quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Ontem conheci um amigo do frances. Nao sei se todo mundo mente quando diz que franceses nao gostam de falar ingles, porque todos os que eu conheci ate agora falavam ingles muito bem e nao se importam em falar ingles comigo. O amigo de ontem me surpreendeu. Tinha uma pronuncia linda e nao cometeu erro nenhum.


A lingua que a gente fala aqui tem sido um caso a parte. No começo era so ingles. Agora ele começou a querer aprender portugues. Entao às vezes estou distraida e ouço "Renata, queres beber algo?" ou "Vamos para casa?" ou "Que linda! Que fofa!" ou "Tintia, saudadeee!" Quer dizer, ele basicamente repete coisas que me ouviu falando um dia na vida. Com exceçao do uso do "tu", que é alguma coisa que ele aprendeu num manual de portugues, acho. Eu jà disse que ninguém fala assim no Brasil, mas alguém escuta?

Enfim, agora a maior parte das frases ainda é em ingles, mas agora temos tambem portugues e um pouco de frances.
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Eu ainda nao passei nenhuma foto pro computador, por isso ainda nao coloquei nenhuma aqui. As primeiras fotos estao na camera do F., que nao tenho ideia de onde esteja. Talvez no apartamento dos pais dele, talvez em algum lugar deste apartamento mesmo.

Mas a foto que interessa, a do macaron do Pierre Hermes, esta na minha camera. Weee!

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Minha mae quer saber como vai ser meu aniversario, se nos vamos pular carnaval aqui. Entao eu queria aproveitar pra dizer que nao e porque estou aqui que o Brasil nao deve celebrar meu aniversario. Dia 5 de fevereiro continua sendo o dia mais importante do ano e todos continuam obrigados a fazer um bolo de chocolate pra mim.

Recebo noticias pelo meu irmao, que voltou a falar comigo, ele sabe bem garantir um presente, que ha pessoas entrando e saindo do meu quarto, usando minha televisao e meus controles remotos, repousando na minha cama. Nao. Nao. Nao. Meu quarto deve ser mantido como um santuario, a unica pessoa que tem permissao de entrar la e a Hannah. Todos os outros podem passar, abrir a porta, sentir meu perfume e so. Meus pais podem usar meu computador para me mandar mensagens de amor e saudade e e isso.

Ficamos combinados?
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Mas, sim, ha chances de pular carnaval. Ontem vimos o cartaz de um baile de carnaval brasileiro por aqui, entao pode ser. Eu tenho uma palavra pra isso: lame. Mas se tiver caipirinha tudo muda de figura, e claro.

Alias, os franceses me consagraram a rainha da caipirinha depois que eu preparei algumas pra eles nos Alpes. Com vodka e lima, em vez de cachaca e limao, mas eu faco o que posso...

A minha sorte e que os franceses nao tem uma memoria afetiva com a caipirinha ainda. Foram ao Brasil, tomaram varias, mas nao lembram direito como e. Ja eu ja desenvolvi uma memoria afetiva dos pains au chocolat, e claro, que esperta e o que eu sou.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Estreei minha camera nova tirando fotos da torre Eiffel, weee!


Hoje o programa era Jewish Quarter, uma visita ao Museu Picasso, mas terça é o dia de descanso dos museus, estao todos fechados. Entao vamos so comer falafel, sei la, e tirar fotos. Ou andar por ai de bicicleta, com uma baguete na cestinha...

sábado, 26 de janeiro de 2008

Ontem tambem andei sozinha pela cidade. Hoje tenho companhia: os sogros da irma mais velha do F. estao recebendo uma menina de outro pais, que eles trouxeram pra ca pra ser operada, e vao passear com ela por Paris. Eu vou junto. Eles viajam tipo Medicos sem Fronteiras e trazem os casos mais graves pra ca. Nao, ninguem que F. conhece leva uma vida comum. Todos se formam em Direito em Cambridge com 20 anos, escrevem artigos de capa pra Scientific American, sao genios da matematica, descem montanhas russas (aonde so se chega de helicoptero) de snowboard, cantam opera. Ninguem e comum.


Eu preciso contar que estavamos conversando sobre a casa nos alpes, ele disse que a familia ia pra la nos veroes tambem e eu disse que as montanhas deviam ser lindas no verao tambem. O que eu ouvi? "Sim, sao lindas. E nos aproveitamos pra fazer escalada em rocha." Bom, entao ta.

Enfim, perguntei como era o nome da menina e a resposta foi a mesma: um nome sem silaba tonica. Eu nao me incomodo de ser chamada de Renàtà, mas acho que a menina pode ficar um pouco incomodada de ser chamada de Bàbà. Ainda mais porque vindo de um pais africano, tenho certeza que o nome dela TEM uma silaba tonica. Mas ele vem com aquela historia de "no accent. there's no accent in french!" e acha que eu vou engolir.

