Foi um ano bom. Fico até meio tensa de escrever isso depois de tantos anos ruins. Vai que cai um raio em mim. Ou todos os fios de cabelo do lado direito da minha cabeça se partem ao meio. Não sei. Sempre penso que alguma coisa pode acontecer.
Eu não tinha um ano bom há bastante tempo. Vivia pra lá e pra cá com meus caquinhos. Acordava de manhã, catava os caquinhos e ia fazer o que tinha que fazer. Passava o dia carregando meus caquinhos e à noite chegava em casa, dava banho em cada um dos caquinhos, alimentava e colocava pijama neles. Dormia abraçada a eles. Eu de pijama xadrez, os caquinhos de pijaminha listrado.
Em 2011 eu me despedi de alguns caquinhos. Arrumei os pijamas e as meias dos caquinhos e eles foram embora carregando suas malinhas, alguns sem olhar pra trás, outros ameaçando voltar.
Alguns caquinhos ficaram aqui. Alguns ficaram porque eu pedi que ficassem, que não fossem embora agora, porque ainda preciso de caquinhos para me espetar o coração. Outros ficaram porque não queriam ir embora, gostaram daqui, onde têm pijaminhas listrados, meias quentinhas e um coração para espetar.
Depois que tantos caquinhos se mudaram, sobrou muito espaço. Sobrou tanto espaço que chegou o amor. Eu não acredito em amor, mas ele entrou no espaço que os caquinhos que foram embora deixaram. Ou já tinha entrado e eu não tinha percebido. Ele demorou para se apresentar, o amor ou o que quer que seja isso. Bom, chegou, tá aqui, tentando fazer amizade com os caquinhos que ficaram. Os caquinhos espetam o amor, desconfiados e cheios de ciúme, não querem dividir o espaço. O amor se esconde dos caquinhos, porque às vezes eles espetam pra valer e dói muito, mas não é por mal. Eles vão aprendendo a conviver, os caquinhos e o amor ou o que quer que seja isso.
Eles têm aprendido a conviver neste ano bom, estão ansiosos para o próximo ano e o amor ganhou um pijama de caveirinhas e meias quentinhas, pra não morrer de ciúme dos caquinhos e seus pijamas listrados.
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Faz pouco tempo eu percebi que não tenho mais colocado estrelinhas nos e-mails dele. Não marco mais com estrelinhas os e-mails que ele me manda perguntando how are you doing ou what's new in your life. Os e-mails onde eu passei a ser Renata, sem nenhum apelido.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Tem esse menino que se mudou pra uma casa nova. E na primeira vez que eu fui à casa nova dele, levei uma garrafa de vodca. Ele tinha acabado de sair de uma crise de gastrite. That's how I roll.
Daí há uns meses eu vi uns enfeites de natal que tinham super a ver com a profissão dele e pensei em comprar. Mas não achei no Brasil e o site que vendia os tais enfeites não enviava pra cá. Deixei pra lá.
Da última vez que eu fui à casa dele, nós estávamos voltando do almoço e ele reparou que tinha a única porta do andar sem enfeite de natal. E eu resolvi procurar um enfeite que tivesse a ver com a casa de um menino moderno solteiro e heterossexual.
Não sei se você gosta de natal ou se odeia como eu. Não sei se você já reparou. Mas não existe nada pra natal que não seja cafona. Desculpe se você gosta de natal, mas é tudo cafona. Você gosta dos enfeites porque tem boa vontade e um coração bom. Eu não tenho nem um nem outro, então posso confirmar pra você: é tudo cafona. Eu sei bem disso porque sou filha da louca do natal. Chega no natal e minha casa vira a oficina do Papai Noel. Cada porta tem um enfeite de natal. Sim, cada porta da casa. Estou falando de portas internas.
Na porta de entrada tem essa mega guirlanda, provando que natal não combina com homens modernos, solteiros e heterossexuais:
Bom, não encontrei nada que combinasse com a casa do menino. Nada que fizesse ele achar graça e dar um sorrisinho e não pensar "meudeus, essa garota tá louca. onde ela acha que eu vou pendurar uma guirlanda de ponto de cruz?" ou alguma coisa do tipo.
