Minha vó morreu. E antes de morrer minha vó passou 20 dias em coma no hospital, sem nenhuma esperança de melhora. Durante esses 20 dias, minha mãe parou de funcionar. Mal se alimentava, mal dormia, não ia trabalhar.
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Eu estava dizendo que meu pai foi o primeiro namorado da minha mãe, que eles estão juntos há 38 anos.
Aí o menino que é fofo mas eu fico na dúvida se ele sabe que é fofo ou não e me sinto culpada por nunca ter dito que acho que ele é fofo disse que eles deviam se amar muito.
Não sei direito quando aconteceu, eu sei por que, mas não sei quando. Sei que fiquei meio amarga. Fico pensando se isso tem volta, se um dia eu serei doce de novo, mas por enquanto estou amarga.
Então eu fiz uma cara de não sei não e disse que eles devem ter se acostumado um com o outro.
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Durante os 20 dias em que minha avó esteve em coma no hospital e minha mãe não funcionou, meu pai fazia comida pra ela, levava ao hospital duas vezes ao dia pra visitar minha vó, dava remédios e falava com todas as pessoas com quem minha mãe não conseguia falar porque não estava funcionando.
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Fiquei pensando se de repente não é isso. Se não importa mais se é amor, se estão acostumados um ao outro, se é porque um dos dois faz um pudim que ninguém sabe fazer, se é porque só ele entende suas piadas.
Pensei muito se não é isso mesmo. Se talvez no final o que conte é ter alguém que cuide de você enquanto sua mãe morre.
domingo, 13 de junho de 2010
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Sou sua fã! hehe
ResponderExcluirconheci teu blog há pouco tempo, add nos leitor de feeds e hoje li teu primeiro post e vou dizer: to iniciando o fã-clube! Acredito que nunca havia lido um texto tão aarentemente simples, sem rodeios e tão exato no que quer transmitir, seu txto ao mesmo tempo que me emocionou, me chocou, e como diria platão, me trouxe à realidade. o parágrafo de fechamento foi incrível.
Se isso aliviou o que você sente agora, acredito que não, mas pode ter certeza que ganhou uma admiradora!
acho que tu definiu bem o que é amor, estar ao lado, cuidar se preocupar e conhcer a outra pessoa.
ResponderExcluirE isso não é amor? Cuidar do outro enquanto a mãe dele morre, entender as piadas, fazer o pudim que ele gosta... "amor tranquilo, com sabor de fruta mordida".
ResponderExcluirFlor, sinto muito pela sua avó. E acho que é amor, sim, mas visto de fora nem sempre parece.
ResponderExcluirAmor não é só tesão. Amor é vc querer bem a outra pessoa, cuidar da outra... incluindo quando a mãe dela está morrendo.
ResponderExcluiramor é mais que sexo. Amor é profundo e a gente não sabe definir bem: só se sente com todo o coração :)
No fundo é justamente o que queremos.
ResponderExcluirAh... Talvez isso é que seja exatamente amor, conhecer a fundo uma pessoa, sentir necessidade de cuidar dela quando ela precisa... O amor real, não aquela paixonite aguda que é tão glorificada e que não dura tanto...
ResponderExcluirBjus
é bem isso aí. e eu ando bem descrente de que algo assim possa acontecer comigo. beijocas, querida.
ResponderExcluirSinto muito pela morte de sua avó.
ResponderExcluirTem um filme chamado "A razão do meu afeto", com a Jennifer Anniston e o Paul Rudd. Eles são amigos, ele é gay, mas de repente eles começam a se envolver. E um dia um amigo gay e bem mais velho do Paul Rudd fala pra Jennifer a frase que eu nunca me esqueci na vida: "não conduza sua vida de modo a ficar sozinho quando chegar ao meio dela". Durante esses anos todos eu passei por momentos onde achava essa frase bacana, em outros achava-a idiota. Porque cada um faz suas escolhas e tem gente que prefere a solidão. Mas eu acho que ter companhia é bom. Ter de quem cuidar, ser cuidada, tudo isso é maravilhoso. Pode ser amor, costume, pode ser muita coisa. Mas quem é que vai conseguir definir?
