segunda-feira, 29 de novembro de 2010

-Por que você tá de pijama e batom? E vermelho?
-Tô num dia daqueles. Preciso de algo que me deixe feliz, mãe.

Uma das coisas mais duras que eu já ouvi foi "você tem essa tendência a depressão, a vida vai ser mais difícil pra você do que pra maioria das pessoas. tem que aprender a viver com isso." Eu ouvi isso na terapia. Não era uma novidade pra mim, mas foi um soco no coração mesmo assim.

Porque eu não quero que seja difícil. Eu quero que seja fácil. Eu quero sorrir sinceramente e por nada. Eu não quero ficar sentada, sem saber o que fazer, sem força nem pra chorar, de tão exausta por sentir o que eu sinto. Eu não quero não ter o que responder quando alguém me pergunta por que eu estou triste.

Sabe? Ter que aprender a viver com isso não resolve o problema. Ter que aprender a viver com isso faz com que eu não esqueça que pra mim - e pra tantas pessoas - algumas coisas são mais difíceis. Faz com que eu me pergunte, quando choro "todo mundo estaria chorando agora se estivesse no meu lugar?"

Bom, o que eu quero dizer é que foi duro ouvir isso. Tá? Embora eu já soubesse e embora eu saiba que tanta gente sente a mesma coisa. Quando alguém confirma, dói como se a gente não soubesse.

E vou te dizer que tem dias em que meu cabelo tá tão revoltado, naqueles dias em que nadanadanada dá jeito nele, vou te dizer que nesses dias prefiro ouvir isso mil vezes a ter que lidar com meu cabelo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Estou sempre terminando relacionamentos. Não sei como isso aconteceu. Mas eu só termino relacionamentos. Eu não inicio relacionamentos. Só termino.

Eu me pergunto como é possível terminar uma coisa que nem começou. Não sei como é possível, só sei que é assim. É isso que eu faço. Eu termino relacionamentos que nunca começaram.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Daí que quando você se dá conta, tá no consultório da analista chorando de boca aberta porque não vai ter tempo de almoçar.

-Eu vou ter que comer uma pera! Vou ter que almoçar a pera que eu trouxe pro lanche! Uma pera! Não tenho tempo de almoçar! Aaaahhh! Vou almoçar uma pera! Uma pera!

Tô bem, tô ótima, tô leve. Tô equilibrada.

sábado, 6 de novembro de 2010

-Filha, esqueci de dizer que a CNN ligou pra você.
-A CNN?
-Sim.
-Mãe! A CNN ligou pra mim? COMO ASSIM? POR QUÊ?
-Ah, não sei por quê. Vão ligar mais tarde.

Ai, mas é óbvio, nem preciso dizer que eu já tava achando que tinham descoberto meu talento pra alguma coisa, sei lá, qualquer coisa, e queriam me entrevistar pra eu contar ao mundo como sou essa pessoa maravilhosa, que trabalha, estuda, flerta e ainda tem tempo de coordenar estampas. Será que queriam saber como meu batom continua intacto mesmo num dia terrível? Como se come de palitinhos? Como se pratica o flerte múltiplo? Como ficar parada vendo o tempo passar? Meudeus, sobre qual dos meus talentos a CNN queria falar?

-Mãe! Mas o que CNN quer comigo? Por que me ligaram?
-Não sei, não falaram.
-Que história estranha, mãe. O que a CNN pode querer comigo?
-Ah, não sei se foi a CNN. Mas foi alguma coisa com N, tenho certeza.

Ahh, tá, se tem certeza é outra história.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Como deixar o professor da academia sem graça quando ele perguntar por que faz tanto tempo que você não aparece, em uma lição:

Responda "Ah, é. Só malho quando tomo um pé na bunda."

Meninos nunca sabem o que dizer quando a gente fala que tomou um pé na bunda. E eu adoro deixar meninos sem graça.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Porque, né? Às vezes parece que eu sou legal. Mas eu não sou, não. Mesmo.

Eu sou bem insuportável. E digo mais: sou o pior tipo de insuportável, porque sou insuportável na intimidade.

Eu escondo a loucurinha muito bem. Me faço de fofa como ninguém. Mas de verdade-verdade eu choro porque pedi café-da-manhã no quarto e mandaram o chocolate quente num recipiente que não combina com chocolate quente.

E também choro numa praia linda porque está ventando. Porque.está.ventando.

-Mas você não me avisou que era pra vir arrumadinha. Ai, cara, vim do trabalho e da pós, tô com qualquer roupa. Achei que era só um chopp e pizza.
-Mas não era pra vir arrumada. É só um chopp e pizza.
-Tá. Mas você e todos os seus amigos estão de terno.
-Ai, Renata, é que a gente também veio direto do trabalho, ué.
-Ah, é! Sempre esqueço que você tem um trabalho chato.

É por isso que eu não tenho namorado.

em minha defesa: não dá pra me acostumar com a ideia de que a pessoa que eu conheci* na adolescência de bermuda e guitarra agora trabalha de terno e fala sobre juros.

*é pra ler conheci na adolescência assim: achava o máximo enquanto ele nem sabia que eu existia. né? que a gente sabe bem como é.