terça-feira, 31 de julho de 2012

Eu fiz uma coisa que achei que nunca faria na vida: fui a um encontro de pessoas da minha turma na escola.


Eu não ia, ignorei o convite até o último minuto, quando recebi uma mensagem de uma das poucas amigas que me sobraram da escola dizendo que ia. Corri, escolhi uma roupa e fui, pensando que era bobagem ficar com medo de rever aquelas pessoas. Se eu fui até Paris e revi um grande amor perdido, nada pode ser mais assustador.

Foi bem assustador, mas não ao ponto de enfiar as mãos nos bolsos do casaco com medo que alguém pegasse nelas.

Como sempre, não foi nada como num filme. Mil ilusões de como eu ia chegar lá com um ventilador fazendo ffff no meu cabelo esvoaçante. Mas só em filme mesmo. Ninguém estava acabado e com inveja da minha vida ótima. As pessoas também estão ótimas e felizes e algumas estão casadas, outras estão solteiras e quase todo mundo tem um sobrinho, mas tá todo mundo bem satisfeito com a vida e mais bonito do que na escola. E eu ouvi uma história tão bonita sobre o que aconteceu depois da escola com a vida de uma menina que estudou comigo que tenho repetido a história pra mim mesma às vezes, só pra não esquecer.

E, depois de ouvir que, wait for it, eu sempre fui uma pessoa muito difícil, eu, que cheguei planejando ir embora 40 minutos depois, acabei indo embora junto com todo mundo, com as mãos nos bolsos do casaco. Mas foi porque tava meio frio.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Há uns anos uns homens inventaram na Internet uma coisa chamada Lingerie Day. Da primeira vez, achei que fosse só uma brincadeira machista. Eles pediam que mulheres colocassem em seus avatares fotos de si mesmas usando lingerie.


Fiquei incomodada já dessa primeira vez, porque não vejo sentido nenhum em obedecer a um chamado machista desses, mas não imaginei que a coisa tomaria a proporção que tomou.

E mais incomodada ainda eu fiquei quando li textos justificando o ato de mandar fotos para o Lingerie Day como uma escolha feminista.

Espera. É um ato proposto por homens. No site onde eles organizam a coisa toda, montado e escrito por homens, deixam bem claro que apenas mulheres bonitas podem mandar fotos. E quem é bonita? Eu não sei, mas eles se empenham tanto nessa coisa de estabelecer qual é a aparência aceitável de uma mulher, que você pode vê-los por aí, nos blogs femininos, dando opinião sobre nosso corte de cabelo até o formato das nossas unhas (juro!), passando por que tipo de leggings e pulseiras nós devemos usar para agradá-los.

(Não vou nem começar a falar do quanto é triste ver homens dando opinião sobre a aparência de uma mulher num blog feminino, lido principalmente por mulheres jovens e adolescentes, ainda formando sua autoimagem.)

Então, é isso. Homens inventaram o Lingerie Day, dizem que você não pode tirar foto com uma lingerie velha e não pode mandar foto pra eles se for feia. Mas, de alguma forma, isso não só resistiu aos anos, como quiseram transformar isso numa escolha feminista. Não é. Nunca foi, não vai ser só porque a gente decidiu.

Não é um debate sobre pornografia, não é um debate sobre nudez. Não é um debate. Não é um protesto. Não vamos confundir as coisas. Somos nós obedecendo a homens que assumidamente querem se divertir à nossa custa.

Tire a roupa quando quiser, pra quem você quiser, quantas vezes você quiser. Se a nudez é libertadora, libertária, se é tão importante pra você mostrar que é dona do seu corpo, tire a roupa. Mas não tire a roupa hoje. Tirando a roupa hoje, a escolha não é sua.


Sister blister, we fight to please the brothers
We think their acceptance is how we win
They're happy we're climbing over each other
To beg the club of boys to let us in

domingo, 22 de julho de 2012

A última prova do semestre sempre é oral, para todos os alunos. Para a turma de minialunos que eu tinha este semestre, era a primeira prova oral deles.


Eu sempre explico antes como é a prova, explico que não vai ter nada que eles não tenham visto e tal.

Daí, na prova, antes de pedir que eles respondam qualquer coisa, eu sempre dou um exemplo, pra eles saberem como tem que fazer.

Numa parte da prova, o slide de exemplo é a foto de um cavalo branco.

Assim que o slide abriu, antes que eu falasse qualquer coisa, João Victor levantou a mão, um pouco desesperado:
-Tia, isso é um unicórnio? Porque isso a gente não aprendeu!!

terça-feira, 17 de julho de 2012

Foi o pedido de desculpas mais mixuruca de toda a história dos pedidos de desculpa. Mas foi um pedido de desculpas. E eu posso ter dito o que eu tinha pra dizer de cabeça baixa, mas eu disse.


E o melhor é que eu disse sem saber como as coisas vão ficar. Disse porque estava devendo.


e, ok, não curtiu o presente de aniversário que eu dei. mas tava usando o cardigã que eu trouxe de paris.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Tenho um plano pro fim de semana. Vou fazer uma coisa que há muitos anos não faço. É a primeira vez que eu faço isso com essa pessoa. Estou um pouco nervosa, não sei direito como fazer. Não sei se anuncio ou se faço de uma vez. Ensaiei um pouco sozinha como vou fazer, mas acho que na hora, com a outra pessoa no meio, vai ser diferente.


Estou um pouco nervosa, faz tanto tempo, nem sei se lembro direito como se faz. Mas não posso evitar, tenho que fazer.

Vou pedir desculpas.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Minha analista tem uma pasta com tudo sobre mim. É amarela, tem meu nome na capa e quase sempre já está em cima da mesa dela quando eu chego. Na pasta tem tudo o que eu disse nesses cinco anos juntas.


Então, quando eu chego lá fazendo queixa dele, do que fez, do que deixou de fazer, de como estou magoada, comendo doce de leite e ainda assim emagrecendo, ela folheia tudo sobre mim que está dentro da pasta e diz:

-Agora vamos ver as coisas que você fez e disse pra ele.

Mas que que é isso? A gente não pode só falar de como eu sou legal, fofa e mereço ser amada?

Fico triste. =(

sábado, 7 de julho de 2012

Meu pai me ouviu chorando e veio ver o que estava acontecendo. Perguntou se eu estava chorando, mesmo vendo as lágrimas e o rosto todo inchado. Achei gentil. Eu disse que sim, ele perguntou por quê. Eu disse que era a vida. Ele disse pra eu não chorar mais.


Sempre me dá pena do meu pai quando ele me vê chorar. A cara que ele faz, que dó.

diário do coração partido 3, semana 1.

domingo, 1 de julho de 2012

Me arrependo muito de ter sido tão moderna e na minha e penso em tudo o que eu não disse. Cogito mandar um e-mail agora, mas não quero soar como vítima nem reacender o contato.


De que adianta ser tão cool se depois eu vou chorar ouvindo Nuvem de Lágrimas?

diário do coração partido 3, semana 4.