quarta-feira, 14 de abril de 2010

Atenção, atenção! Vim contar que houve um grande avanço com o flerte da esteira. Nós nos encontramos na rua, sem roupas de academia e nos cumprimentamos.

Ok, ok, ele tava do outro lado da rua, então o cumprimento foi só um aceno com a cabeça, mas acho que foi um grande avanço e já comecei a escrever meu depoimento pra Marie Claire:

"Eu, leitora: encontrei meu amor entre as esteiras da academia"

domingo, 11 de abril de 2010

Eu sei que já faz mais de três meses, mas nunca é tarde pra contar. Eu passei o reveillon com alguns amigos. Uma das minhas amigas ia passar a virada em outro lugar, mas no meio da tarde chegou na nossa festa.

Todo mundo ficou muito feliz, vamos passar o reveillon juntos, ai, que legal. Até que ela diz:

-Eu tinha outra festa pra ir, mas o que eu ia fazer numa festa onde só tinha modelo e gente rica?

Nada melhor do que começar o ano ouvindo isso.

¬¬

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Lembra quando eu tinha acabado de sair de uma relação super longa* e não sabia flertar?
Eu falei sobre isso aqui, aqui e aqui.

Acontece que o tempo passou e agora, não apenas sei flertar, como fiquei viciada e flerto o tempo todo. Até domino a técnica do flerte múltiplo, mas isso fica pra outro dia.

Bom, daí que eu flerto em qualquer lugar e isso inclui a academia, claro. O flerte principal é o que eu encontro na sala das esteiras e bicicletas. Ele é o principal, mas é um flerte super rápido porque acontece só na hora que eu entro na sala. Entro e já vou logo pra uma das esteiras do fundo, porque eu sou muito desengonçada e corro de um jeito ridículo. Ele tá sempre numa esteira na primeira fileira, porque ele corre bonitinho.

Outro dia eu pensei "ah, qual o problema?" e decidi subir na esteira ao lado dele. Mas aí, né? Subi, apertei o botão pra ligar a esteira. Apertei o botão. Apertei o botão. Apertei. Finalmente vi o cartaz bem grande na minha frente: EM MANUTENÇÃO e me recolhi a uma das esteiras lá do fundo.

O flerte não foi prejudicado. Acho até que foi uma coisa boa, porque assim já fica claro de uma vez que eu sou tonta.

*olha como eu estou fina e sem rancor.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

good luck

Isso de ficar checando e-mail pelo celular enquanto estou na rua é a pior idéia do mundo. Porque recebo aquele e-mail. Né? Aquele e-mail que me destrói. E não posso me enrolar em posição fetal e chorar de boca aberta (minha maneira preferida de chorar). Tenho que continuar onde estou, tenho que ir pra onde eu tenho que ir, tenho que fazer o que eu tenho que fazer. Tenho que passar horas com o choro engasgado.

À noite eu choro, anotei na agenda.

domingo, 4 de abril de 2010

cinco minutos com a minha mãe

-Você tá triste? Tá feliz? Fez bolo? Que delícia. Seu cabelo tá tão bonito. Macio. Foi ao salão? O que você fez? Diz pra mamãe. Meu cabelo tá péssimo. Que máscara? Quanto tempo deixa no cabelo? Olha essa pele. Que pele linda. Uma pele de pêssego. Parece pele de bebê. Olha, Pé, passa a mão nessa pele. Vai fazer sanduíche pra mamãe? Como você faz aquela pastinha? Não vai contar? É segredo? Vai ficar em casa hoje? Vai sair amanhã? E a Marceluska? A Gisele tá bem? E a Cíntia? Vocês terminam a pós este ano, né? E depois? Você vai fazer mestrado? Tem que fazer, filha. Tem que estudar, né? Vai fazer a festa de 30 anos? Tem que começar a pagar 1 ano antes, hein? É, daqui a 2 anos tem que começar a pagar. Mamãe te ajuda, mas não muito. Eu não sou a melhor mãe do mundo? Sabe que nem se me oferecessem 100 mil eu vendia a Hannah? E olha que tô sempre precisando de dinheiro. Vamos ao restaurante novo? Vou lá com seu pai, daí vejo se tem alguma coisa pra você. Que esmalte é esse? Azul? Ai, Renata.

Todos os assuntos do mundo de uma vez só.

terça-feira, 30 de março de 2010

Hoje eu tava vestida mais ou menos assim:
A blusa não era essa e a calça não era essa. Não dá pra ver o sapato, mas também não era esse. Bom, mas o colete e o cinto eram esses e foi o cinto que fez meu aluno de 7 anos me perguntar:
-Tia, você é magra ou gorda?

Eu não sei bem que cara eu fiz, só sei que ele sentiu que tinha que explicar a pergunta:
-Tia, você colocou esse cinto pra fingir que é magra ou porque é magra e sua roupa é grande demais pra você?

Tem como não amar uma minipessoa que faz essa pergunta?
...
Lembro de uma aula prática que eu tive que dar sobre o tópico "hábitos que devemos ter antes de dormir." Era pra uma turma de crianças de 7 anos também. Daí desenhei um ursinho fazendo várias coisas: colocando o pijama, escovando os dentes e tal. O nome do ursinho era Zeca, eu criei uma história e inseri os tais hábitos dela. Ia contando e colando as cenas do Zeca no quadro, alguma coisa assim.

Aí bem no meio da aula uma menininha levantou a mão:
-Tia, me diz uma coisa. Se nós, que somos humanos, temos ursinhos de pelúcia, então os ursinhos têm humanos de pelúcia?

eu <3 perguntas de criança

domingo, 28 de março de 2010

Só minha mãe e eu na cozinha.

-Linda da mamãeeee. Muito bonitaaa! Ai, que lindaaaa!

A Hannah vem correndo lá da sala, toda-toda.

-Olha, mãe. Ela acha que você tá falando com ela.
-E você acha que eu tô falando com você!

Ai, que delícia fazer avaliação na academia, né?

No mesmo dia você tem que:
1. admitir que só consegue fazer 3 abdominais completas,
2. ser medida de todas as maneiras possíveis,
3. ter a sua gordura calculada e ouvir "nossa! você é magrinha mas tem muita gordura, né?"

Delícia, delícia, delícia.

quinta-feira, 25 de março de 2010

minha coleção de empadas

É uma pena que as fotos não sejam boas, mas eu garanto que só empada gostosa entra na minha coleção.


De chocolate com massa de chocolate da Empada Carioca, de palmito e a rainha: empada gigante de siri do Belmonte. Por falar nisso, saudade de você, empada gigante!

é só uma parte da coleção :)

Tava indo pra pós, quando a Cíntia me ligou pra avisar que não tinha luz na Uerj.

Comprei empadas pra trazer. Vim andando pra casa. Liguei pra Patrícia pra avisar que não teria aula, o que não ajudou muito, porque ela tinha acabado de chegar na Uerj quando eu liguei. Cheguei em casa. Tomei banho. Esfoliei meu rosto. Notei que meu esmalte estava muito fosco. Passei um extra brilho. Até que me toquei. Caraca, eu tinha uma coisa marcada pra hoje!

E aí lógico que não ia me arrumar e sair de casa porque, vamos combinar uma coisa, nada dá certo. As coisas podem dar errado qualquer dia, não precisa ser hoje, que eu já tô de pijama xadrez.

-Oi. Sabe o que é? É que hoje não vou ter aula na pós. Vamos deixar pra outro dia?
-Ah, tá. Aí você não vem pro Rio?
-Ah, vou não.
-Vamos marcar outro dia, então.
-Tá, eu te ligo.

Daí é bom, né? Porque estamos juntinhos em pelo menos uma coisa, estamos competindo pra ver quem se importa menos.

terça-feira, 23 de março de 2010

Eu sei que coloquei isso no twitter, mas acho os e-mails da minha mãe tão deliciosos, que tenho que colocar aqui também:


"ruth fbo to me
8:53 AM



Oi Filha! vc é muito metida, mas moderna e chic tbém,

te amo

bjs.


sua mãe preferida."


E durante os meses que eu passei na França, minha mãe me mandava e-mails diários. Só que o título de todos os e-mails era SAUDADE! ou sua variante MUITA SAUDADE! Não importava se o e-mail era pra perguntar se eu precisava de dinheiro, contar da Hannah ou mandar a receita dela de moqueca. O assunto era sempre SAUDADE!