No meio da minha procura - eu tinha esperança de encontrar uma caveira com chifres de rena ou sei lá - eu achei umas forminhas de gelo com formato de caveirinha, comprei e mandei pra casa dele.
Sim, eu fiz isso.
Eu mandei duas formas de gelo pra ele, sem cartão ou explicação do motivo pelo qual eu estava mandando duas formas de gelo pra ele. Porque não tinha explicação, né? Não tem explicação. Eu queria comprar uma rena-caveira e comprei duas formas de gelo. Eu posso tentar, mas não vou conseguir explicar. Porque não tem explicação.
Acho que a única forma de terminar este post é lembrando o que eu faço da vida: educo pessoas.
Você já sabe a quem culpar se daqui a uns 10 anos nós tivermos toda uma geração de pessoas fluentes em Inglês (vamos torcer, né?) que não têm um namorado.
domingo, 18 de dezembro de 2011
se eu chorar
No sonho que eu tive há algumas semanas, nós nos reencontrávamos lá, como vai ser de verdade, mas a cidade tinha praia. Nós íamos comprar peixes numa barraquinha na areia e eu dizia "eu vou comprar peixe aqui todos os dias e vou te esperar em casa com o jantar pronto." Tudo que eu não fui capaz de fazer. Não sou capaz.
tô (mais) dramática.
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Ele disse, rindo, que gosta de músicas estranhas.
Eu não disse - não sei por que não disse, acho que porque sou tonta - mas pensei.
Pensei que uma das coisas que eu mais gosto nele é o gosto musical. Mesmo que eu não conheça nem metade do que ele ouve. Eu amava chegar lá, quando a gente ainda estava se conhecendo, e ver que tava tocando uma música que eu nunca tinha ouvido na vida. E quando tava tocando alguma coisa que eu conhecia, eu queria dar um abracinho e dizer "também gosto dessa!" Mas não dizia.
A gente pode ser bem pateta às vezes. Quando eu digo a gente, estou falando de mim. Quando eu digo às vezes, estou falando do tempo todo. Sempre.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
domingo, 27 de novembro de 2011
Eu trabalho num lugar onde as aulas são constantemente observadas. Alguém assiste à aula da professora e depois envia um feedback, dizendo o que foi legal e o que não foi.
terça-feira, 22 de novembro de 2011
É ruim terminar. Acho que pra todo mundo. Pra mim tem uma coisa particularmente difícil em terminar.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
gosto que me enrosco
Menino que diz, enquanto nós dois andamos de mãos dadas, cheio de deboche:
terça-feira, 15 de novembro de 2011
terça-feira, 8 de novembro de 2011
domingo, 6 de novembro de 2011
Eu nunca dividi nada com meu irmão além dos meus pais. Nunca dividi quarto, comida, brinquedos, computador, nada. Fomos mimados como filhos únicos. Eu sou muito chata com essa coisa de espaço. Nem vou começar a falar porque senão nunca mais paro se começar a falar dessa coisa de "dá licença, você tá muito perto de mim, tá respirando o meu ar!"
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
A pior coisa do mundo é esperar alguém mudar.
domingo, 30 de outubro de 2011
No meio da historinha que eu estava contando para meus minialunos, havia a palavra "mouse". Daí fiz todo um teatrinho sobre como eu tinha medo e não gostava de ratos.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Este semestre fiquei com uma turma que já tinha sido minha há um ano. Na primeira aula, fiquei impressionada em ver como o inglês de uma aluna - adolescente - tinha melhorado. Ela tava mais participativa, sem medo de falar, boa gramática, bom vocabulário.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
como os sentimentos esdrúxulos
Eu tinha que procurar os comprovantes de que votei nas últimas eleições. Mergulhei na minha gaveta de documentos e coisas que importam. Por coisas que importam você pode entender desde canhoto de cheque até ticket usado do metrô de Paris. Coisas que importam.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
-Ah, então você tá apaixonada?