Não sei também dizer se é amor, ou se é sempre isso, pra sempre. Mas com certeza é isso que quero...
ResponderExcluirEssa tranquilidade de saber o alguém que se tem e de compartilhar - os pudins, os sabores, a morte e principalmente a vida!
Como gosto de te ler...
"se isso não é amor, o que mais pode ser?"
ResponderExcluirSério. Todo mundo aí já disse, então eu serei só mais uma. O que mais você imagina ser o amor? Pra mim é isso, sim. É você poder contar com alguém ao seu lado nos momentos mais difíceis mesmo depois de 38 anos, e rir junto nos momentos alegres, e, enfim, compartilhar a vida. E, não sei se você tem idéia disso, mas isso é raro. Primeiro é raro conseguir permanecer junto por 38 anos. E quando conseguem, é raro ter amor ainda. É raro cuidar assim um do outro. Pode fazer uma pesquisa aí. O amor é raro. ;o)
(talvez quem esteja acostumada seja você. sabe? você vê isso todos os dias na sua casa, então pra você é algo normal. entendeu o q eu quis dizer?)
Ei, Rê, meus sentimentos pela sua avó. Espero que sua mãe fique bem logo. Com tanto amor em volta parece que não vai ser tão difícil.
ResponderExcluirbeijos
Sentimentos pela sua vó. =/
ResponderExcluirPois é.
Sinto muito pela sua avó e espero que sua mãe melhore.
ResponderExcluirAh, e você não é amarga, você sempre foi hiper fofa ;)
Sim, no final o que conta é alguém que cuide de você quando a sua mãe morre.
ResponderExcluirAí eu passo aqui e descubro esse texto lindo. E me encanto de vez com sua escrita. Pronto.
ResponderExcluirA simplicidade do seu texto encanta.
ResponderExcluirAté perdi o rumo.
Parabéns!
Sinto muito pela sua avó, Renata. Lembro de uns posts sobre ela e até de uma foto dela.
ResponderExcluirSobre seus pais: acho que a gente só se acostuma com o que é bom, e se eles acostumaram-se um com o outro "deve ser amor, então". Bom, vc já disse tudo no seu último parágrafo.
Acho que sei como é, é meio parecido com os meus pais...
ResponderExcluirLindo o post.
ResponderExcluirI'm sorry for your grandma.
Beijo.
ai, tata. posso te dar um abraço bem forte? :*
ResponderExcluirPara mim, isso é amor. Amor é, principalmente, importar-se com o outro. Quando nada mais resta, nem o tesão, nem a beleza, nem nada, se for amor, é o que resta: esse cuidado espontâneo e desinteressado do outro.
ResponderExcluirE eu morro de medo de não ter isso quando ficar mais velha. =/
gabiibn, :D
ResponderExcluirFelina, de repente, né?
Livia, ;)
Tina, :)
Kyhetha, bonitinho...
Fê, acho que sim...
Laurinha, ;)
cris, ah, acho que deve ser tão difícil achar isso, tão difícil... que eu nem sei se a gente acha ou cria.
Chu, eu tb acho que ter companhia é bom. acho que solidão é bom tb, mas depois de um tempo é mais triste do que bom.
Day, isso, tranquilidade, né?
Alice, eu entendi... :)
Didi, ela tá melhor do que a gente esperava. :)
Dee, ;)
Mel, ah, sou meio amarga... :)
Camile, ;)
Rita, obrigada, :)
Tiagokoy, obrigada
Jussara, ah, já teve até um vídeo dela aqui...
Umrae, ;)
Carla, :)
Thata, sim, é meu tipo preferido de abraço. :D
Leels, acho que todo mundo no fundo tem esse medo, né?
Oi.
ResponderExcluirCaí no seu blog meio que por acaso e esse post me tocou.
Pq qdo minha mãe morreu, eu nao tive uma pessoa pra cuidar de mim. E meu casamento nao deu certo, e acho que foi mto por causa disso.
beijos
ai. abracinho, Paola.
ResponderExcluirNossa, eu chorei!
ResponderExcluirE como ta sendo bom te ler hoje...