Os melhores e-mails do mundo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Acho meninos tão bonitinhos, mas tão bonitinhos mesmo. E, cara, eu já entendi que a chata sou eu mesmo, então agora em vez de reclamar eu tento dar risadinhas.

A coisa com que eu menos me importo no mundo é celular. Não ligo, não preciso ter o melhor nem mais caro. Odeio que me liguem e odeio ligar pras pessoas. Celular não é assunto. O que eu tenho a dizer sobre meu celular? Nada. Eu não gosto nem de falar no celular, que dirá falar sobre ele.

Bom.

Mas sempre que eu tiro o celular da bolsa meninos acham que ele é um assunto.

-É 3G?
-Você tá usando wi-fi ou a sua Internet mesmo?
-Quanto tempo dura a bateria?
-É Nokia?
-É seu cachorro aí na foto? (essa me irrita profundamente, porque é só olhar pra Hannah pra ver que ela tem cara de menina. não tem como confundir com menino)

É sério? Vamos conversar sobre o meu celular? Porque, olha, se for pra conversar sobre meu celular, me deixa logo abrir o álbum de fotos pra mostrar a coisa mais interessante do aparelho: a minha coleção de fotos de empada.

Mas é isso. Antes me irritava, agora acho bonitinho e agradeço o esforço. Pelo menos não tá me chamando de exótica nem dizendo que meu vestido parece um pijama.

sexta-feira, 19 de março de 2010

-Ah, Punta. Já passei férias lá. Tenho até foto num cassino, em frente a uma máquina de apostas, com uma blusa amarela de ombreiras e meu relógio-bolha no pulso. Porque meus pais, né? Sempre fazendo o que é sensato.
-Você já foi pra Punta?
-Já, algumas vezes.
-Você e seus segredos.

Ai, desculpa. Vou começar a me apresentar dizendo "Oi, meu nome é Renata, sou professora de inglês e já passei férias em Punta del Este.
...
Mas isso não é nada. Minha amiga de anos não saber que eu já tinha passado férias em Punta não é nada.

São outras coisas, sabe? De nunca contar as minhas coisas, nunca contar quando estou péssima. De quando minha voz está estranha no telefone, nunca dizer que é porque estava chorando. De chorar no ônibus, na frente de desconhecidos, mas nunca na frente de quem pode me consolar. De engolir o sapo e nunca dizer o que me magoou. São todas essas coisas que eu não entendo muito bem por quê.

There's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say, stay in there, I'm not going
to let anybody see
you.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Só porque não sei se ficou claro ainda o tamanho da coisa.

Passo dias ansiosa, aflita, enchendo a paciência de todos os meus amigos. A gente se deu tão bem. Eu sou tão legal. Minha roupa era tão linda. Eu super me fingi de pessoa normal. Ninguém aguenta mais me ouvir falar disso.

Daí o telefone toca, é ele e o que eu faço? Cara, o que eu faço?

Penso "pfff, fraco."

E não atendo.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Vou contar também do momento de pânico. Que só apresentei Nip/Tuck pra uma amiga, mas ela foi capaz de reparar um dia:
-Nata, ele tá de verde de novo.
-De novo?
-É. Tá sempre de verde.
-Nossa, nunca reparei. Que estranho.
...
-Renata.
-Oi.
-Ele tem olhos verdes.
-É, tem.
-Olhos verdes.
-Sei.
-OLHOS VERDES. E se ele for uma dessas pessoas que tem olhos verdes e só usa roupa verde?
-NÃÃÃÃOOOOO!!!
-Você já reparou se ele usa outra cor?
-Hmm, já vi de verde escuro, verde água, verde claro. Já vi de azul? Amarelo? Rosa? NÃO SEI!

O momento de pânico durou algumas boas horas, até o próximo encontro.

Ele tava de azul.

Uma coisa muito legal no Nip/Tuck é que flertava o tempo todo e essa é a minha parte preferida, sempre. Adoro ficar olhando, conhecer, fazer aquela cara de quem tá avaliando o outro. Contar coisas sobre mim, falar da minha família, falar sério, apresentar pros meus amigos, ligar "só pra ouvir a sua voz", essa parte eu não curto.

Ainda mais com ele, não tinha mesmo como dar certo. Eu encontrava a pessoa e perguntava "e aí, seu dia foi bom?" e ele respondia que, sim, tinha sido tranquilo, "fiz dois implantes e uma abdominoplastia" e o assunto acabava, né? Porque o que eu posso dizer depois disso? Tô aqui, fazendo legendinhas e você tá aí, ficando rico com a insegurança das pessoas.

Bom, o caso é que Nip/Tuck era irresistível, porque não importa o que a gente estivesse fazendo, ele tava sempre flertando e eu ficava toda derretida.

Porque não tem como resistir a uma pessoa que pisca o tempo inteiro váriasvezesváriasvezes.

desde 1983 curtindo um tique

domingo, 14 de março de 2010

Bom, eu sei que tenho que vir aqui e escrever alguma coisa ou a Cíntia vai me bater.

Mas a única coisa que eu tenho pra dizer é que outro dia eu tava andando na rua e jogaram uma fruta em mim.

Tá?

Quase estragou minha sapatilha rosa e eu quase chorei. Mas eu tinha decidido que aquele seria um bom dia e é proibido chorar num bom dia, a menos que seja de felicidade.

Chorar de felicidade, ¬¬

domingo, 21 de fevereiro de 2010

E também o que é chamar de nip/tuck depois de tanto tempo chamando uma pessoa com quem eu passei anos de medonho?

Hein? Não foi legal? Mais legal ainda foi quando chegou ao ponto em que até amigos de amigos passaram a se referir a ele assim.

E aí quando eu contava alguma história e uma pessoa nova no meu mundo ficava perdida, tinha sempre alguém pra explicar "medonho é o ex dela."

Rancor: curto muito.

Então, se pensar bem, chamar de nip/tuck é até um elogio. Porque, assim, tô dando valor a todos esses anos que a pessoa passou estudando e tal e tal. ¬¬

-Vou falar que viajei pra cuba, ela agora só quer saber de cuba. Vou falar "trouxe uns havanas pra você."
-
Cara, tava lá com o nip/tuck, né? Aí me mostrou uma caixa de charutos que ele fuma, que tinham cara de ser caríssimos. Nunca antes alguém tinha tentado usar charutos pra me seduzir.
-
É a idade chegando.
-Bom.
-Agora a gente sai com pessoas que têm problemas tipo hérnia de disco e fumam charutos.

-Caraca, é verdade!


Mas a minha grande pergunta é mesmo. Meninos: quando crescem ficam mais bobos?

eu queria dizer que tô, sim, me sentindo um pouco mal por chamá-lo de nip/tuck, porque ele é uma pessoa legal (apesar de achar que charutos me impressionariam) e tal, mas eu não resisto a apelidos e esse é tãotãotão perfeito, que eu não resisto.

e, bom, certeza que eu sou a menina-laço, aquela que só anda de sapatilhas, a menina de nova iguaçu ou qualquer coisa assim.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um dia antes de ir pra Argentina, falei para a minha mãe que não sabia se ia desbloquear o roaming internacional, porque é caro e tal.

-Nossa, Renata. Cruz-credo. Filha, eu não te criei pra isso. E se eu precisar falar com você? E se você precisar falar com a gente? Ai, vai economizar com isso?

E completou:

-Não tenho dessas coisas. Comigo, ou é calça de veludo ou bunda de fora.

E por que eu estou escrevendo sobre isso agora? Bom, porque a conta do celular finalmente chegou. E também porque eu queria colocar uma das minhas fotos favoritas de toda a viagem:

Porque se minha mãe não me criou pra economizar, ela certamente me criou para fazer poses como essa.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Depois de um encontro, sempre vai ter uma amiga pra dizer "se foi legal pra você, foi legal pra ele também." Daí você acredita porque, né? a gente acredita mesmo.

O caso é: e quando pra pessoa foi legal e pra você foi péssimo? Péssimo. Péssimo. Péssimo do tipo quase chorei? Péssimo mesmo. Péssimo do tipo o que essa pessoa tá fazendo? Por que ele tá falando isso? Péssimo assim. E quando?