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Perdoei muitas coisas. Consegui entender que a dificuldade dele era a minha. Que o medo dele era o meu. Que o que ele não podia prometer a mim eu também não podia prometer a ele. Que a culpa não foi só dele. Que se ele não quis se jogar, eu também não quis, do meu jeito. Que a mágoa era da vida, do amor, que chegou tão grande num momento tão impróprio, não dele. A mágoa não é dele. É de nós dois, dois atrapalhados.
sábado, 8 de outubro de 2011
uma flor roxa
Vou repetir aqui a pergunta que já fiz mais de três milhões de vezes para amigos, analista, Hannah de língua de fora e focinho molhado, estrelinhas no céu.
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Funciona assim: você dá uma topada no pé da cama, o seu pé dói, você xinga. Se doer muito, você pode até chorar um pouquinho, cai uma lágrima, talvez caiam duas. Você vai andando com a dor e deixa pra lá.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Tá tudo errado. Tudo errado. De dar vontade de passar o dia de boca aberta, perguntando "por quê?"
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
das pequenas obsessões
Estou convencida de que o verdureiro cobra mais caro de mim. Tenho passado a maior parte do meu tempo pensando nisso e pensando na armadilha que vou montar pra pegá-lo no flagra.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
como pude
Quando finalmente acabou e você treme de pavor só de pensar em quando ainda não tinha acabado.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Depois de muito tempo. Muito tempo. A coragem de descer do meu pedestalzinho e dizer "eu gosto de você."
Stunt Poetry from Rishi Kaneria on Vimeo.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Dor no corpo, moleza, cansaço, tontura, vontade de passar o dia na cama, olhos pequenos e vermelhos, taquicardia.
quinta-feira, 8 de setembro de 2011
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Na análise:
-Mas então, Renata, o que você tá dizendo é que as pessoas têm que correr atrás de você e cair aos seus pés sem que você faça qualquer esforço pra que isso aconteça?
Ahn...
Bom.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Na aula anterior, o Vinícius, oito anos, avisou que na próxima aula era aniversário dele. O Matheus, oito anos, prometeu que ia dar um tobogã de presente. Eu logo disse:
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Eu tenho astigmatismo e não gosto de usar óculos. Se você não tem astigmatismo nem se importa em usar óculos, essa informação não significa nada. Se você é como eu, sentiu a dorzinha no coração que deve sentir sempre que compra lentes.
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Minialuno me chama, pedindo:
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
É sempre estranho falar com quem eu mais amei na vida e só desejar feliz aniversário. Não dizer "I love you", "I miss you", "Que saudade!"
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Eu gosto de reclamar. Caso isso ainda não esteja claro, mas acho que está: eu gosto de reclamar e eu reclamo de tudo. I'm only happy when it rains. Quando as coisas dão certo eu me sinto desconfortável, eu não sei o que fazer, eu quero fugir, correr bem rápido até não estar mais aqui.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Por mais que você tenha aceitado que não dá e tenha entendido que não tem como. Porque você entendeu. Tá? A questão não é essa. Você tá indo pra frente com os dois pés, em passinhos pequenos, mas um atrás do outro.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
E tem aqueles dias em que no meio do dia, eu sento pra almoçar e me sinto tão cansada que não consigo nem pensar em cortar minha salada.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
não esperou, :P
Eu estava embrulhando um presente na mesa comum da sala dos professores, no meu horário de almoço.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Passo o dia todo de mau humor, tudo me irrita, odeio o mundo, odeio a vida, odeio essa caneta que eu estou segurando. Até que eu olho pra baixo e percebo a causa. É ele, o sapato. O sapato, esse maldito, tá muito apertado, tá machucando meu pé em três pontos diferentes. Não sei como estou aguentando ficar em pé. Que dor, que dor.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Não adianta. Posso reclamar, espernear, fazer pirraça. Não adianta, não tem jeito. Não posso fazer nada além de chegar lá com o rabinho entre as pernas, na humildade e dizer de uma vez:
domingo, 31 de julho de 2011
As únicas coisas chatas de viajar sozinha são:
1. Em quase todas as suas fotos você vai sair com aquelas bochechas gigantes porque tirou fotos de si mesma da distância do seu braço. Se você vai viajar sozinha, abre mão de sair linda nas fotos. Abre mão. Aceita suas caras na foto. Aceita.
