sexta-feira, 1 de junho de 2007

and I will consider you gone

Eu não sei quanto tempo do meu dia é gasto nisso. Eu gostaria muito de ter uma porcentagem, porque eu adoro mesmo porcentagens, mas ainda não parei pra contar quanto tempo eu gasto apagando a aliança das minhas fotos. Acho que menos tempo do que tentando perdoar e esquecer.

Eu sei agora que não tinha como dar certo, porque eu acho que é uma pessoa que não sabe amar mesmo, e não tem noção nenhuma de responsabilidade. Mas saber que não tinha como dar certo não faz eu me sentir melhor por ter dedicado 1/4 da minha vida a alguém que não me deu essa dedicação toda de volta.

No começo, eu pensava muito em como ele não podia ter feito isso comigo, mas agora eu acho que foi mesmo porque não sabia como fazer diferente. Porque a gente não erra de propósito. Erra porque não sabe fazer. E quem não sabe amar vai amar errado e fazer o outro sofrer. Quem não sabe assumir responsabilidade vai tentar se livrar da culpa. Que sou eu. De um dia pro outro eu virei cinqüenta quilos de consciência pesada. Eu acho também que existe uma diferença entre sentir muito e sentir culpa. Quem sente muito sou eu. Eu sinto muito, não tem como alguém dividir esse posto comigo. Eu passo meus dias colando os caquinhos, sorrindo mesmo quando eu não tenho do que sorrir, só porque eu acho que sorriso atrai sorriso, e pensando em por onde eu vou recomeçar. Isso é sentir muito. Eu sinto muito por ter começado isso e por ter levado tanto tempo pra enxergar de verdade e não ver só o que eu queria ver. E por ter amado alguém que eu inventei.

Então eu passo uma parte grande do meu dia vendo tevê. Outra parte lendo blogs. Outra parte querendo coisas que eu não posso comprar. Outra parte lendo um pouco. Outra parte sublinhando livros. E outra parte apagando coisas, tentando perdoar e esquecer. E sentindo muito.

We'd hit the bottom,

I thought it was my fault
And in a way I guess it was
I'm just now finding out
What it was all about

11 comentários:

  1. Eu começo a descobrir que não tem como dar certo. Bem como você está descobrindo agora. É dificílimo ter que enxergar e aceitar que acabou. Não tenho coragem de deixa-lo mesmo sabendo que não temos futuro juntos. Tudo que eu quero é alguém que goste de coisas parecidas, que aceite envelhecer do meu lado. Acho que peço demais...

    ResponderExcluir
  2. o pior eu acho é que relacionamento, pincipalmente começado na adolescência, deixa vestígios em todos os cantos. tudo parece que tem o nome da pessoa. demora até você ter a sua primeira roupa que a pessoa nunca viu ou nunca fez nenhum comentário sobre. demora até você descobrir um lugar que a pessoa nem conhece e nunca foi e começar a construir memórias dali. a casa, então, nem se fala. quando eu morava nos meus pais, em cima da minha cama (era beliche e eu dormia embaixo) tinha gravado na madeira (com a letra dele) um C coração D. e pra dormir olhando praquilo?
    eu acho que faz parte do processo aceitar que as coisas têm intensidade diferente pras diferentes pessoas envolvidas. eu fiz de tudo, joguei coisas foras, guardei, substituí, mas toda vez que eu olho pra minha aliança dói. e acho que eu aceitei que provavelmente vai doer pra sempre, ou por um bom tempo. e que provavelmente pra ele vai ser só um sentimento de "pena que não deu certo."

    ResponderExcluir
  3. A gente sempre quebra a cara idealizando os homens.
    Mas, Renata, você é linda.
    E merece o melhor.