E quando a pessoa fica ligando, mandando mensagens e, é claro, quer saber por quê? E quando "somos pessoas diferentes, gostamos de coisas diferentes" não dá conta do recado? E quando?

domingo, 14 de fevereiro de 2010

O ano só começa depois do carnaval.

Peraí!

:*

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

no segundo

-Você não quer voltar pra Barra comigo?
-Nem se eu quisesse eu poderia, né? Assim, eu não vim da Barra, como posso voltar pra lá? Só posso e vou voltar pra minha casa, que é de onde eu vim.

Adoro deixar meninos sem graça.

Meninos são tão meninos. Adoro muito. Eles me divertem (quase) sempre.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Convido a pessoa pro meu aniversário, ela pergunta:
-O que vai ter lá?
-Sacanagem! Não! Não! Vai ter um almoço, um almoço!

Se tem uma coisa que eu não acho legal no mundo é ato falho.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

-Mãe, tô muito abalada. O carnaval tá chegando e eu ainda não tenho fantasia.
-Para de show, Renata. No carnaval todo mundo sai pelado.

Todo mundo.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Eu

É uma sensação engraçada esta. Eu sou leitora de blogs, muitos, todos os dias, então acho que eu entendo. Sabe? Essa coisa de ler o blog e achar que conhece a pessoa e sabe tudo sobre ela.

-odeio petit gateau. Odeio com todas as minhas forças. Odeio petit gateau de todos os sabores. Não como, não como, não como.

-traduzo filmes e séries para DVD e nunca assisti a nenhuma tradução minha. Normalmente eu não assisto a DVDs com a legenda em português. E também assisto tantas vezes, enquanto traduzo, pra conferir se tá tudo certinho, que enjoo e não quero ver aquilo nunca mais.

-digito apenas com meus dois dedos indicadores. Digito assim desde que tinha uns oito anos e ganhei uma máquina de escrever de presente de dia das crianças. Eu digito rápido. Ninguém acredita quando eu digo que digito só com os indicadores. Eu também acho ridículo, mas já entendi que nunca vou aprender a digitar direito.

-sempre quis ser professora. Não me lembro de querer ser outra coisa. Já tentei viver só de traduções e, apesar de pagar melhor, senti muita saudade da sala de aula. Além disso, trabalhar em casa não tem tanta graça. Eu preciso de uma desculpa pra usar todas as minhas roupas.

-tive aniversários temáticos até os 12 anos. De temas comuns, tipo personagens da Disney até temas que só faziam sentido pra mim e pra minha mãe, tipo flores cor-de-rosa e natureza (o bolo foi uma borboleta). Eu já tive um bolo em forma de pandeiro, um em forma de boca, um em forma de bruxa, um que tinha a cabeça do Pato Donald. A cabeça acendia. Bizarro. Meu irmão já teve bolo de pipa, de tambor, de tartaruga ninja (era o Rafael, claro), do Batman.

sábado, 23 de janeiro de 2010

As pessoas me dizem coisas muito fofas. Mas também me dizem umas medonhas. Tipo "eu morro de medo de morrer sozinha. você tem medo de morrer sozinha?"

Cara, como assim medo de morrer sozinha? Eu não tenho nem 30 anos. Tá perguntando se eu tenho medo de morrer, tipo, atropelada semana que vem enquanto estiver atravessando a rua sozinha? Ou quer saber se eu sofro pensando que daqui a 50 anos não vou ter ninguém ao meu redor, nem amigos, nem marido, nem filhos, nem meu irmão? É isso?

Porque, se for, acho bom parar de maluquice.

Ah, lembrei também de uma coisa que sempre acontece. Meninos sempre me fazem uma pergunta muito estranha.

-Eu sou professora.
-Mas você ganha bem, né?

Cara, por que tá perguntando? Como é que isso pode ser da sua conta?

Não sei se acontece com todo mundo ou se tem alguma coisa em mim que inspira a pergunta. Só sei que ela sempre é feita. E eu fico sempre com aquela cara de q? O que eu posso dizer? Como eu posso responder essa pergunta? Qual é a resposta certa? Ganho bem, ganho mal, não ligo pra dinheiro, sou tonta e nem sei quanto eu ganho?

Eu só queria saber: por que eles perguntam isso? Será que eu tenho cara de quem não vai rachar a conta? Justo eu, que quero sempre pagar a conta toda só pra provar que eu pooooosso e não preciso de ninguéeeem.

Às vezes sinto um incômodo tão grande quando me fazem essa pergunta, que respondo "acho que mais do que você, hein?" que é pra todo mundo ficar incomodado igual.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

boy, don't try to front

-Então, ele me mandou um e-mail, né? Mostrando as fotos e tal. Aí, mandou pra mim e pra um milhão de pessoas. Cara, dei uma olhada na lista, SÓ mulher!
-Só mandou pra mulher?
-Sim! Era uma lista enorme e dava pra contar os homens nos dedos. Sério, a lista era composta por milhões de mulheres! Foi quando eu finalmente entendi.
-Womanizer, woman-womanizer, you're a womanizer.

Eu não preciso dizer mais nada. Ela tira de dentro da minha cabeça a música que eu estava cantando desde que recebi o e-mail.

Todo mundo junto agora:

I know you
Gotta clue, what you're doing?
You can play brand new to all the other chicks out here
But I know what you are, what you are, baby

Quando as pessoas me perguntam:
-E aí, tudo bem? Como você tá?

Por alguns segundos eu penso em contar a verdade, dizer que as coisas estão melhorando, mas ainda não tá tudo bem. Que alguns dias eu já consigo ficar feliz da manhã à noite, que tantas vezes agora meu sorriso é de verdade.

Mas é só por alguns segundos. De verdade mesmo eu respondo:
-Tudo ótimo. E você?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Eu sei que tô devendo um post de ano novo. Mas ando meio lenta, sem saber o que dizer sobre o ano que acabou, que foi estranho.

E isso eu tinha que vir aqui contar.

Que é pra vocês verem que eu não tô exagerando.

O último. Olha só o perfil dele no Orkut (rá, não vou mostrar de verdade), ele está na seguinte comunidade: A beleza exótica é a mais bela.

Tá bom?

Eu juro que é verdade.


não sei se ficou claro, mas esse não é o mesmo que me chamou de exótica. tá bom?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ainda falando sobre a minha beleza exótica, a Tina disse que homens devem achar exótico sombra rosa, esmalte azul, essas coisas.

E aí, né? Quando eu fui chamada de exótica, tava com uma maquiagem bem discreta, batom nude e tudo. Quando aconteceu com a minha amiga, ela tava quase sem maquiagem. Então, acho que a gente é só feia mesmo. ;)

Mas aí fiquei pensando no esmalte azul e acho que os meninos acham simplesmente feio. Nada mais nada menos do que feio. Mas o que eu noto é que eles fazem um super esforço pra se fazer de modernos e sempre comentam. Não costumam elogiar, mas comentam como se não estivessem incomodados e às vezes dizem um "gostei" bem seco. Dá pra sentir que aquele "gostei" doeu.

"Nossa, seu batom é bem forte, né?"
"Olha, esmalte verde*. Gostei."
"Hmm, você tá de sombra azul."
"Sua sapatilha é BEM azul."

Eles falam como se não se importassem, como se não fossem achar mais legal se você estivesse usando Renda e um batom discreto. Mas dá pra sentir, né? Que ali dentro tá rolando uma guerrinha. Que ele tá dizendo "quero ser moderno, mas ODEIO esse batom laranja."

Eu sei. Sei disso porque já saí com um cara que tava usando uma murse. Que é uma man-purse. Que é uma bolsa masculina. Tá? A pessoa foi me encontrar usando uma capanga com alças. Uma ca-pan-ga. E eu, aquariana, demorei horas pra perceber que aquilo era uma bolsa. Mas o que eu podia fazer, se estava de sombra dourada + lápis azul, blusa estampada de balões, cinto xadrez e saia balonê de cintura alta? Ah, e quando ele me viu eu ainda tava com o casaco enrolado no pescoço, porque meu pescoço tava com frio. Como é que eu podia perguntar por que ele tava usando uma capanga? Imagina se eu tivesse que explicar cada peça que eu tava usando. Fiquei na minha. Mas aqui dentro tava rolando uma guerrinha.