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Nao sei acentuar neste teclado.
Jah corri da policia.
Jah fui atropelada por uma bicicleta.
Jah encantei garcons.
Jah comi muito bem.
Jah bebi muito vinho. E pisco sour. E cervezas.
Jah andei a cidade quase toda a pe.
Jah amei muito esse friozinho seco que faz aqui.
Jah me apaixonei muitomuitomuito por Santiago.
domingo, 24 de julho de 2011
Sobre essa minha, hum, tendência, a curtir meninos que estão longe de mim, minha analista fez a seguinte pergunta:
quinta-feira, 21 de julho de 2011
nada
Eu mordi a língua. Todo mundo morde a língua às vezes, eu sei. Mas, olha só, eu dei uma mordida tão forte na minha língua que não sei como não arranquei um pedaço. Foi a mordida na língua mais forte de toda a história das mordidas na língua.
terça-feira, 19 de julho de 2011
-Você me faz suar. Calor não me faz suar. Um rottweiler rosnando me faz suar. Um carro buzinando pra mim porque eu atravessei a rua na hora errada e ele quase me atropelou me faz suar. Perder o equilíbrio e quase cair me faz suar. Me atrapalhar e mandar uma DM por engano pra minha timeline me faz suar. Um morcego voando baixo quase batendo na minha cabeça me faz suar. Você me faz suar.
domingo, 17 de julho de 2011
como sempre
Entro no táxi, já jogando a cabeça pra trás no banco, com aquela cara de quem vai pensando até chegar aonde tem que chegar.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
na teoria é fácil
-Você é bonita.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
"E aí, Renatinha, tá solteira?"
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Final de domingo, tô lá esperando o embarque e - opa, o que tá acontecendo comigo? - começo a chorar lendo um texto da Martha Medeiros no celular. Sim. Isso mesmo. Pois é. Pois é. Eu me vi, num domingo à noite, chorando com um texto da Martha Medeiros.
Você chega em casa no domingo à noite depois de um fim de semana fora. Vem puxando sua malinha vermelha linda que a empresa aérea quebrou porque não manuseia as coisas com o mesmo amor e carinho que você.
Opa, opa, opa.
quinta-feira, 7 de julho de 2011
E na terapia a pergunta:
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Chego em casa num dia comum, era uma quarta-feira. Na quarta todo mundo trabalha, na quinta também. Ninguém tem folga no meio da semana. Daí chego em casa numa quarta-feira, num dia comum, entro na cozinha e tem, veja bem, não estou brincando:
quinta-feira, 30 de junho de 2011
Uma das minhas alunas faltou a uma aula porque estava se recuperando de uma pequena cirurgia corretiva no nariz.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Eu tinha trabalhado de 9 às 9. O dia inteiro pensando em aula, dando aula, corrigindo prova, preenchendo boletim, entregando tradução. De manhã até a noite.
domingo, 26 de junho de 2011
Minha mãe me ensinou a não visitar uma pessoa com as mãos abanando. Nem sempre eu levei a sério o ensinamento, às vezes eu nem tinha planejado conhecer a casa de alguém, mas conheci. Mas eu tento, né? Se sei que vou conhecer a casa de alguém, tento levar alguma coisa.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
ainda isso
-Teacher, você cortou o cabelo?
terça-feira, 21 de junho de 2011
Que camisa branca linda! Que corte maravilhoso! Veste tão bem! Vale cada centavo! É tão linda, que vou usar só com uma calça jeans.
domingo, 19 de junho de 2011
u can't touch this
Porque aí eu passo horas, dias, to-da-a-mi-nha-e-xis-tên-cia falando sobre o menino, sobre aquele menino que eu já pensei que entendia e nunca entendi, e sobre como ele não se abre, não fala de si, não gosta de mim, não faz nada por mim, dá sinais malucos, um passo pra frente, um passo pra trás. Abraça como se gostasse. Não liga no dia seguinte como se não se importasse.
sexta-feira, 17 de junho de 2011
terça-feira, 14 de junho de 2011
-Tia, você já sentiu, assim, que ninguém te entende e aí você já sentiu, assim, vontade de ir pra um outro mundo, onde as pessoas entendessem você?