    ResponderExcluir
  4. Eu tenho duas filhas dele. Preciso explicar mais?
    Vai passar, Renata. Agora se lembre que apagar a aliança das fotos não vai mudar nada. Você está, na verdade, tentando mudar a pessoa que você é hoje, e isso não vai acontecer. Deixe sua aliança nas fotos. Ela fazia parte daquele momento. E isso você não vai poder mudar.
    Bjs

    ResponderExcluir
  5. é meio off-topic, mas já que alianças entraram no assunto, uma das cenas mais tristes de grey's anatomy pra mim foi quando vi addison no ferry boat jogando as alianças na água.

    eu sei que cada um funciona de um jeito, mas o que me ajudou com a legião de relacionamentos fracassados que coleciono foi ver que isso não acontece só comigo. gosto de sentimentos de identificação e se consigo identificar no outro algo pelo qual eu tenha passado, a vida parece mais leve.

    mas acho que só parece. :)

    ResponderExcluir
  6. ai, linda...meu deus, me vêm até lagriminhas aos olhos. pq a identificação é tão grande, né? pelo menos eu não tenho aliança pra apagar, mas nossa, são tantas lembranças que eu tenho que guardar num lugar escondido e não olhar pra elas nunca. As lembranças boas, essas. Tenho q pensar só nas ruins.
    Olha: espero que, neste momento, você esteja sentindo todo o carinho imenso que eu estou te mandando. Pq, pra mim, é o carinho de todo mundo q me mateve em pé.
    Continue sorrindo, funciona mesmo :D

    ResponderExcluir
  7. Karina, acho que é quando mais dói, justamente quando a gente enxerga que não tem como dar certo. Porque morre toda a esperança e a gente passa a ter que se forçar a deixar de amar e a aceitar o fim mesmo.
    Eu tb só queria alguém parecido comigo... mas sem cabelo comprido. ;)

    Cíntia, não vai doer pra sempre. A gente não vai deixar. O que eu acho que dói é a gente não matar o amor, porque a esperança fica sempre ali. E essa esperança não deixa a vida ir pra frente.

    Renata, por que a gente faz isso? Não entendo... a gente inventa as pessoas e se apaixona pelo que a gente criou, não pelo que existe de verdade, né? ;*

    Suzana, ai, eu acho que no fundo sei disso. Mas odeio olhar pras fotos e ver a aliança lá. Eu nem me lembro direito por que eu comecei a usar ela... :/

    Renata, eu quase morri de chorar com ela jogando as alianças no mar...

    Thais, a identificação é enorme, né? Nem me fala... Eu tb tento me lembrar só das coisas ruins, mas às vezes preciso me forçar.
    Olha, se teve uma coisa boa nisso tudo foi conhecer pessoas legais e me aproximar mais de quem eu já conhecia. Obrigada, :*

    ResponderExcluir
  8. Renata, sabe qual é o grande barato? Que se vc resolver essa história direito, por mais doloroso e difícil e terrível e por mais apegada que vc se sinta a esse luto pelo qual vc está passando, o grande barato é que vc vai se sair muito melhor na próxima. Tô te dizendo de carteirinha. Não apague suas alianças, não queira apagar suas escolhas tb não. Bom, não consigo pensar em nada que não seja clichê, tipo, "é errando que se aprende a acertar", ou "a gente é a soma das histórias que viveu". Sabe? Cafoninha? Mas é sabedoria popular, né, bichinha? E é verdade. Hoje eu acho, sinceramente, que sofrimento desse tipo só não faz bem pra gente burra que não sabe aprender. Ou que não quer. Passe por seu luto e vc vai ver. " Uma porta se fecha, uma janela se abre". Iul. Tô com nojo de mim mesma.

    ResponderExcluir
  9. desilusão dói de matar.
    mas renascemos, viu!
    e mais fortes!

    e conhecendo você pelo pouco que esse espaço permite, sei que vem por aí uma super renata. ;)

    vem sim, confia.
    acho linda a maneira como você encara essa dor de frente.

    abraço amigo pra tú, moça.
    bem apertado.

    ResponderExcluir
  10. Oooon, Renata. As coisas se apegam não com truque de photoshop, mas fazendo o que você está fazendo sem saber. Esquecendo, fazendo outras, sorrindo (sem querer). Cada vez que eu leio você falando sobre isso eu fico incrível. Tão madura!

    ResponderExcluir
  11. Ana, adorei todos os conselhos. Eu acho que todo mundo precisa de decepção na vida mesmo pra aprender...

    Luiza, é o que eu espero. Aprender e sair dessa muito mais forte. Obrigada. ;)

    Ione, é muito equilíbrio emocional, né? não vou nem contar as maluquices todas que eu já pensei durante esse tempo... ;)

    ResponderExcluir