Daí não falei nada sobre a capanga, assim como nunca abri minha boca pra falar mal de calça cargo, porque eu sei, meninos heterossexuais, que a calça cargo é um item muito importante pra vocês. Embora seja horrorosa.

O que eu quero dizer é que pelo menos eu não falo "hmm, você tá de calça cargo." como se simplesmente notar isso fosse um elogio.

Não é. É uma calça cheia de bolsos onde você enfiou sua carteira, seu chaveiro e seu celular e agora os bolsos tão com um formato bizarro.

É claro que eu notei.

Todo mundo notou.


*ele disse azul, mas eu lembro bem que era verde. era o show da risqué. pergunte a qualquer mulher, ele é verde.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Daí parei tudo, olhei bem nos olhos dele.

-Qual é o seu problema? Você tá mega bêbado? Você ouviu o que disse pra mim? Você disse que eu sou exótica. Em que mundo ser exótica é um elogio? Frutas são exóticas, animais são exóticos. Mulheres são lindas.
-Mas você é linda de um jeito diferente.
-Olha, você já falou que eu sou exótica. Não tem como voltar atrás. Não tente consertar.

Eu coleciono os piores elogios do mundo. Guardo todos numa caixinha verde.


daí aprendi que eles estão espalhados por aí. os homens que usam exótica como elogio. eles estão por aí, falando isso pra mim e pras minhas amigas. imagino agora quantas já tiveram que passar por isso. e eu só queria dizer o seguinte: se não acha linda, não fala nada. fica na sua. mas não usa exótica como elogio. porque não é. é uma palhaçada, isso sim.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Foram só duas caipirinhas. Mas eram as caipirinhas mais fortes do mundo. Aqui em Nova Iguaçu as caipirinhas costumam ser bem fortes. Mais fortes do que no Rio, muito mais fortes. Bom, tô tentando me justificar. Aí cheguei em casa de madrugada e decidi que era uma boa ideia colar todas as coisas quebradas do mundo. Bom, todas as coisas quebradas que eu achei no meu quarto, pelo menos.

Acordei coberta de cola pra isopor, que foi a única que eu achei, e com a sensação de que hmm, fiz o que não devia.

Tá lá, na pasta de mensagens enviadas do facebook:

"yuo'll alwas be my favourite person in te wolrd."

O melhor de tudo é ainda ter que trabalhar no dia seguinte.

It started out with a kiss
How did it end up like this?

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Troca de e-mails pra decidir o que fazer no sábado à noite:

"eu e a Renata conhecemos essa banda, hein?"

Conhecemos? Quem conhecemos? Conhecemos quem? Mais importante: conhecemos como? Eu tava sóbria quando conheci? Onde foi isso?

Nada mais me lembro.

Vou chegar lá e alguém da banda vai cuspir em mim?

Pequeno momento de pânico.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Há três tipos de pessoa. Tô falando de Maracanã, tá?

Tem a Aline, que te puxa pelo braço e quando você vê já tá a 300 metros da briga.

Tem Marcela, que você vê de longe (porque em 3 segundos Aline já te puxou pra bem longe da briga), bom, tem Marcela que você vê de longe se enfiando na briga pra apartar. E dizendo a frase "eu faço boxe!"

E eu, né? Que tenho um medo muito grande de perder o meu lugar. Não sei de onde vem isso, não sei mesmo. E já tenho tantas maluquices pra tratar na terapia que, desculpa, não vou ficar investigando por que tenho medo de perder meu lugar. Não mesmo. Só sei que o mundo pode cair que eu permaneço onde estou, pensando "eu é que não vou sair, que vem um esperto e toma meu lugar."

Então, se ninguém me puxar, vou ficar ali até me darem um soco bem forte.

Eu durmo de pijama todos os dias. Eu sei, eu sei, que coisa de velha. Mas adoro pijamas e quando era criança minha mãe nunca me deixava dormir de qualquer jeito, com uma camiseta velha. Eu tinha que dormir de pijama. Me acostumei e adoro. Vestir um pijama faz parte da minha preparação pra dormir. Daí bem antes de tomar banho e dormir, eu já planejo o pijama que vou usar.

Então imagina o desespero quando eu abro a gaveta de pijamas e justo aquele que devia ser usado hoje não está lá. Só a calça está lá. Cadê a blusa?

Pânico. Por que lavar as partes do pijama separadamente? As partes têm que ser usadas juntas.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Tem uma cigarra me irritando muito. Tá lá do outro lado da rua. Eu atravessei o quarto todo, desesperada, achando que estava aqui dentro. Mas tá do outro lado da rua.

A cigarra me irrita, me irrita, me irrita. Quase me enlouquece.

Mas aí eu lembro que ela só quer achar alguém, acasalar e morrer em paz.

Como todos nós.

domingo, 13 de dezembro de 2009

em uma palavra: DOR

-Mas você vai aguentar dançar?
-Claro que não! Mal vou aguentar andar! Imagina dançar, nunca!
-Mas, então, por quê?
-Ficou lindo com o vestido que eu escolhi.
...
Sabe o que eu adoro? Mulheres que dizem "ahh, mas com essa plataforma embutida, é como se você estivesse descalça." Olha, não sei qual é o problema delas, mas com certeza nunca andaram descalças na vida. Ou a única vez em que andaram descalças foi sobre brasa ou cacos de vidro, sei lá.
...
De repente é isso mesmo. Eu me odeio e estou tentando me punir por alguma coisa. Vou trabalhar isso na terapia, tá?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Uma das minhas resoluções de ano novo é não me relacionar mais com homens que não curtem futebol.

Eu aqui, coração apertado, querendo morrer, num sofrimento só e o cara naquela onda "se ganhar, ganhou. se perder, perdeu."

Não dá.

Quero camisa do time no armário, gritos enlouquecidos, muitos palavrões no maracanã.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Vou ensinar uma grande lição para vocês, meninos: um não é apenas um não.

E um não é melhor do que o silêncio.

Um não liberta também. Machuca nosso orgulho, fere nossa autoestima mesmo. A gente pensa por um momento "por que não quer? eu sou tão legal." Mas isso passa.

O silêncio não diz nada. O silêncio nos faz tirar nossas próprias conclusões. O silêncio faz a gente achar que é tão nada que não vale nem um não.

Um não é ruim, mas é bom.

Digam não. Expliquem. Verbalizem. Sejam legais.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Estudar com a melhor amiga é tão bom. Chego atrasada, tem um professor substituindo nossa professora e ela logo escreve no livro dela pra me avisar: "odeio ele"

-Por quê?
-Porque a primeira coisa que ele falou quando começou a discutir a peça é que a personagem tal tava bem comida.
-O.o

Imagina se eu não soubesse disso? Eu até teria gostado da aula. Ainda bem que ela logo me avisou. Não posso gostar de quem diz isso. É pessoal.

Eu até quero sair de casa e ser mais adulta. Mas aí alguém pega meu all star branco que eu deixei na área de serviço pra lavar quando tivesse tempo e paciência e lava, sem eu pedir nem nada.

E como mágica eu tenho um all star branco limpinho de novo e posso continuar brincando de ser adolescente.

Assim, é como se meus pais estivessem dizendo "fica! fica! fica!"

Não é?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

XX adicionou você como amigo no Facebook. Precisamos confirmar se você conhece X para que sejam amigos no Facebook.

Claro que conheço! Conheço e é um grande babaca. Escreve aí, Facebook: ba-ba-ca.

¬¬

Sério, você faz uma das maiores palhaçadas que eu já vi na minha vida. E depois fica se fazendo de legal só porque pediu desculpa. Aliás, um dos piores pedidos de desculpa que eu já recebi. Sério que você quer ser meu amigo no Facebook?

E aí, Facebook, tem como responder com um "ARE YOU FUCKING KIDDING ME?"

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Eu só pareço boba, mas eu sou até bem esperta.

Eu sei que quando alguém faz uma cara de espanto e diz "Nossa! Tá toda arrumada" não é um elogio e nem um comentário inocente. O que a pessoa quer dizer mesmo é que eu sou fútil e me importo com coisas superficiais.

Eu tô acostumada. O que eu não entendo é como o fato de eu estar usando uma roupa bonita pode incomodar. Comprei com o meu dinheiro. Gastei o meu tempo pensando em como eu ia combinar aquela peça. Me senti feliz com o resultado e saí de casa. O que, na minha roupa, que só tem a ver comigo e ninguém mais, pode incomodar?

