Não é fácil. Tem dias em que eu chego lá pensando que não tenho nada a dizer. Mas sempre há algo a dizer. Eu quero ser melhor, é isso que eu quero. Eu podia ter escolhido mil coisas, mas eu escolhi a análise e eu vou até o fim pra ver no que dá.
Então, toda terça às 11:30 eu sento na poltrona preta, coloco a almofada no meu colo e falo sobre a minha semana, sobre o que eu estou sentindo, sobre a minha família, sobre meus amigos, sobre o meu trabalho. Não vou dizer que toda terça eu abro meu coração porque seria mentira. Não é o coração que eu abro. Primeiro porque tem dias em que eu não abro, eu fecho o coração. Segundo porque não é sentimento. É razão, é lógica, é causa e consequência. É razão. Eu vou lá pra entender o sentimento.
Daí eu sento lá e às vezes a porrada vem logo na primeira pergunta.
-E a sua mãe?
E eu não quero falar disso. Eu não quero falar da minha família. Eu não quero falar dos meus amigos. Não quero falar dos amores que eu perdi. Eu quero ficar aqui sentadinha, falando sobre as minhas músicas preferidas, sei lá. Falando sobre a cor da parede do meu quarto. Mas eu tô aqui pra isso. Eu vim aqui pra isso. Não posso fugir.
-Onde estão os seus planos? Quais são os seus sonhos? Você não tem?
E aceito que aquela sessão vai doer mais do que tudo, vai me fazer chorar quando ela perguntar "por que você está quase chorando?", vai me destruir um pouquinho, vai me deixar triste e pensativa o dia todo, vai me fazer balançar a cabeça sem querer aceitar o que ela tá dizendo.
E saio de lá bem pequena, minúscula, com o coração todo encolhido de medo do que viu. Mas não tem outro jeito.
Pra mim, não tem outro jeito. Não dá pra construir por cima. Não dá. Vai ficar um remendo feio. Todo mundo vai notar que não era pra ser assim. Eu vou saber. Dói, mas é preciso destruir para reconstruir.
E nada - nada - é tão bom quanto entender. Nada.
"toma um lencinho. toma dois lencinhos."
As mães, sempre elas...
ResponderExcluirA minha é quem mais me faz sofrer...
Continue a análise, com certeza te fará bem.
Concordo quando vc diz que não tem nada melhor do que entender.
Seus blogs estão entre os que mais gosto de ler.
Obrigada por estar sempre por aqui.
xero.
Toda terça eu sinto um friozinho na barriga, tem vezes que até penso em não ir porque acho que não tenho nada para falar, como hoje, que disse para minha psicóloga "olha, eu vim o caminho todo pensando no que eu te falaria" e ela só me perguntou "como você está" perguntinha mais capciosa... sempre me derruba um pouco, mas como vc disse: nada é tão bom quanto entender, nada! Mas já estou ficando esperta, nas terças uso rímel à prova d'água, além do lencinho, claro ;)
ResponderExcluirBjs
eu acho incrível sua capacidade de falar sobre algo, sem falar sobre algo...
ResponderExcluirPs: eu sinto falta da minha terapia...
Acho que sou uma pessoa boba.
ResponderExcluirEstou gostando bastante de ler seu Blog.
Eu juro que queria fazer terapia tbm
ResponderExcluirJURO
Eu queria te dizer algo, mas nao sei que.. entao postei aqui soh pra dizer que eu queria mesmo te dizer algo. Que eu me importo. Mas nao sei o que dizer mesmo!
ResponderExcluirJá te contei que fiz 3 sessões na vida, e na 3ª parei de contar piadas e tive um insight - desisti. Foi demais pra mim.
ResponderExcluirRenata,
ResponderExcluirToda vez que vc fala da terapia, eu me vejo em vc. Eu me entendo um poquinho mais.
Muitas vezes eu vou achando que não há nada a ser dito, e, normalmente nesses dias, quando começo a falar, vem um turbilhão de palavras, de sentimentos.
