domingo, 24 de abril de 2011

Eu não costumava contar para as pessoas. Porque demorou muito até eu entender o que era depressão e isso tudo. Então eu não costumava contar para as pessoas porque nem eu sabia.


A minha vida toda, até a hora em que eu ouvi minha analista dizendo "você tem depressão, você tem que aprender a viver assim", eu achava que era dramática.

Mas, né? Para nenhuma adolescente, por mais dramática que seja, é normal chorar no chão da cozinha porque não tem forças pra levantar e chegar até o quarto.

Daí eu só entendi há alguns anos e nunca soube direito como agir. Eu devo falar de cara, quando conheço alguém, pra preparar a pessoa? "Oi, eu sou a Renata, sou professora de Inglês, eu legendo filmes e também sou depressiva, e você?" Espero um dia ruim chegar pra explicar que, olha, não é por nada, nem é falta de educação, eu não tô a fim de conversar porque tô mais a fim de chorar? Nunca sei como tocar no assunto. Ou mesmo se devo tocar ou não. Porque não é desculpa, eu não quero usar como desculpa. Eu só quero explicar mesmo.

Mas essa hora sempre chega. E não importa o que eu tenha decidido fazer. Se eu não falei nada. Se eu falei em forma de piadinha. Se eu falei sério. Se eu falei como quem não quer nada. A hora de contar por que eu não retornei a ligação, por que eu demorei tanto pra responder o e-mail, por que eu tô com essa cara e não dei um sorriso. Essa hora sempre chega.

20 comentários:

  1. Tem vezes que eu deixo de ir na aula por causa da depressão. As pessoas vivem perguntando o porquê de eu faltar . Se eu tomasse coragem pra falar logo que é por causa da depressão eu não teria que inventar desculpas...
    Seu post me ajudou muito, obrigada :)

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  2. Bom dia!
    Eu acompanho seu blog desde nem sei quando, mas sei que faz muito tempo... Eu lembro de um post que falava sobre ser uma mulher que usava vestidos, e nessa época eu nem usava muito, e agora já tem dois anos que eu só uso vestidos, então sei que faz tempo...
    Mas o que eu quero falar é sobre o post de hoje, eu sou bipolar e nunca sei quando falar... Eu sempre falo, pq né, as pessoas precisam saber e precisam entender... Mas eu nunca sei o melhor momento... E as reações são as mais diversas possíveis...
    E eu sei bem como é chorar no chão da cozinha simplesmente pq vc nao consegue chegar até o quarto...
    Eu adoro seu blog, vou tentar ser mais educada e passar aqui mais vezes comentar...
    Fica bem!

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  3. Chega e a gente ñ tem culpa, ñ tem que se constranger ou se envergonhar; é a qímica do nosso cérebro.
    Entendeu entendeu;dá conta dá conta; ñ entendeu ñ entendeu, ñ dá conta, ñ dá conta.

    Ou como diria a minha mãe: "'Entendesse'; 'desse -conta'."

    ; )

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  4. Não faço idéia do que é depressão, passei muito tenpo achandoq ue era frescura, mas em um determinado momento da minha ida, minha irmã ficou triste, e não queria sair de casa, falar com os amigos... ela criou um mundo, onde não entrava ninguém... passou muito tempo até a gente reconhecer que era depressão e começar a ajuda-la. Hoje, graças a Deus, ela melhorou muito! Depois disso, aprendir que não é frescura e sim um sentimento muito distante da felicidade! Um sentimento que te mata aos poucos.

    Lute... Procure as suas armas e lute, descubra as suas armas e lute.
    beijo!

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  5. Não tenho depressão, mas já tive momentos depressivos que não tinha vontade nem de tomar banho, só queria ficar na cama, chorar e chorar... Me arrastava até o trabalho e as vezes nem ia para faculdade.
    As pessoas não costumam entender, acham que é frescura... Doença de quem não tem o que fazer da vida.
    Também não acho que tem que ser dito logo de cara, por que assusta e as pessoas te taxam... Ninguém entende a tristeza que a gente carrega no peito.
    É triste mas se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
    www.somospassaros.blogspot.com

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  6. Eu sei que não adianta, mas como boa fã que sou, eu só queria te ligar, te contar piadas de palavrão e te chamar pra comer um brownie com sorvete! *.*

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  7. Mas mesmo quem não tem depressão tem seus dias ruins, momentos ruins ou um momento em que você quer ficar sozinha, não tá a fim de atender telefone, não tá a fim de responder email, não tá a fim de conversar.
    Acho que isso é super normal, é humano. Então a maioria das pessoas entende ou pelo menos entender e não levar pro lado pessoal. Respeitar o espaço do outro.