É como se eu tivesse que me justificar. Olha, tô usando essa roupa aqui, mas eu não me importo só com isso. Eu também leio, tenho amigos, sou legal, dou dinheiro pra ajudar cachorrinhos. Olha só, eu até estudo.

Sério, a roupa é minha. É importante pra mim. Como deve ser importante pra você juntar dinheiro pra comprar uma casa. Ou ter filhos. Ou ter um celular caro que faz mil coisas que meu celular simples não faz. Ou usar sapatos feios, sei lá o que dá sentido à sua vida.


mas o melhor de tudo é que se eu quisesse ser sincera e dizer "olha, sou fútil mesmo, roupas são importantes pra mim mesmo e mesmo assim sou mais inteligente do que você" eu poderia. então, me deixa quieta com meus vestidos de laço e para de se fazer de cult.

O cara me diz assim:
-Eu faço a minha empregada lavar todas as minhas camisetas a mão. Não pode botar na máquina de lavar, que estraga.

E eu penso:
-Economiza o papinho, porque você acabou de ganhar to-do o meu desprezo.

Mas de verdade mesmo eu digo:
-Que frescura, hein?

Dou um sorrisinho e vou embora.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

o que me ofende

Alguém diz que me acha parecida com uma menina.

Cara, não é porque eu acho a menina feia, não é porque eu acho a menina chata.

Mas você viu que a menina só usa bege? Como é que alguém me confunde com uma pessoa que só usa bege? Eu sou uma cartela pantone disfarçada de professora de inglês. Pra quê? Pra ser confundida com alguém que só usa bege, cinza e preto?

Não dá.

Me ofende.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

um dia na minha vida

Saio de casa me achando a pessoa mais legal do mundo com meu batom fúcsia e minha camiseta de caveira.

No caminho de casa pro trabalho um homem me diz "Nossa, você tá ridícula!" Não sei se ele está falando do batom, da camiseta, da armação neon dos meus óculos escuros ou de mim como um todo. Só levantei meu dedo do meio, chocada demais pra perguntar o motivo da agressão, mas experiente demais em maluquice pra passar por isso sem reagir.

Conferindo meus e-mails, drama. Não contente em levar um fora, eu gosto de passar do fundo do poço e levar dois foras da mesma pessoa. Então, tá.

Indo pra pós, sentada no corredor do ônibus, um homem pede pra sentar na janela. Agradece 1 milhão de vezes. Obrigadoobrigadoobrigadoobrigado. Quando começou a conversar com as roupas que estava vestindo, entendi que tava bêbado.

E aí rolou, né? Choro num espaço público. Choro, lágrimas, pequenos soluços.

Que delícia.


mas meu batom fúcsia ficou aqui o dia todo. é preciso resistir.

Por causa de tudo pelo que eu passei, porque eu fui criada pra ser independente, não precisar de ninguém, me bastar, ser melhor do que todo mundo, é uma dor quase física me apegar a alguém. Sempre é uma escolha e é sempre tão difícil.

É como se eu estivesse abrindo mão de ser eu.

Eu normalmente luto contra isso. Quero ser mais aberta, mais fácil, mais dócil. Não quero que o amor seja um campo de batalha (<3) pra mim. Não quero ter que me preocupar com quem está por cima e quem está por baixo.

Normalmente eu luto contra isso.

Mas, às vezes, só às vezes, eu quero agradecer a mim mesma por ser assim.

-Ah, aí foi isso. Ele era legal, mas não deu certo.
-Ih, você é boba.
-Por quê?
-Nem pediu pra ele te apresentar um amigo?
-Oi?
-Ah, tinha que ter falado assim "então, super normal, não deu certo. mas você não tem um amigo assim tipo você não?"

Minha amiga, senhoras e senhores. Minha amiga.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A gente se encontrou por acaso duas vezes na mesma semana.

-Olha, que assim eu penso que você tá me seguindo.

Pânico. Será que ele acha mesmo?

E não consigo ser legal, engraçadinha nem simpática. Passo o resto do tempo fingindo que não tô prestando atenção pra ninguém achar que eu sou maluca e sigo pessoas pela rua.

Minha mãe vai reclamar da minha antipatia a vida inteira. Ela passa todo o tempo livre dela perguntando qual é o meu problema. Por que eu sou tão chata? Por que sou tão implicante? Tão insatisfeita?

Eu poderia passar o meu tempo livre todo explicando meu problema, meus vários problemas. Se minha mãe não fosse leonina e conseguisse ouvir o que as pessoas dizem.

Mas o caso é que meninos sempre dizem que eu sou ultra simpática. É uma coisa que eu já ouvi algumas várias vezes na minha vida.

E sempre acho engraçadinho e bonitinho, porque, se liga, eu não sou legal, eu tô te dando mole.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Eu vou falar um palavrão agora. Eu sou muito boca-suja, falo palavrão o tempo todo, mas no blog e no twitter evito porque quero fazer a fina. ;)

Só que não dá, vou falar, porque só um palavrão vai conseguir representar a intensidade. Tá?

Eu sou implicante pra caralho. Muitomuitomuito implicante.

-Sabe aquela hora em que eu comecei a falar do jogo do Floo, que eu quase tinha chorado com o gol do Alan e como meu time é lindo e tal?
-Sei.
-Foi porque fulaninha tava se fazendo de cult, falando mal de futebol, dizendo que não faz sentido, que não entende quem vai ao estádio, que o torcedor não ganha nada quando o time ganha.
-Poxa, podia ter me avisado, pra eu entrar na onda.

Implicante pra caralho. E minhas amigas também.

Eu tava no restaurante esperando duas amigas. Tomando um chopp e lendo o cardápio. Entrou um vendedor de flores. Ele tava com a camisa do Floo, então ganhou minha simpatia imediata. Quis comprar pra mim e pra minhas amigas. Depois de um dia inteiro trabalhando e estudando alguém tem que ser legal com a gente.

-Quanto é?
-Dez reais. Mas pra você que tá sozinha eu faço por 5.

Ah, sim, e a peninha que você sentiu de mim vem de brinde?

Não comprei, claro. Sozinha está a sua avó.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Só consigo me lembrar da minha amiga M. Um ano saindo com o cara. Um-ano. E quando foram a um restaurante japonês e ela pediu palitinhos com elástico, ele não se conteve:

-Ahá! Finalmente achei uma coisa!

Um ano procurando uma fraqueza.

Eu tô aqui. Sou quase nada. Tô aqui, falando o óbvio, nunca digo coisas geniais. Tô aqui dando aula de inglês, explicando a diferença entre past simple e present perfect como se isso realmente importasse. Tô aqui tentando ser adulta sem muito sucesso. Tomando decisões sem ter a menor idéia do que eu tô fazendo. Cara, quem leva a sério alguém que usa óculos escuros de armação cor-de-rosa neon? Eu saio por aí com broches em forma de pavão. Com vestidos estampados com guarda-chuvas.

Enfim, tô aqui, sou eu. Não sou brilhante, não sou deslumbrante de linda.

Então só queria entender por que* homens têm tanto medo de mim. Queria entender por que depois de mim eles sempre escolhem alguém que nem sabe escrever direito?


por favor, só comentários falando sobre o quanto eu sou legal, linda e inteligente e como sou a rainha da acentuação e nunca erro na crase. tsá? ;)

*e olha como eu arraso nas regras dos porquês.

domingo, 8 de novembro de 2009

-Meudeus, mas eu não posso comer esse molho mesmo. Manteiga derretida, vou ficar enjoada o resto do dia.
-Não é só manteiga. Tem azeite também.

Ahh, que bom. Assim tá bem leve, então.

¬¬

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Existem coisas que dentro da minha cabeça fazem muito sentido, mas quando eu conto pra alguém vejo que aquilo só faz sentido pra mim.

Uma dessas coisas é a roupa de conflito. Há alguns anos eu comecei a notar que tinha uma sensação ruim quando via mulheres em filmes de ação. Porque elas nunca estão vestidas com uma roupa adequada. Lembra a Jamie Lee Curtis de vestidinho lutando contra terroristas em True Lies? Me incomoda muito.

De vestido não dá pra dar chutes, você não está protegida. Como vou dar um chute em alguém se na minha mente está gravada a voz da minha mãe dizendo "renata, olha os modos, você está de vestido." De salto alto não dá pra correr e se defender.