Mas por mais dolorido que seja, eu não poderia viver sem enfrentar isso.
Eu te entendo. Muito.
Beijos!
Família, nem sei se sei o q é isso, nem sei se conheço meus folks, sei q nem me conheço e to lá pra saber, ou pelo menos tentar saber quem eu sou. Tem ajudado, me libertado, to num processo, mas não confio, nem nela e nem em mim. Tenho medo do abondono, medo da exposição, td é bem medido e pensado, por isso trabalho é necessario. Fica aqui a dica de q talvez, e so talvez mesmo, eu possa entender um pouco do q vc, ou nem entender, mas compartilhar de algumas virgulas e sentimentos e pensamentos.
ResponderExcluirFica registrado q ta td mundo tentando, td terça feira, caminhando, pra onde, não sei, mas ta em movimento.
Seu relato expressa uma profundidade... convivo com tanta gente q é doido pra empurrar pra baixo do tapete...
ResponderExcluirÉ tão bom entender, andar nessa vida com os olhos de quem vê, ao invês do de quem se deixa ser conduzido.
Isso realmente não tem preço.
Essa parte do lencinho lembra muito a época em que eu trabalhava, meu chefe vivia me dizendo isso!
ResponderExcluirLegal o blog! Estou seguindo e vou indicar seu blog no meu!
Sarcasmo e ironia:
http://quiproquoo.blogspot.com/
Ainda bem que não sou só eu que me sinto assim na terapia!!!
ResponderExcluirEu sento no sofá branco toda segunda 16:30, com a almofadinha no colo! Acho que seria mais chorona, choro muito até com o começo do filme Up!
Se não me engano chorei 2x só!
Perguntar da mãe é foda, já disse que a minha se parece com a sua né?
E qdo a psicóloga percebe q vc tá fugindo do assunto e pergunta outra coisa? aiushaisuh
Tem dias q saio com o coraçãopartido e pensando "quero muito ser uma pessoa melhor", mas é só isso que tenho para hoje!
Beijos
Nossa, parece que eu fui quem escreveu isso!!
ResponderExcluirFaço análise para lidar melhor com meus problemas mas fujo deles enquanto posso, falo até da vida dos outros para enrolar a psicóloga e de repente aparece ela com as perguntas temidas: "E seu pai? Vc vai continuar fugindo do que tem que fazer em relação a isso?"
É muito difícil, mesmo depois de reconhecer que precisamos ajuda, nos deixarmos ajudar e ajudarmos a nós mesmos...
nossa,me vi nesse seu texto! ótimo!
ResponderExcluirEllen :D,
ResponderExcluirMilla, hahaha, parece que todas as perguntas são feitas para nos destruir, né?
Maeve, :**
Fernando, só os bobos são felizes. ou não. :)
Carol, é ruim, mas é bom.
Michele, obrigada. :)
Tina, hahahaha, eu adoro essa história. às vezes é demais pra mim também e eu não quero voltar. eu acho que volto porque gosto de sofrer.
Naiara, eu também. :) ainda tá muito longe o dia em que eu vou poder ficar sem terapia.
Natasha, ah, *abracinho*, tá todo mundo tentando. :)
Engraçadinha, é verdade. :)
Neo Charles, :)
Paulinha, é de pouquinho em pouquinho, né? um passinho de cada vez. eu acho que choro menos do que parece. mas tem coisas que mesmo sem fazer chorar destroem a gente.
Taís, é verdade. :)
Natasha, :)
Trocando o terça às 11:30 por segunda às 08:10, o resto todinho é tão igual, tão igual, que eu só queria te oferecer um abracinho.
ResponderExcluirE dizer que é assim. Mas que uma hora vai fazer sentido.
uau, segunda de manhã!
ResponderExcluir*abracinho*
hahahaha a minha já me entrega logo de uma vez todo o pacote de lencinhos!
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