quinta-feira, 29 de novembro de 2012


Na aula dos minialunos de 8 anos: socorro uma que caiu da cadeira, enquanto lido com uma contando que falou "piranha" três vezes na frente do espelho, mas a loira do banheiro não apareceu.

Ao mesmo tempo, recolho a coleção de revistinhas do Club Penguin que começou a circular pela sala, digo que vai ficar tudo bem pra minialuna que de repente descobriu que só consegue virar a cabeça pro lado direito e desminto o boato de que a Hello Kitty não tem boca porque fez um pacto com o diabo.

Apenas uma hora depois, estou cansada pelo resto do dia.

domingo, 25 de novembro de 2012

Eu tinha um namorado de quem eu precisava me separar. Eu amava muito esse namorado, mas precisava me separar dele. A gente já tinha se separado, mas precisava se separar. Aquela coisa.

Daí, ele me dava uns livros. Naquela fase em que a gente já tinha se separado, mas precisava se separar. Eu também mandava livros pra ele. Livros que diziam muita coisa. L'Amour aux temps du cholera.

Ele me dava livros, os livros preferidos dele, livros que ele achava que tinham a ver comigo. E eu não li nenhum. Eu não li nenhum dos livros que ele me deu naquela fase em que a gente já tinha se separado, mas precisava se separar. Comecei todos eles e nunca consegui terminar. Eles seguem na minha estante, o marcador de páginas da livraria Cultura me mostrando onde eu parei.

Nenhum deles eu li e muitos deles eu nem entendi por que tinha recebido. Alguns eu só entendi quando ele me explicou e me mandou abrir na página 289 pra ver o que ele tinha escrito pra mim em caneta vermelha. O coração desenhado. Eu nunca cheguei até a página 289 de nenhum dos livros que ele me deu naquela fase em que a gente já tinha se separado mas precisava se separar.

...
Alguns anos depois, eu precisava me separar de alguém que não era meu namorado. Eu achava que ele não era meu namorado porque não queria e levei muito tempo pra aceitar que eu não queria um namorado.

Bom, aí tinha essa pessoa que não era meu namorado porque não queria ser mas de quem eu precisava me separar porque eu achava que queria ter um namorado.

Eu tinha que me despedir dele. Então eu me despedi e dei um livro cujo primeiro capítulo se chamava O amor é sexualmente transmissível. Foi a primeira vez que eu disse que amava aquele cara que na época não era meu namorado porque não queria.

A segunda vez que eu disse que amava esse cara que continua não sendo meu namorado também veio por escrito, mais de um ano depois, num cartão, com uma letra tão tremida que me envergonho só de lembrar. Tantos exercícios de caligrafia eu fiz.
...
Tudo isso pra dizer que hoje eu acordei e, como todos os domingos, fui logo ver os segredos do PostSecret.com. Quase todo domingo tem um segredo pra mim. O meu segredo de hoje foi esse:

"Eu leio livros que você me deu, livros que você me recomendou, e livros dos quais eu sei que você gosta, porque isso me faz sentir mais próxima de você."

 O meu segredo é que pra mim o sentimento é sempre palavra. Minha ou dos outros. Mas sentimento escrito pra mim é mais fácil de entender. E até de sentir.

e poucas coisas criam uma ligação tão forte entre mim e outra pessoa quanto gostar de um livro que eu recebi porque alguém tinha adorado e queria que eu lesse. é um encontro.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Nada como dar um passo atrás, respirar e olhar ao redor.

Tudo fica mais fresco.

As mesmas coisas de antes, as mesmas pessoas de antes, os mesmos problemas, as mesmas alegrias. Tudo mais leve, tudo mais fresco.

Tudo fica melhor com um pouco de tempo e de distância.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

chope pré-feriado

Tropecei, bati meu joelho esquerdo num degrau enquanto subia a escada.

Fui beber água, a bandejinha do purificador de água estava solta, minha caneca de ovelhinha caiu e se quebrou em mil caquinhos.

Peguei jornal, uma vassoura, catei os caquinhos, embrulhei no jornal e joguei no lixo.

Chorei sentada no chão da cozinha (não sei bem por quê). Um pouquinho.

Horas depois, lembrei que, à 1 da manhã, em algum momento entre catar os cacos e chorar sentada no chão da cozinha (não sei bem por quê), vim ao quarto, peguei papel, caneta e durex e pendurei uma plaquinha no purificador de água onde se lia INTERDITADO!

No dia seguinte, a primeira coisa que eu fiz (bem antes de lembrar que tinha interditado o purificador de água), foi comprar uma caneca de pinguins.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Abri um iogurte. Estava mofado.
Abri outro iogurte. Estava mofado também.

No fim da noite, foi por ciúme que meu estômago revirou.

Tentativa de flerte num supermercado às nove da noite de um dia de semana. E minha única vontade era ir lá e falar: "Meu querido, você não tá vendo a minha cara? Você se importaria de me dizer o que fez o dia todo? Você deve ser um desocupado pra estar com essa disposição toda e esse rostinho fresco a esta hora do dia. Meu querido, que horas você acordou hoje?"

Mas de verdade mesmo eu só joguei o cabelo no rosto e fingi que não era comigo porque não tenho como lidar com flerte às nove da noite, tendo acordado às seis e tendo como última refeição duas empadinhas de palmito no lanche.