Daí depois percebi que eu aplicava isso na minha vida. Sempre que saio de casa penso se vou pra algum lugar onde possa me envolver num conflito. Se a resposta é sim, vou de calça, sapato baixo, uma blusa que permita que eu me movimente e salve minha vida. Se não, posso ir de vestido ou saia.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Uma outra coisa que eu adoro é dizer:
-Olha, eu sou mega legal. Eu não mereço ser tratada assim.

Eu gosto de fazer os outros se sentirem crápulas.

pra funcionar, tem que ser dito sem drama, como uma constatação mesmo. não pode chorar, não pode fazer biquinho, nada de nhenhenhem.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Daí tava lá no provador, tentando vencer o bloqueio contra calças de boca estreita. Muito medo de parecer um balãozinho. Mas, né? Liquidação de coleção recém-lançada eu pre-ci-so aproveitar.

-Ihh, não sei. Esse quadril...

E a vendedora tentando agradar:
-Que quadril? Você não tem quadril!

Poxa, mas tá tentando me convencer a comprar a calça ou tá só querendo me ofender mesmo?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Cara, tava atravessando a rua, aí ouvi "ei, branqueeeela, nwjcijcihvh." Daí virei pra ver o que era. Eram umas pessoas dentro de um caminhão me ofendendo.

Esta é a minha vida.
...
Mais tarde, quando contei para os amigos:
-Era um caminhão DE LIXO? HAHAHAHAHA
-Não, era só um caminhão.
-Ah.

E o brilho no olhar dele se foi.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Eu sou pessoa que perdoa a pisada de bola dizendo "não, imagina. normal. eu não posso mesmo esperar que todo mundo seja correto como eu sou. cada um faz o que sabe fazer."

E a pessoa me odeia pro resto da vida, é claro.


mas vamos combinar que houve uma mega evolução. lembra quando eu não apenas não perdoava como ainda ameaçava mandar dar uma surra? pois é.

Durante o almocinho entre amigos:

-Acho que tá na hora de a gente parar com essa palhaçada...

Por alguns segundos eu concordei. É mesmo, a gente tem que parar com a palhaçada, dar um jeito na vida, etc, etc. Até respirei fundo pra absorver melhor a solução que ele ia dar pras nossas vidas.

Aí ele continuou:
-Acho que tá na hora de parar com essa palhaçada e fazer um mapa astral sério!

É, tá na hora de levar a vida a sério, né?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Pra todo mundo que acha o feminismo um "exagero".

1 e 2

Eu aqui tentando levar uma vida normal, acordando de manhã pra trabalhar, estudando. Mas tem sempre alguma coisa pra me lembrar que nem o meu corpo é meu.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

-O filhodaputa levou a tequila que eu dei pra ele. Levou pra beber com os amigos. Tomara que tenha cirrose.
-Melhor: que tenha dor-de-barriga!
-Oi? Como uma dor-de-barriga é pior do que cirrose?
-Dor-de-barriga em público! É mais constrangedor!
...
Cara, queria dizer que depois do vídeo do Pedro pra sempre vou me imaginar na porta da casa dele gritando "devolve a minha tequilaaaaaa. devolveeeee! devolve agoraaaa!"
...
Esses meninos têm muita sorte por eu ser fina de doer.

domingo, 25 de outubro de 2009

Na fila do banheiro:

-Você é a caaaara de uma amiga minha.
-É?
-É! Minha amiga lá da Bahia!
-Ah, legal. Você é da Bahia também, né?
-Sou. Você é a caaaara dela!
-Dá pra ver pelo sotaque.
-Menina, você é iguaaal a minha amiga!
-Nossa.
-Só que numa versão melhorada, que ela é meio hippie.
-Hahaha.
-Amei sua roupa.
-Brigada.
-Amei, amei. Eu quero muito uma saia de cintura alta.
-Olha, depois que comprei a primeira, fiquei viciada, não quero usar outra coisa. Eu tenho uma de oncinha neon, você tinha que ver!
-Eu quero muito uma, mas tô gorda. Disfarça a barriga?
-Ih, não. Eu acho que cintura alta engorda. Essa aqui, então, que é balonê...
-É que eu terminei um namoro, aí como sem parar. Não consigo parar.
-Quando eu termino um namoro, fico sem apetite. Não como por dias.
-Que inveeeeja!

Eu entrei no banheiro. Esse tempo todo eu tava achando que esse papo era pra ela passar na minha frente. Veja como confio nas pessoas.

Quando eu saí do banheiro:
-Vem cá, mas qual é o teu nome?
-Renata.
-Renata, me dá um conselho.
-Sim.
-É que eu tô saindo com um carinha e ele me convida pra fazer várias coisas e eu só digo não.
-Mas por que você diz não?
-Por causa dos amigos dele. São uns playboys idiotas.
-Mas você gosta dele, do menino?
-Ai, gosto.
-Olha, não se luta contra amigo de namorado. Amigo de namorado a gente aceita, a gente suporta. É assim desde sempre.
-É, né?
-É.
-Então acho que vou ao jogo do Floominense com ele amanhã.
-PERAÍ! Ele é tricolor?
-É.
-Então só pode ser gente boa. Tricolor não se dispensa! Começa a aceitar os convites!
-Ai, tá bom. Vou aceitar, então. Dá aqui um abraço, que agora a gente é amiga.

Adoro gente bêbada.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Porque a gente tá aí, né? Eu e todas as minhas amigas. Todas nós já ouvimos um "se cuida" várias vezes na vida. E a gente tá aí se cuidando. Não é como se a gente precisasse de conselhos de ex-namorado.

Desculpa, tô dispensando. Mesmo se for um ex-namorado legal (e eu tenho um!). Não é você que vai me dizer que eu tenho que me cuidar.

É claro que eu tenho que me cuidar. Não tenho ninguém que faça isso por mim. Então, tô aí, fazendo as coisas que eu tenho que fazer. E fazendo tudo isso usando vestidos fabulosos e esmaltes tão lindos que chegam a me emocionar.

Então, não precisa dizer. Fica aí na sua. Não precisa me lembrar que eu estou on my own.


aliás, acho que vou terminar e-mails e telefonemas pra ex-namorados dizendo "fica aí na sua." acho que tem tudo a ver.

pardon my french

Uma pausa na programação só pra dizer a todos os ex-namorados que terminam e-mails ou telefonemas dizendo "se cuida":

Vaitomarnocu!


Isso é irritante, meninos. Não façam.

Não.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009



Eu disse não querendo dizer sim.

Eu magoei você quando eu disse não. Eu me magoei. Mas eu não podia dizer sim.

Você não entendeu, você nunca vai entender. Você vai ficar aí pensando em mim. Eu vou ficar aqui pensando em você. E você sempre vai achar que eu podia ter dito sim. Que eu sou teimosa. Que eu sou medrosa. E eu sempre vou achar que o teimoso é você. Que o medroso é você.

Você nunca vai entender. Eu vou me arrepender todos os dias. Depois vou me perdoar, porque eu não podia mesmo dizer sim. Eu não consegui.

At that particular time love encouraged me to leave
At that particular moment I knew staying with you meant deserting me

That particular month was harder than you'd believe, but I still left


Todo dia uma lembrança. O caminhãozinho do bolo de reis. A lista de compras. Seus lápis de cor alemães. Sua camiseta american apparel. Seus livros preferidos no meu criado mudo . O amor nos tempos do cólera. Minhas luvas de oncinha. Os cartões postais na minha parede. Meu bolo de cenoura. Seus desenhos. Torrada com manteiga e geléia. Secret heart. O coração na última página do livro. Nina Simone. All my loving. I'm so tired. Meu lenço rosa. Sempre que eu uso rosa eu penso em você. Seu remédio na minha mala. Meus brincos de turquesa na sua mala.

Todos os dias eu me pergunto. Quantas vezes ainda eu vou dizer adeus?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

"Eu e você vamos sempre ser essas pessoas que pensam "Olhou pra mim? Mas por quê? Tou suja?"

(falando sobre auto-estima)

(eu tenho uma amiga que me enxerga inteira, e você?)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Todos os dias estou aqui. De joelhos perguntando POR QUÊ? Por que eu tenho que passar por isso, meudeus?