Pra ser mais justa, ja tem alguns dias que ele tem falado meu nome certo. ReNAta. Todos os outros franceses continuam me chamando de Renàtà, ou falam meu nome com uma pronuncia inglesa: Rinàta. Mas F. ja consegue falar Renàta. Ate o R de Renata ele diz como deve ser dito. O R que ele descreveu como um H em Ingles, "but with an attitude."

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

E como sao simpaticos esses franceses!

Hoje estava andando e um senhor me parou pra perguntar onde eu tinha comprado meu chapeu. Eu disse que tinha sido na Franca, mas em Val Cenis, nos Alpes, e ele disse "it's a very nice hat. beautiful colors!"

Ai comecou a dizer "men women. men women. bot. bot. bot" e eu, confusa, fiquei "Yes, I bought it!", ate entender que ele estava dizendo "both for men and for women", tanto homens quanto mulheres podem usar. E eu disse "yeah, yeah, yeah, sure", porque tenho essa mania de falar "yeah".

Entao ele disse "beautiful hat. and you're beautiful too", por isso acho que, sim, adoro Paris. Adoro qualquer lugar onde andar nas ruas possa me render um elogio.

Oi, sobrou alguem no Brasil? Ha brasileiros aqui por todos os cantos. La nos Alpes era legal falar que sou do Brasil, porque eles acham tao exotico e perguntam sobre as praias, samba e carnaval. Sempre tem uma piada sobre o Brasil ter perdido a copa pra eles. Rende assunto. Mas aqui acho que nem tem graca, porque aonde vou tem um brasileiro.

Eu tava me achando uma enxerida por ouvir pessoas falando em portugues e puxar assunto com elas. Mas hoje estava andando pelo Latin Quartier, perto de Notre Dame e passei por um restaurante grego. Comi minha tarte numa casa de cha e quando passei de volta pelo restaurante, o cara que fica chamando as pessoas pra dentro falou "hi" e eu respondi "hello", ele disse" where are you from?" e eu disse "Brasil!", ai ele falou "ahhhhh, brasileira tambem!!!" e ele e de Fortaleza e mora aqui ha 10 anos e me falou que estava indo pro Brasil pro carnaval. Eu disse "que pena, vou perder o carnaval deste ano" e ele me disse que isso e maluquice, que nao se perde o carnaval por nada.

Eu sai sozinha hoje, comprei um guia e fui andar. Peguei o metro e agora posso dizer que e tudo intriga quando dizem que os franceses nao cheiram bem. O metro estava cheio e o ar estava agradavel. Bom, pode ser porque e inverno, quem sabe...


Tirei mais fotos hoje, mas como estava sozinha, so tem fotos da minha cabeca gorda e algum monumento ao fundo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Paris, Paris, Paris.

Cheguei ontem `a noite. Hoje dei uma volta pela cidade. E linda. Eu sou muito turista, tiro fotos de turista e F. morre de vergonha.

Toda hora eu grito "meudeus, a torre! olha a torre!", mas ainda nao fui la.

Passei metade do dia falando "chanel! give me some chanel! chanel! Entao entramos em uma. Acho que um dia vamos entrar la, fingindo que nao nos conhecemos, eu me jogo no chao e F. aparece falando "sabe de uma coisa? acho que esta garota que eu nunca vi na vida merece uma compensacao por este tombo. deem uma bolsa, um vestido e um casaco pra ela." Acho que vai dar certo.

Hoje, andando em volta da Sacre Coeur, encontramos a Maria Flor. Eu corri e pedi pra tirar uma foto, claro. Porque dar pulinhos perto de uma celebridade e o que se espera de mim...
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fotos em breve. agora temos internet em casa!

sábado, 19 de janeiro de 2008

Ai, que saudade. Minha mãe acabou de ligar e no fim da ligaçao ouvi minha gordinha latindo. Saudade de todos, mas muita saudade dela e do meu irmão ingrato, que nem respondeu ao meu recado no Orkut nem me mandou um e-mail. Assim nem um ipod shuffle eu vou levar pra você, tà?

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È incrìvel como no começo de um relacionamento tudo é divertido. Lavar a louça do jantar, ir ao supermercado, passar aspirador na casa, nenhuma tarefa chata é capaz de estragar o dia. E as primeiras brigas? Nenhum rancor, resolvidas em minutos, esquecidas logo depois.

