    mas me identifico com muitas outras coisas em vc, e isso é o mais legal. Sabe pq, Rê? Pq vc é muito mais que isso. Vc é um monte de coisas muito mais legais que um coração partido. É só uma questão de mudar de foco, né?
    E eu insisto no meu conselho: vai beijar alguém na boca, nega! Ajuda que é uma beleza!!
    beijocas!

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  4. Tb não sabia que era algo assim tão sério, embora pelo tempo de namoro, nem precisava ter algum compromisso "oficial" em si, pois a própria longevidade já dizia algo.

    Que pessoas sem noção essas que dizem "não consigo te imaginar sem ele", ou "vcs não iam se casar?"; primeiro, que ninguém é insubstituível pra não conseguir imaginar um sem o outro, e segundo, que ninguém tem nada com a sua vida, se vc casar ou deixar de casar. Enfim, acho que é mto chato ter que ficar falando e explicando e ser alvo de piedade;as pessoas deviam cuidar mais de suas vidas e menos da dos outros.Tb acho que qto mais gente de fora fica falando, mais mal faz, sei lá.

    Ah, mas a parte boa é que vc é magrinha sim;esses dias parece que vc falou que pesa 50 quilos,imagina se não é magrinha? numa época em que magreza virou obsessão, vc tá "podeiiiindo" :).

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  5. Ah, Rê, mas acredito que as pessoas não perguntem por mal (não vou perguntar o que aconteceu, pode deixar! rs..). É tipo... uma expressão de surpresa normal, meio padrão, sei lá!... rs... É igual dar pêsames em dia de enterro: o que se tem a dizer além de "meus pêsames"? Perguntar se "tá tudo bem" é que é que não!!! rs... A gente nunca sabe bem o que dizer, o quanto é difícil pra pessoa tocar no assunto. Acho, sim, que as pessoas têm é que ter bom senso: ficou surpresa, mandou a "pergunta padrão", a pessoa não rendeu assunto, opa, então incomoda, vamos focar em outra coisa...
    Bom, mas eu tb não sei de nada, que cada um é diferente.
    Apenas digo que siga a vida, continue em frente. Uma hora tudo volta ao normal, aparecendo ou não um outro chinelo velho pra calçar seu pé.
    Eu mesma terminei um namoro de 7 anos e encontrei em um amigo recente, e de trabalho (em quem eu nunca tinha pensado direito) um grande amor...
    Bjos!

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  6. só pra constar, é muito engraçado ver as pessoas te chamando de Rê. :P

    e você sabe que se quiser contar de novo e de novo e de novo você pode, embora eu não seja a pessoa dos bons conselhos. :)

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  7. acho que pior ainda é quando as pessoas dizem "ahhh, vai voltar, com certeza." sem saber que você cria esperanças.

    eu ouvi isso de umas 30 pessoas diferentes, tenho vontade de ir cobrar agora. : P

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  8. Até hoje eu recebo correspondência em casa (de gente que tá careca de saber do divórcio) em nome de Sr e Sra. Convites de casamento e batizado são comuns e têm mesmo destino: lixo. Quem ainda não se tocou não merece nem a energia que eu vou gastar pra abrir os envelopes.
    Eu tinha um casal de amigos, na época da faculdade, que odiavam quando perguntavam pra um onde estava o outro: "Eu lá vou saber? Não sou gêmeo grudado nele!". Sempre num relacionamento um se apaga pro pro outro sobressair, já dizia Cazuza. Resgate a Renata que existe em você e pense: quem perdeu foi ele. Sério, mesmo. Quem perdeu foi ele. Amor de verdade, querida, não se acha em cada esquina. Não desperdice o seu com quem não quer. Pérolas aos porcos, lembra? Então. E o cara que se separou não comentou nada porque ele simplesmente SABE. No comments, that's all.
    Beijos

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  9. Por mim, você pode falar desse assunto o tempo que for necessário... Apesar de maluca, sou uma boa ouvinte.
    E concordo em gênero, número e grau com a Suzana: quem perdeu foi ele. Você é, como diria minha avó, uma "menina de ouro", uma pessoa rara.
    Sei que nada do que eu falar vai diminuir sua dor, mas me sinto na obrigação de dizer: amiga, você é um diamante! (risos)
    ;)

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  10. Andrea, e não é? porque tem gente que se preocupa e é super fofa e cuidadosa com a sua dor, mas a maioria só sente pena mesmo. e é péssimo.