Flertando por sms: meu coração dispara, minhas mãos ficam suadas, minhas pernas não param de tremer.

Eu não nasci pra isso.

domingo, 18 de outubro de 2009

Acho sempre engraçado quando você paga por vodca importada e o bartender mostra a garrafa antes de servir.

Não tá me provando nada. Você pode muito bem ter enchido a garrafa com uma vodca vagabunda qualquer.

E olha bem pra minha cara. Você acha mesmo que eu notaria a diferença?

¬¬

Acho que existe um roteiro.

Quando eu digo que sou professora de inglês, eles falam inglês. Eu fico naquele minipânico. Tipo, o que eu faço com essa pessoa? Dou nota? Não quero falar inglês, hoje eu tô de folga!
Quando eu digo que estudo literatura, eles começam a falar sobre os livros mais importantes do mundo.

Dou várias risadinhas internas. Porque se você pensa que vai conseguir alguma coisa com esse papinho de que leu Ulisses, do Joyce, haha, você tá certo.

Mas nem precisava.

Eu sou bem mais fácil do que isso.

mas minha dúvida é: se quando eu falo que estudo literatura eles falam sobre livros, quando alguém fala que é dentista eles falam sobre dentes?

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Cara, você tem que me ver lendo Shakespeare. Fico numa loucurinha sem fim. Não sei onde as coisas começam e terminam. Fico toda maluca, morreu? quem morreu? morreu de quê? em que página foi isso?

não.en.ten.do.


tenho que ler quatro peças dele na pós este semestre. depois escrever várias páginas sobre elas. imagina meu pânico.

Eu quero que você pense em três autores e suas obras:

João Ubaldo Ribeiro, Virginia Woolf e James Joyce.

Agora pensa que todos são aquarianos.

Até fez um pouco de sentido, não fez?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Hoje ri de cair uma lagriminha falando sobre Sonho de uma Noite de Verão na pós. Na parte em que o Bottom ganha uma cabeça de asno.

Não conseguia parar de rir.

É por isso que dizem que Shakespeare é atemporal, né? Mulheres de qualquer época podem se identificar.

Afinal, que mulher nunca se apaixonou por um asno?

Eu não me lembro de querer ser outra coisa além de professora. Nunca quis ser astronauta, cientista ou domadora de feras. Sempre quis ser professora.

Brincar de escola era a minha brincadeira preferida. Eu colocava meus bonecos sentados no chão com cadernos abertos e dava aula a tarde inteira. Se hoje eu reclamo pra fazer plano de aula, é porque planejei muitas aulas durante a infância. Cara, eu tinha um caderno de plano de aula. Tá?

Uma coisa que nunca faltava na minha casa era giz, pra escrever no meu quadro-negro.

Acho que fui a última pessoa do mundo inteiro que fez curso de formação de professores. Não, eu não tinha que usar uniforme de normalista. Eu podia ir pra escola de calça jeans e tênis. Ficava o dia todo na escola, de 7 às 17:30.

No curso de formação de professores, eu tive aulas de didática do ensino religioso. Estudei em colégio católico, né?

Eu já tive uma professora que foi professora da minha avó e do meu pai. Ela era professora de história.

Eu fiz muita caligrafia na vida pra ter letra de professora.

Eu quis estudar literatura por causa de uma professora de literatura que eu tive no ensino médio. Ela nos fez estudar Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu, Paulo Leminski, João Cabral de Melo Neto, Lígia Fagundes Telles (<3), Cacaso, Adélia Prado. Era o máximo. Eu queria tanto encontrar com ela e dizer que a aula dela era o máximo.

Eu ganharia mais dinheiro se fizesse só traduções. Mas eu gosto de sala de aula. Gosto de escrever no quadro, de dizer "in English, guys" a cada 5 minutos.

Sempre que eu encontro um ex-professor, eu chamo de professor. Nunca chamo pelo nome. E sempre digo "eu sou professora também!"

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Eu tenho uma turma de alunos que têm uns 7 anos. Normalmente, eu uso lentes de contato, mas às vezes uso óculos. Quando me viram de óculos pela primeira vez, ficaram muito espantados.

Um deles chegou atrasado, ficou me olhando pela janela da porta e disse:
-Oh! Uma velha senhora!

E a partir daí, toda vez que me vêem de óculos me chamam de velha senhora.

Hoje fui trabalhar de lentes de contato, mas mesmo assim um deles me chamou de velha senhora. Outro aluno corrigiu:

-Que isso! Não chama de velha! Não tá vendo que ela não passa dos 50?

Ah, puxa. Obrigada.

domingo, 11 de outubro de 2009

Daí é aquilo. É tão difícil ser uma menina solteira. Ser uma maioria tratada como minoria. Eu até já sei o que quero estudar no mestrado. Quero estudar a literatura de meninas solteiras. Porque ninguém sofre como nós.

Daí imagina como é pior ainda ser uma menina solteira e não ter a mínima paciência pra palhaçada, como eu.

Imagina ser uma pessoa que, como eu, tem que falar da minha falta de paciência toda semana na terapia, de tão grave que ela é. Tenho que ficar lá, dizendo a quantas anda meu nível de tolerância. Com quem eu briguei? A quem eu respondi mal? Quem eu desejei que morresse fulminado por um raio? Esta é a minha vida, a minha luta pra ser uma pessoa mais legal e to-le-ran-te.

Mas ainda não sou, né? Tolerante. Ainda sou alguém que dá respostas atravessadas, que faz cara feia, que revira os olhos, impaciente.

Cara, é duro.

Eu saio da minha casa, me arrumo linda, vestido novo. E passo a noite me imaginando arrancando várias cabeças com uma espada.

Eu queria muitomuitomuito entender cabeça de homem.

Em que lugar do mundo dizer pra uma garota "seu vestido parece um pijama" é legal? Não é legal, não é fofo, não é engraçadinho. É babaca. É a pior forma que você podia encontrar de puxar conversa comigo.

A regra é clara: elogie os meus vestidos. Sempre.

Eu sou mega mimada. Essa estratégia masculina de fazer uma ofensa (que eles acham que é) engraçadinha pra puxar assunto não me atrai nem um pouco.

Então, não. Não quero conhecer você, não quero conversar com você. Depois da palhaçada, eu nem sequer quero olhar pra você.

Sai!

então é isso, meninas. homem tem, né? e esse aí com certeza não tinha namorada ou tava apaixonado por outra. mas é uma pessoa que diz que seu vestido parece um pijama só porque ele é xadrez. quem quer?

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

-Olha só, você pode pegar outra P desta aqui?
-Essa tá com algum problema?
-É que...
-Tá furada? O que foi?
-É que do jeito que ela foi cortada, por causa da estampa parece que meu peito direito é maior do que o esquerdo.
-Ah, tá.

Você não sabe como é difícil ser eu.

Então, é assim. Se você faz o mal, o mal volta pra você. Se você faz o bem, o bem volta pra você.

Karma, né? Dizem que funciona assim.

Daí que funciona mesmo. Porque hoje comprei uma camisa linda pro meu irmão. É aniversário dele, eu sei que tenho que dar presente mesmo. Só que podia ter comprado qualquer coisa, né? Não comprei. Comprei uma camisa cara e linda. Linda.

E por isso também trouxe pra casa um vestido, duas blusas e uma sandália.

Viu? Funciona.


é aniversário do meu rrrimão hoje! o rrrimão mais fofo do mundo. mesmo sendo o mais mal humorado também.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Eu tenho uma boa e uma má notícia.

A boa é que há esperança, meninas. Existem garotos legais por aí.

A má é que eles estão todos taken. Alguém sempre chega antes.

Sorte aí.

;)

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Existem dois tipos de amiga.

Tem aquele tipo que quando o cara não tá a fim de você diz que ele só pode ser gay. E tem o outro tipo, o que diz que ele só não tá interessado e isso é normal, porque você não se interessa por milhões de homens todos os dias e não é por isso que você é gay. Eu sou desse tipo.

Tem aquele tipo que quando você diz que vai trair o namorado diz que é isso mesmo, que homem é tudo safado e merece. E tem o outro tipo, o tipo que diz que pra que fazer isso se você pode terminar numa boa e ser legal? Eu sou desse tipo.