    Abraço

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  8. Ah,como eu te entendo...como eu me vejo representada pelos teus posts...queria eu conseguir me expressar assim,expor minha situação no meu blog,não comentar como anônima...Falar de primeira deve assustar,ou pelo menos desperta o sentimento de pena.Confideciei pra uma amiga e esta um dia me disse(após me recusar pela milésima a sair por não estar num "dia bom"):ah tá - palavras carregadas de profunda incompreensão e impaciência.Doeu...ao aceitar um convite,faço pra não receber a mesma resposta.Enfim,vou vivendo =/

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  9. Eu nunca sei como falar....pq já cansei de explicar e reexplicar, e ainda ter que sustentar ai a fama de antipática, mimada e chorona. De chegar um ponto de se identificar mais com pessoas que estão a KM de distancia mas se sentem do mesmo modo (cm você) do que quem mora na mesma casa e não entende sua condição. Chega um ponto em que eu a gente só quer alcançar o fim do dia.
    Obrigada por compartilhar.

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  10. "Esta hora" está sempre presente, seja pra pessoas 'novas', seja pra pessoas antigas. Estou sempre me explicando, explicando pros meus pais e meus amigos que mato faculdade a semana inteira não pq sou uma vagal, mas pq não tenho forças de levantar demanhã. Que não atendo o celular pq não tenho forças de me locomover do quarto até seja lá o local que raios estiver o telefone. Que não respondo o e-mail não pq não goste da pessoa, ou pq não me importe, ou pq sou má, mas pq.. nem eu sei direito. E parece que nunca entendem. Até passam a mão na cabeça, dizem que tudo bem, que não tem problema. Mas sempre chega a hora que aquilo vai acumular e de uma maneira ou outra vão usar pra 'jogar na sua cara', ou pra terminar um relacionamento. Afinal, todos os dias são "dias D", todas as fases são "fases de transição", e sim, tudo parece um grande drama mexicano. Fazer o que.

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  11. Eu já estive em uma situação muito parecida com a depressão, passando por autodepreciação, isolamento, choro e mais choro... eu não entendia muito bem e achava que eram as circunstâncias, as pessoas, o mundo que me faziam ficar assim.
    Um dia eu percebi que havia uma "estrada" para essa situação que eu mesma construí e que me levou para essa situação.
    A saída que eu encontrei foi deixar quem me ama ajudar, apesar de ter certeza que ninguém se importava e que não havia como mudar. Foi mais ou menos como os salva vidas fazem, que esperam a pessoa parar de se debater para então resgatá-la. Eu desisti de tentar sozinha e aceitei a ajuda de Deus, da minha família e de alguns amigos. Espero que você encontre também. BJO

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  12. Renata, te acompanho aqui e no Twitter.
    Primeira vez que leio algo próximo de triste aqui. Tenho a impressão de que usa humor pra falar do que incomoda, dói ou expõe.
    Sabe... tô sempre me explicando, com muita frequência mesmo...
    Aprendi a usar o sarcasmo pra não falar do que não quero. Não entendo termos que fazer alguém entender o que nem eu sei o que é.
    O lado bom, é que aprendi a encontrar minha mola no fundo do poço, usando os bons momentos que tive fora das crises... O lado ruim, é que parece que perco anos da minha vida em cada crise que passo.
    Desisti de fazer os outros entenderem. As pessoas que importam, entendem. Se magoam também, mas entendem.
    Com o tempo, os outros entenderem, fica pra segundo plano. Busque a sua mola... isso que importa.
    Fica bem, linda!!!

