domingo, 26 de setembro de 2010

Quando eu estou deprimida, eu me sinto um robozinho. Meus gestos diminuem e são todos calculados, pra que eu faça o menor esforço possível, porque até virar a cabeça faz meu coração doer. Quando eu estou deprimida, eu tento pensar em coisas boas, mas só consigo pensar em coisas boas que já acabaram. Às vezes, quando eu estou deprimida, eu me forço a sair de casa pra fazer outra coisa além de ir trabalhar. Saio com meus amigos, vou fazer compras, vou ao cinema, saio pra dançar. Às vezes não. Aí só fico em casa, na cama, passo o dia de pijama e só levanto pra comer doce-de-leite. Quando eu estou deprimida, eu não quero comer nada além de doce-de-leite e torradas. Quando eu estou deprimida, eu não sinto meu corpo e é como se minha cabeça estivesse flutuando. Quando eu estou deprimida, eu não quero conversar, mas eu gostaria de chorar no colo de alguém, sem ter que falar. Quando eu estou deprimida, eu me forço a levantar e ir pra academia dar uma corridinha. Quando eu estou deprimida, eu tento seguir o plano, tomar minhas vitaminas, fazer meus exercícios, respirar do jeito certo. Quando eu estou deprimida, eu acho que a culpa é minha, que o mundo todo está feliz e tem uma coisa doendo em mim porque eu sou incompetente de alguma forma e estou fazendo alguma coisa errada. Ou tudo errado. Quando eu estou deprimida, eu tento lembrar que as coisas são assim mesmo e eu faço o que posso. Quando eu estou deprimida, eu faço o que posso e quando não estou também. Quando eu estou deprimida, eu sinto que vou derreter e deixar de existir a qualquer momento. Enquanto eu estou deprimida, eu deixo de existir.

Quando eu estou deprimida, eu tento me lembrar que vai passar.

Quando eu estou deprimida, eu quero ficar bem encolhida, à espera de um dia bom, que eu sei que vai chegar a qualquer momento.



o que importa mesmo é que em novembro eu vou ver Phoenix e cantar todas as músicas e fazer dancinhas e tudo vai dar certo.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

-Isso não faz o menor sentido, porque já faz mais de dois anos que nós estamos juntos.
-Vocês estão juntos?
-NÃO! NÃO! Não, eu quis dizer que já faz mais de dois anos que nós terminamos.

Respiro, me sinto idiota, me sinto ridícula, me odeio por ter dito isso em plena sessão de terapia, agradeço por ter sido lá. Blá, blá, blá.

Se tem uma coisa que eu odeio no mundo, essa coisa é ato falho.

domingo, 19 de setembro de 2010

Eu tenho um problema. Eu sei, tenho vários. Mas vou falar de um só agora. Quando vou a restaurantes que têm um cardápio em outra língua, eu falo com sotaque. É tipo uma síndrome do sotaque estrangeiro aplicada a restaurantes.

É difícil, hein? Ninguém sabe o que eu sofro. Os garçons me maltratam, porque acham que eu estou debochando. Mas, se é assim que tá escrito no cardápio, eu só posso pedir um piatto di antipasto! Um piatto di antipasto, per favore! Como eu vou falar em português, se o cardápio tá em outra língua?

Passei meses na França sem falar nada de francês além de voulez-vous couché avec moi, ce soir vocabulário relacionado a comida. Eu levo isso muito a sério. Só me sinto segura em algum lugar quando sei pedir comida na língua de lá.

Mas contei o meu problema só pra falar de outra coisa. Imagina que você tem que interagir com um menino que tem um nome italiano. O nome dele não é esse, mas imagina que o nome dele é Paolo, só pra eu poder continuar a história. Imagina que você sofre da síndrome do sotaque estrangeiro com palavras isoladas. Imaginou?

Então nem preciso dizer que você tem vivido se controlando muito pra quando falar com ele não sair gritando -PAOLO GNOCCHI FETTUCCINE PROSCIUTTO!

Parece fá-cil, mas é difí-cil.


um dos maiores medos da minha vida é sofrer da síndrome do sotaque estrangeiro de verdade.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Tava andando pela rua, vi um menino que era o galã da minha escola. O galã. Todo mundo era apaixonado por ele.

Olha, não tenho nada contra ele, nunca tive. Ele é mais velho que eu, nem estudamos juntos. Não tinha o que não gostar nele, porque ele nem sabia que eu existia. Não tenho o que odiar nele, e nem odeio, não é isso. É que não é ele. É a figura né? Ele era o galã da escola. O galã.

Bom, vi o galã. Nooossa, que acabado. A-ca-ba-do.

Daí fiz o que qualquer pessoa equilibrada faria. Ri. Joguei o cabelo pra um lado e pro outro, ai, tô arrasaaando.

Veio o vento e fuuuu, levantou a minha saia, bem no meio da rua.

Não importa quanto tempo passe. Tá? Mesmo que você balance o cabelo e arraaase, o vento vai fazer fuuuu e levantar sua saia bem no meio da rua.1. Minha saia era essa aqui. Não sei se dá pra ver, mas ela é rodada mesmo. Tem muito tecido. Se bate um vento, não tenho pra onde fugir.
2. A saia tava na altura do joelho, que eu tava trabalhando, né?
3. Meu quarto é uma grande bagunça mesmo. É o meu jeitinho. Se você reparou que tem sapatos embaixo da mesa, nem vou te contar que também guardo sapatos na estante de livros.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Pra começar a explicar:

Tava andando de mãozinha dada.