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Vou dizer uma coisa ou duas sobre esquiar: Pra começar, tudo cansa. Vestir as roupas de esqui cansa, calçar as botas cansa, fechar as botas cansa e exige força. E o pior: é preciso carregar o seu equipamento. A grande cabeça pensante que teve a idéia de inventar os esquis e descer montanhas sobre eles não pensou em incluir um caddy pra carregar os esquis e os sticks. Não, é preciso carregar tudo você mesma e, vou te dizer, esquis pesam. Quando chegamos na pista, jà estou cansada e sinto que jà fiz meu exercicio diàrio.



Uma outra coisa são os liftings, que te levam até o topo da pista. Eles podem ser em forma de càpsula, meus preferidos: basta entrar segurando os esquis e os sticks, sentar and enjoy the ride, isso se você não tiver medo de altura e não começar a se apavorar assim que vê a pista, como eu.

Hà também o lifting que é apenas um cano que você coloca entre as pernas e pelo qual você se deixa levar. Estes são so para as pistas curtas. Às vezes pra chegar a uma pista é preciso pegar dois ou trê liftings.



O terceiro tipo aqui são as cadeirinhas. Odeio mais do que tudo! Estou aqui hà duas semanas e meia, tenho ido esquiar quase todos os dias e ainda não me acostumei ao lifting de cadeirinha. Neste tipo, você tem que sentar com ele em movimento, jà de esquis, segurando seus sticks, aì você mesma tem que abaixar a barra de proteção e se proteger do frio como puder. Minha pista preferida, que se chama, veja bem, L'Escargot, então você pode imaginar a que velocidade se chega nela, começa no topo da montanha e o lifting pra là é de cadeirinha. Eu quase congelo com o vento no alto da montanha. Enfim, pra sair desse tipo de lifting, você precisa tocar os esquis no chão, fazer força pra levantar e jà se preparar pra descer uns 2 ou 3 metros de esquis. È claro que eu caio. No começo, F. corria pra me levantar, mas agora acho que a pessoa jà pensa que eu estou brincando, não sei, porque sò diz "watch your head, babe" e me puxa pelo braço. È preciso tomar cuidado com a cabeça porque as cadeirinhas não param para que você desça. Não, não, não. Você precisa descer delas em movimento. E ràpido, se não quiser que cadeiras de ferro batam na sua cabeça. Tà bom? Esta semana eu consegui, pela primeira vez levantar da cadeira jà em pé nos esquis. Todas as outras vezes eu tive que me arrastar pela neve. E teve aquela vez em que eu achei que era F. me levantando, quando na verdade F. sò puxava o meu braço, até que um soldado sentiu pena de mim e me levantou com seus braços fortes de soldado. Esqueçam tudo que eu jà disse sobre os militares, eles servem mesmo ao paìs.



Uma coisa que me impressiona também é como sempre é possìvel arrumar um jeito mais arriscado de descer uma montanha. È possìvel, por exemplo, pular de um avião jà com esquis nos pés e um parapente nas costas e cair do avião jà esquiando a toda a velocidade.



Fato inacreditàvel: os sticks, aquelas barras que você segura, não são capazes de frear e salvar a sua vida. Eles servem apenas para, acreditem ou não, aumentar a sua velocidade. Por que qlguém gostaria de aumentar sua velocidade ao descer uma montanha escapa ao meu entendimento. Formulem suas pròprias teorias.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Oi! O teclado é estranho, então não estranhem a falta de acentos (ou o excesso deles).

Estou na França, nos Alpes, perto da Itàlia. Tem neve por todos os lados, mas isso não é problema até que eu tenha que descer uma montanha coberta de neve com skis sob meus pés.

Aì a coisa fica um pouco mais complicada e eu começo a chorar e gritar "No protection! No protection!" e tal. È meio bizarro. Desço a pista grudada em F., coitado. Ele mal tem esquiado, porque fica tentando me ensinar. Não adianta me dizer que ninguém cai do teleférico, que ninguém cai no rio, que eu não vou rolar montanha abaixo, nem que meu seguro cobre isso tudo, caso eu seja a pessoa mais azarada do mundo.

Jà me perdi em Paris. Jà comi queijo e pão até quase explodir e é melhor que eu nem comece a falar dos pães de chocolate, porque eu acho que engordo sò de pensar neles.

Sò hoje consegui chegar perto de um computador e nao sei quando vou conseguir vir aqui de novo. Não sei quando eu volto, não sei pra onde vou agora. Talvez Itàlia, que é logo ali. Talvez, sei là, qualquer direção vale, desde que eu não tenha que fazer o percurso sobre esquis...

Saudade do blog e de todo mundo.

BISOUS!


Se alguém que le o blog estiver por aqui, me manda um e-mail! Não sei quando eu respondo, mas eu respondo e a gente combina um chocolate quente...