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  13. Durante anos eu me escondi. No momento em que o lado negro da força me engolia, eu me entocava. Sumia por dias. Semanas, às vezes. O celular tocava-ava-ava e eu o soterrava com camisetas, dentro da gaveta mais distante. E daí, quando eu conseguia respirar novamente, procurava as pessoas como se nada tivesse acontecido, como se meu silêncio não tivesse sido tão mudo. Elas não entendiam, claro. Além de querer, de precisar ficar quietinha, eu tinha pavor de me abrir e perceber um olhar reprovador do tipo "meu Deus, como é louca" ou "Complicada demais, depressiva demais". Na minha cabeça, esse julgamento viria seguido de um afastamento porque, né, as pessoas não costumam ser muito pacientes. Então, antes que as pessoas se afastassem, eu o fazia.

    Depois de um tempo, resolvi começar a explicar o motivo do sumiço para alguns (poucos). Eles não entendiam. Falavam "Mas se você estava mal, por que não pediu ajuda?"

    Pois, água mole em pedra dura, tanto bate até que fura: foi o que comecei a fazer, pedir ajuda. O processo é longo e difícil. Tenho medo de julgamentos, mas resolvi me permitir.

    *abracinho*

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  14. Felho, vc se sente q nem eu.
    Eu sempre penso nisso tb, e tem momentos q essa hora chega pq vc não tem pronde fugir, tipo no trabalho q tive de contar qnd surte e tive de ficar no hospital, ou conta ou conta, pega a galeres de surpresa e td mundo fica cheio de tato com vc, ou se afasta e vc sofre, mas a gente não escapa, nunca escapa.

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  15. eu não sei como falar. nunca sei. agora mesmo, eu sinto todos os sintomas, mas tento ficar melhor, tento ignorar.

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  16. eu provavelmente sempre tive depressão. mas na adolescência tudo são hormônios, e tu chora mesmo por motivos torpes. mas quando a vida decidiu me dar uma entrada vip pra depressão, ela veio, se abancou e nunca mais foi embora. no início, a gente acha que é tristeza. mas se dá conta de que não é quando passa literalmente 3 horas andando em círculos na sala, chorando de boca aberta e curvada porque a dor emocional dói no lombo (eu fiz uma lesão no quadril por causa disso).
    aí tu acha que quando tu começa a viver de novo a vida normal duma pessoa normal, a depressão foi embora. ma não. não foi.
    pessoas têm depressão. e outras SÃO deprimidas. e viver com isso é um inferno. porque as pessoas sempre acham que é FRESCURA (se tu é gaúcha, especialmente) ou tristeza ou TPM. mas te digo: depois da entrada vip, minhas TPMs não são mais aquela merda que eram. são PIORES. porque é quando eu chego perto ou até faço essas de chorar no chão da cozinha (banheiro, sala, etc)...
    "oi, não sei o que acontece, mas tem horas que tou triste apenas, e tem a depressão. triste eu choro. na depressão, eu fico um milímetro distante de cortar os pulsos. sim. é assim. depressão é não sentir pudores em querer morrer DE VERDADE. mas não é nada pessoal, tá?".

    ai, seria tão fácil...

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  17. ah, Renata, como eu te entendo...

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  18. Putz.. gostaria de não entender o que vc está dizendo, mas infelizmente é exatamente assim que eu me sinto.
    É como enxergar uma cor que ninguém enxerga. Você pode explicar de todas as maneiras, mas é impossível que alguém que não vê a mesma cor que vc entenda.
    Eu não tenho mais energias nem para contar, nem para mentir. Fico inerte e às vezes acredito que sou invisível.
    Difícil. Cada dia mais difícil.

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  19. Melissa, :***

    Shelley, oi! :)

    Gabriela, tá certa. :) mas dói quando as pessoas não entendem, né?

    Leiliane, :)

    Regiane, :*

    Raquel, brownie sempre é bom! :)

    Laurinha, você acha? eu tenho a impressão que a maioria das pessoas leva pro lado pessoal.

    Nina, :*

    G, :***

    Sandro, :P

    Jac, :)

    docelimãodoce, :D

    Dri, abracinho!

    Natasha, :*

    Verônica, eu tenho contado brincando, aproveitando dias em que não estou deprimida. depois, quando fico mal, acho que a pessoa acaba percebendo e eu confirmo.

    Penkala, um dia eu vou te dar o abraço que eu sempre quis dar. :*****

    Vívian, :)

    Mari, acho que é bem isso, de enxergar uma cor que ninguém enxerga. :)

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