domingo, 27 de novembro de 2011

Eu trabalho num lugar onde as aulas são constantemente observadas. Alguém assiste à aula da professora e depois envia um feedback, dizendo o que foi legal e o que não foi.


No último feedback que eu recebi, um dos comentários feitos foi que eu sou muito autoconfiante.

(Foi um elogio, não uma crítica)

Daí fiquei pensando. Autoconfiante. Autoconfiante. Autoconfiante.

Bom, em algum lugar da minha vida eu tenho que ser, né? Mesmo que seja só na sala de aula.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

É ruim terminar. Acho que pra todo mundo. Pra mim tem uma coisa particularmente difícil em terminar.


Eu não me sinto confortável. Assim, no mundo. Eu não me sinto confortável. Eu nunca me senti confortável. Eu não me sentia confortável quando era criança. Quando era adolescente, me senti menos confortável ainda e quando virei adulta, além de não me sentir confortável, eu fui tentar entender por que eu não me sinto confortável, o que só fez com que eu me sentisse menos confortável ainda.

Eu não sei onde colocar as mãos e os pés e eu nunca acho que estou olhando na direção certa. Todos os meus gestos foram treinados e você pode me ver e achar que tá tudo normal, mas eu tô planejando a posição das minhas sobrancelhas na sua próxima frase ou estou mordendo as minhas bochechas só porque sim.

Algumas vezes na vida eu conheci pessoas com quem eu me sentia confortável. É uma coisa que leva muito tempo. Leva muito tempo até que eu deixe de esconder as mãos nos bolsos e consiga segurar a mão de alguém. Mais tempo ainda pra que eu não tente me livrar de um abraço. Mais tempo ainda para que eu voluntariamente apoie minha cabeça no ombro de alguém. Algumas pessoas dizem "eu te amo"; eu permito que as pessoas mexam no meu cabelo e me abracem.

E depois de tanto tempo, quando eu finalmente consigo ficar parada vendo tevê com um braço em volta de mim. Quando eu finalmente me sinto confortável com aquele calor que não é meu. Além de me despedir do sentimento, eu tenho que me despedir do corpo. Das mãos, dos ombros, dos pés que depois de tanto tempo eu permiti que tocassem os meus embaixo do lençol sem que eu tivesse um ataque de ansiedade. Não tem mais. E é só o meu corpo de novo, sem saber o que fazer com meus dedos dos pés dentro do tênis, tentando esconder que estou procurando uma posição confortável pra minha própria língua dentro da minha própria boca.

Não é só dar adeus a alguém. É dar adeus ao meu conforto.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

gosto que me enrosco

Menino que diz, enquanto nós dois andamos de mãos dadas, cheio de deboche:


-Até que você anda rápido pra uma menina.

E olha pra mim esperando o mimimi.

Não faz assim.


não pode ser normal o tanto que eu gosto de deboche. não pode ser normal.

(mas quando você conhece meus pais, tudo faz sentido. eu garanto)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

E tem outra coisa sobre essa história de mudar o nome dele no celular.


Eu troco o nome dele por "Eu sou confuso!!!" e quando o telefone toca, vejo o nome e digo "Ah, eu também sou. O que é que tem?"

E atendo.

A-ten-do.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Hoje eram sete, veja bem, sete ratinhos de brinquedo aos meus pés.


Daí eu tive que dizer "ih, gente, sabe que eu até perdi o medo? eles são de brinquedo. não tenho mais medo."

Daí eles começaram perguntar:
-Tia, você tem medo de barata? E de rato de verdade?

Ai.

domingo, 6 de novembro de 2011

Eu nunca dividi nada com meu irmão além dos meus pais. Nunca dividi quarto, comida, brinquedos, computador, nada. Fomos mimados como filhos únicos. Eu sou muito chata com essa coisa de espaço. Nem vou começar a falar porque senão nunca mais paro se começar a falar dessa coisa de "dá licença, você tá muito perto de mim, tá respirando o meu ar!"


Daí esse fim de semana eu dividi um espaço com meu irmão pela primeira vez. Porque EU FUI VER OS STROKES TOCAREM em São Paulo e ele foi também e nós ficamos no mesmo quarto de hotel.

Hoje de manhã, morrendo de frio, perguntei se dava pra diminuir o ar condicionado. Ele disse que sim e colocou em 25 graus.
-Nossa, quantos graus tava antes, Rafael?
-Vinte.

Vinte graus.

Eu sou do Rio de Janeiro, quando faz 20 graus eu já olho pra cima esperando a neve cair.

Mas homem não sente calor, né?

Daí pensei que, olha, além de tudo, além de todos os problemas que eu tenho, se um dia eu quiser me casar ou qualquer coisa assim, ainda tenho que me preocupar com a incompatibilidade de temperatura que separa homens e mulheres.

Não é fácil.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A pior coisa do mundo é esperar alguém mudar.


Você diz que não tá esperando, que você sabe como as coisas são. Mas você tá esperando. Você tá. E a pessoa não está mudando, é claro que não. Porque as pessoas não mudam. Principalmente pessoas que disseram que não vão mudar. As pessoas não mudam. Você diz que sabe disso e que não tá esperando. Mas você tá mentindo. É isso que a gente faz enquanto espera alguém mudar.

Daí você pensa que se ficar encolhidinha no seu canto, bem quietinha, ele vai achar essa atitude tão legal e não-controladora, que vai mudar, só pra te fazer uma surpresa. Mas não.

Daí você pensa que tem que dar um sinal, que aí ele vai perceber que o certo é mudar, só pra te fazer feliz. Mas não.

Daí você combina as duas atitudes, uma hora ele vai mudar. Mas não. E além de tudo você parece maluca. Porque, né?

Você parece maluca porque está esperando alguém mudar ao mesmo tempo em que diz que não está esperando ninguém mudar. Porque as pessoas não mudam.

Tanto tempo de vida e você ainda cai nessa.

Bobona.