Tem aquele tipo que diz que homem é assim mesmo. Ele não quer nada sério hoje, daqui a pouco ele muda de idéia. E tem o outro tipo, o que diz que se ele não quer nada sério hoje, também não quer amanhã nem daqui a dois meses. Eu sou desse tipo.

Do tipo que ninguém quer ter.

Eu não seguro a minha língua.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Outro dia o jantar aqui em casa foi uma pizza-rocambole. É assim: você faz a massa, põe a cobertura, enrola, corta e assa as fatias.

É uma pizza. O que muda é o conceito. Entendeu? Ficou gostoso. Porque é pizza, e pizza é gostoso.

É uma idéia que veio do programa da Ana Maria Braga. A pessoa frita um peru em rede nacional e minha mãe ainda leva a sério.

Só sei que além de comer pizza tivemos o prazer de ouvir da minha mãe um discurso sobre como é bom mudar.

Jantar + lição de vida.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

SMS

mãe, vc recebeu o e-mail que eu te mandei com um vídeo no youtube?
...
recebi, filha. mas o computador bloqueou. mensagem dizendo que só posso usar o computador pra trabalho.
...
hahaha bem feito.
...
são uns babacas

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Eu sou menina e adoro usar rosa. Eu sou menina e não espero que me liguem no dia seguinte. Eu sou menina e não faço a menor questão de dormir de conchinha. Eu sou menina e faço questão de pagar minha parte na conta. De qualquer conta. Mesmo que eu tenha sido convidada. Eu sou menina e quero casar. Mas não de branco e não na igreja. Eu sou menina, não sou princesa. Eu sou menina e acho que quero ter filhos. Eu sou menina e tenho cabelo comprido. Eu sou menina e não gosto de machismo. Em homem e em mulher. Eu sou menina e tenho pavor da expressão "mal amada". Eu sou menina e faço cara feia quando alguém diz "isso é falta." Eu sou menina e falo palavrão. Eu sou menina e queria não ouvir gracinhas quando uso roupa curta. Eu sou menina e amo laços. Eu sou menina e faço as unhas toda semana. Não saio sem maquiagem. Uso sapatos que machucam meus pés, só porque são bonitos. Uso brincos. Eu tenho vergonha disso, um pouco. Eu sou menina e uso relógio. Grande. Eu sou menina e não aceito quando alguém diz que não existe amizade feminina. Eu sou menina e não gosto de competição. Eu sou menina e sou péssima em esportes. Eu sou menina e gosto de meninos. Eu sou menina e acho que a vida é mais fácil pros meninos. Eu sou menina e tenho voz de menina. Eu sou menina e sei cozinhar. Eu sou menina e carrego minha própria mala. Mesmo quando são duas e cada uma pesa 30kg. Eu sou menina e choro. Em qualquer lugar a qualquer hora, quando dá vontade de chorar. Eu sou menina e sei administrar meu dinheiro. Eu sou menina e não compro a prazo. Eu sou menina e nunca tenho dinheiro na carteira porque sempre esqueço de passar no banco. Eu sou menina e sei ler mapas. Eu sou menina e tenho um senso de direção aceitável. Eu sou menina e sei que goiaba é diferente de salmão e diferente de rosa pálido. Eu estou falando de cores. Eu sou menina e gosto de beber. Eu sou menina e uso vestido. Eu sou menina e acho que vestido é uma roupa injusta. Eu sou menina e gosto de futebol. Eu sou menina e gosto de espaço. Eu sou menina e não sou ciumenta. Eu sou menina e nada pontual. Eu sou menina e poderia falar disso sem parar.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Eu tava só indo à padaria comprar picolé (o segundo do dia) com uma amiga, quando ela me contou:

-Vou fazer outro peeling. E meu dermatologista vai me dar de brinde um peeling no colo. E um na bunda.

Esta é a minha vida.

domingo, 13 de setembro de 2009

Daí tô no balcão da farmácia e uma pessoa atrás de mim, olhando por cima do meu ombro:
-Também tomo esse.

Cara, não faz isso comigo. Eu não tô bem. Eu tô super maluca. Falei "sai daqui!" na hora, depois me arrependi, pedi desculpa, disse que me assustei.

Depois me arrependi de ter pedido desculpa e não ter dado um soco.

Um soco muito forte.

Lembra de quando eu decidi que seria uma pessoa que usa vestidos? Então, agora me tornei essa pessoa. E só compro vestidos. Não compro outras peças de roupa, só vestidos. Felipe disse que das últimas quatro vezes que saiu comigo, eu comprei um ou mais vestidos.

Todos fabulosos.

Eu fico pensando se devo ou não atender. 10:30 da noite. Eu dei esse nível de privilégio? Depois de 9:30 não é qualquer um que pode me ligar.

-Oi, tudo bem? Ah, tô te ligando pra pedir desculpa. Disse que ia ligar ontem e não consegui, não deu pra ligar.

Papinho!

-Quero muito te ver de novo. Quando você pode?

Papinho!

-Sábado à noite tá bom pra você?

É aceitável dizer que sábado à noite é dia de sair com as minhas amigas? Não quer marcar num domingo à tarde?

Mas incrível mesmo é que a pessoa queira um segundo encontro. Já que no primeiro eu fiquei falando sobre circuncisão.

Ah, a juventude.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Acho que a diferença é que quando eu tinha uns 16 anos e alguém partia meu coração, eu podia fazer todo aquele drama. Minha vida acabou, buá-buá-buá.

E agora, quando alguém parte meu coração, eu tenho que acordar no dia seguinte pra ir trabalhar. Tenho que disfarçar os olhos inchados, o orgulho ferido. Tenho que ser amável. E nem me parece aceitável ser dramática por causa de um coração partido mais uma vez.

Porque eu sei que existe alguém por aí que vai partir meu coração em pedaços menores ainda, mais difíceis de colar.

Sofrer sem drama é duro.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

-Dá licença? Preciso passar...

E só aí eu percebi que tinha sentado na calçada pra brincar com o boxer que saía do prédio.

Não é que eu não tenha o que dizer. É que só tenho coisas chatas pra dizer. Nem eu me aguento, nem eu.

Sento aqui no computador, toda triste, toda por que eu, por que eu, porque eu. Daí fico um tempo aqui, naquela tristeza sem fim.

E quando levanto, sinto que o chão tá molhado.

O que é essa poça no chão do meu quarto?

Ah. É uma poça de lágrimas.

Uma poça.

Até minha tristeza é ridícula.

sábado, 22 de agosto de 2009

Outro dia uma das secretárias do curso me disse que um aluno perguntou quem seria a professora da turma dele este semestre. Ela disse que seria eu.

-Ahhh, a professora das bochechas cor-de-rosa!

Acho injusto. Eu super tento variar nos tons.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

-Pai, mas não tem uma referência? Tipo, onde eu tenho que descer?
-Ah, já sei. Você vai descer quando o ônibus virar à direita e depois à esquerda.

Nunca, em 26 anos, esta família fez sentido.

Por que faria justamente pra me dar um ponto de referência, né?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Adoro quando leio numa resenha de vinho: fácil de beber.

Quando é que é difícil? Diz pra mim.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Eu não sei como é ser menino. Acho que deve ser mais fácil do que ser menina e mais chato também.

Mas eu sei como é ser menina. E sei que o cara chato só vai sair do seu lado quando um outro homem falar com uma voz grossa "sai daí. não quero ter que falar de novo."

E o cara chato sai, só porque um homem falou. Não importa se você pediu mil vezes antes. Não importa se pediu por favor, se falou num tom bravo.

O cara chato só saiu porque um homem falou.

Não sei quem inventou essa história de ser superior. Alguém muito babaca. Alguém que nunca foi magoado. Não sei.

Não funciona. Odeio essa obrigação de ter que ser superior. E a patrulha? Sempre tem um pra dizer "já passou, esquece. você é melhor do que isso."

Não importa. Eu quero abraçar meu rancor.

domingo, 2 de agosto de 2009

Daí no meio da noite, uma menina:
-Desculpa, eu sei que não é educado perguntar. Mas, quantos anos você tem?
-26.
-Ahhh! Achei que você fosse novinha, tipo eu.

Oi?

OI? OI?
...
Não posso, hein? Sair pra um lugar onde toca Lady Gaga e só tem adolescentes. Porque quero cuidar de todas as adolescentes bêbadas. Todas. Quero ensinar a beber e ligar pra mãe vir buscar.