-Você é tão feminina, Renata.

Eu entendo, eu juro que entendo que é pra ser um elogio. Eu não sou tão chata assim. Eu juro que entendo a intenção.

Mas de verdade, de verdade mesmo, eu virei e perguntei:
-Mas o que é o feminino?

O.que.é.o.fe.mi.ni.no? Juro pra você.

É por isso que eu não tenho namorado.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

(Antes de começar o post eu queria explicar que minha vida não gira em torno de meninos. Eu fico meio assim-assim quando vejo tantos post falando de meninos aqui no blog. Parece que eu só penso nisso. Eu faço outras coisas além de flertar, pessoal. Só que as outras coisas que eu faço dão certo, não são material pro blog, é só isso.)

Eu nunca sei o que dizer quando as pessoas me dizem "Você não tem namorado? Mas por quê?" Porque, né? Por onde começo a explicar, meudeus? Por onde começo a listar as razões pelas quais não tenho um namorado?

E quando acham que estão elogiando e dizem "Você é tão bonita, por que você não tem namorado?" Pessoa, pensa: se você acha que a beleza não é o problema, só pode ser minha personalidade, né? Você está dizendo que eu sou insuportável, apenas isso.

(Vou fazer uma pausa aqui pra contar que um dos poucos elogios que eu ouvi do meu irmão foi "se você não fosse bonitinha, ninguém ia te aturar, renata." Sim, ele achou que isso era um elogio. Pense apenas que ele me diz coisas do tipo "com esse seu vestido você tá parecendo a Pedrita, só que mais colorida.")

Mas ouço tanto essa pergunta que mesmo correndo o risco de parecer que só penso em meninos vou explicar aqui por que eu não tenho um namorado. No final da série (não sei quando, não me pressionem!) acho que vai dar pra entender o motivo.

Como além de tudo sou ansiosa, não vou esperar o final da série pra explicar por que não tenho namorado. Se você não gosta de saber o final da história antes, pare a leitura do post por aqui.

CUIDADO! SPOILER!
Não tenho namorado porque sou insuportável mesmo.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Então que não é só largar os indies e procurar um outro nicho, não é bem assim. Preciso me acostumar às novas situações.

Tô aqui, me fazendo de independente, achando que não vai ligar mais mesmo, só foi legal pra mim, acontece e tal, vamos seguir em frente, o importante é voltar pro jogo, ok, blá-blá-blá.

Daí não sei o que fazer com um menino que liga quando eu acho que não vai ligar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Outro dia eu tava indo pro trabalho, a vizinha me gritou lá do outro lado da rua.

-Oi, lindinha!
-Oi, boa tarde.
-Ai, olha ali você!
-Eu? Onde?

E ficou apontando pra cima. Quando olhei pra minha direita, tinha um caminhão de lixo estacionado. Pensei que não, isso não pode estar acontecendo. A pessoa não pode mesmo estar me chamando de lixo.

-Ali, ali em cima, no outdoor!

Pequeno momento de pânico. Eu só conseguia pensar que alguém muito ressentido por alguma coisa que eu fiz tinha colocado um outdoor me ofendendo. O que eu fiz, meudeus, o que eu fiz pra merecer isso?

Até que olhei e era uma propaganda com uma menina de óculos escuros gigantes.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Meninos que dizem "eu não queria te machucar" são tão bonitinhos.

Né?

Acho bonitinhos.

Mas o que eles sabem? Né?

Eu tenho que me segurar pra não parecer maluca e dizer que nem que você tente você consegue me machucar mais. Eu quero explicar que, olha, nem que você se esforce, querido, você consegue me machucar mais já do que me machucaram, mais do que eu já me machuquei. Nem que você queira.

Mas no final eu acabo mesmo sorrindo e deixando pra lá. Deixa você pensar que pode me machucar. Deixa eu achar você bonitinho (e inofensivo).

;)



So what do you know?
Oh, you know nothing!
But I'll still take you home

a vida é um pouco mais clichê quando eles se acham profundos ou acham que vivem num filme.

hoje acordei dramática.

Sabe nos desenhos animados quando alguém tá correndo a toda velocidade, daí outra pessoa estende o braço e a pessoa que tava correndo a toda velocidade bate no braço e cai?

Então.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

-Oi, vim renovar minha matrícula.
-Você sumiu, hein, Renata?
-Pois é. Mas agora vim renovar.
-Por que você sumiu?
-Ah, trabalho. Todo semestre meu horário muda, levo tempo pra me acostumar.
-Plano trimestral?
-É.
-Tudo certo. Já vai malhar agora?
-Não, hoje não.
-POR QUE NÃO, RENATA?
-Tô no meu intervalo, tenho que voltar pro trabalho.
-E quando você volta a malhar, hein, Renata?
-Na sexta.
-SÓ NA SEXTA? Que preguiça é essa, Renata?
-...
-Na sexta então, hein, Renata? Não vai ficar com preguiça. Espero você aqui!

Quero perdir perdão público à minha academia, por toda a decepção que eu causo.