    Cris, mas as dores no fundo são todas iguais, eu acho. só muda a causa, mas o que a gente sente eu desconfio que seja sempre a mesma coisa.

    eu acho que o melhor é sempre deixar cair no esquecimento. não vai cair no esquecimento pra mim e vc tb nunca vai esquecer o sofrimento com a tese, mas o resto do mundo podia ser delicado e não comentar. eu acho...

    Thaisss, tô trabalhando esse seu conselho! acho que é disso que eu tô precisando mesmo...

    pois é, a gente é muito mais do que um coração partido. tem hora pra ficar triste, mas com certeza essa hora não é tomando chopp e comendo pizza!

    Jussara, ai, pois é, eu fiquei ali tentando mudar de assunto, dizer "gente, a vida é assim, é ótimo 'respirar' um pouco", mas pareciam tão chocadas que insistiam naquela história de "não imagino você sem ele". Não precisa nem imaginar, é só lembrar, afinal, eu não nasci grudada com ele e gente que me conhece há 15 anos deveria saber como eu sou sem namorado.

    olha, eu peso pouco, mas sou uma pessoa normal. nem gorda nem magra. é só o peso que é pouco!

    Dona Encrenca, eu sempre procuro entender mesmo a boa intenção e o choque. Mas eu passei um bom tempo tentando mudar de assunto. O assunto não mudaaava.

    Adorei a sua história, não sabia disso... ;)

    Rê, na escola algumas pessoas me chamavam de Rê! Mas quando eu penso em Rê penso em você ou na minha tia Regina, que também é Rê.

    Eu avisei que vocêsss ainda vão me ouvir falar disso, hahahahaha.

    Cintia, cobra mesmo. Mas cobra dizendo "eu quero minha reconciliação em dinheiro!"

    droga, não cobra de mim, que eu tô à beira da miséria...

    Suzana, eu queria não poder acreditar nisso da correspondência, mas eu acredito e tô passada.

    Adorei a história do casal que não nasceu grudado. É isso mesmo. Em 24 anos nenhuma vez eu vi minha mãe ficar em casa pq meu pai não queria sair. Ou ir a uma festa e não dançar, porque meu pai não queria dançar.

    Obrigada, ;)

    Celaaa, amanhã preciso lembrar de acordar, me olhar no espelho e dizer "eu sou um diamaaaante", descendo até o chão.

    olha, não pense que eu vou deixar de te alugar com essa história, não pense!

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  11. Mas o fato de te chamarem de magrinha não quer dizer que vc não seja normal, quer? bom, ao menos da minha parte, não; se me chamarem de magrinha vou tomar como elogio.

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  12. Ontem eu queria ter desenvolvido mais o meu comentário, mas me ligaram no celular, bem no meio do meu raciocínio, e acabou me atrapalhando(detesto telefones e celulares, e principalmente gente chata que liga em hora inapropriada)e ainda fica dependurado.

    Bom, não sei em que tom o cara falou que vc era magrinha, mas qdo eu disse que vc é magrinha sim, não quis dizer que vc é esquálida, abaixo do peso , nem coisa parecida. Magrinha no sentido de magra mesmo, não é gorda mas tb não é cadavérica; deve ter o peso normal dentro dos índices de IMC...o que pra mim é normal. Magrinha é um modo carinhoso de dizer que vc é magra(no meu caso). Não sei se vc tomou como ofensa, mas se tomou, peço desculpas, mas é que não entendi o pq de vc ter falado que é normal; em nenhum momento eu disse que vc não era. Bem, é isso.

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  13. Jussara, nãooooo! eu não fiquei ofendida nãoooo! eu falei "normal" só pra vc não achar que eu era magrinha tipo magriiinha. sei lá, depois um dia a gente se conhece pessoalmente e vc vai pensar "aiii, ela nem é magrinha, ela é normal"

    mas magrinha nesse sentido que vc falou eu sou sim. é que quando eu penso em magrinha, penso naquelas pernas fininhas que podem usar short balonê. e eu não posso! hahahahaha ;)

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  14. Ah, então tá bom; é que é tão difícil às vezes interpretar palavras... e olha que eu era boa em português na escola...pois é, não quis dizer não, que vc era uma Olívia Palito, mas magrinha no bom sentido.

    Que bom que vc não pode usar short balonês; sinal de que não tem cambitinhos, rs.

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  15. Jussara, hahahaha, olha, pior que eu acho que tô entrando na categoria "magrinha", hein? Ontem eu cheguei no trabalho e uma das secretárias me perguntou quando eu vou parar de emagrecer...

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