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Porque você passa esse tempo todo tentando ter o controle. Dizendo que não tem nada, que não existe nada, que tá tudo bem assim. Prometendo que você nunca mais vai sentir aquilo e nunca mais vai ficar de coração partido porque ninguém mais vai chegar tão perto.
sábado, 11 de junho de 2011
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Continuo firme no mantra.
terça-feira, 7 de junho de 2011
Vou lá medir minha pressão pro exame médico periódico da empresa. Minha pressão normalmente é baixa. Mesmo que eu tenha corrido antes ou feito polichinelos, sei lá, ela tá sempre baixa. Ela é baixa. Coisa de quem não tem muita emoção mesmo.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Daí você - no caso, eu - tá lá, lendo um livro que tem "love" no título. E alguém repara no título.
E você tem que ajeitar os óculos e dizer:
-Hm, na verdade, é um livro sobre loucura, obsessão e sobre como o amor não resiste a tudo.
Essa sou eu. Esse é o meu jeitinho.
é mentira que eu tenha ajeitado os óculos porque só preciso de óculos pra longe, não pra ler. mas achei que combinava com a cena.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Daí você é uma adulta, tem quase 30 anos, paga todas as suas contas (em dia!), toma vodca pura, leva seu trabalho a sério, tem vários acessórios e não gasta só com calça jeans, viaja sozinha, sabe ficar sozinha, toma suas próprias decisões (depois de perguntar a opinião de todas as amigas), vai à terapia toda semana sem falta, agenda massagens depois de uma semana ruim, e faz mais ou menos tudo isso que (dizem que) os adultos fazem.
quinta-feira, 2 de junho de 2011
terça-feira, 31 de maio de 2011
Não é fácil. Tem dias em que eu chego lá pensando que não tenho nada a dizer. Mas sempre há algo a dizer. Eu quero ser melhor, é isso que eu quero. Eu podia ter escolhido mil coisas, mas eu escolhi a análise e eu vou até o fim pra ver no que dá.
domingo, 29 de maio de 2011
o outro lado
Até agora você só havia debatido a relação com amigas. E amigas são fofas até pra matar sua esperança. Amigas são fofas. E às vezes dizem o que você quer ouvir. Às vezes dizem o que você não quer ouvir, mas de um jeito tão fofinho que fica até parecido com o que você quer ouvir.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
"O sistema se recuperou de um erro grave."
terça-feira, 24 de maio de 2011
A aula era sobre problemas de adolescentes e é claro que as meninas começaram a falar de meninos. Até que uma delas, a mais falante, me perguntou como se diz "desistir" em Inglês. Eu respondi e ela disse, num Inglês todo bonitinho:
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Daí que a coisa de mudar nomes de ex na agenda chegou a um ponto em que eu sonho com isso.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Eu adoro os textos da Luiza Trindade e este foi como um tapa na cara de todas as desculpas e explicações que eu uso. Ou tento usar.
terça-feira, 17 de maio de 2011
segunda-feira, 16 de maio de 2011
sexta-feira, 13 de maio de 2011
domingo, 8 de maio de 2011
Depois de um certo tempo na vida de single lady, depois de algumas histórias que acabaram sem nem ter começado, dá pra ficar com algumas lembranças.
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Só porque às vezes dá vontade de explicar.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Hoje minha mãe chegou no trabalho e tinha um presente na mesa dela.
sábado, 30 de abril de 2011
ela é sinistra
A minha mãe é leonina. Isso pode não dizer nada pra você, então vou explicar. O mundo gira ao redor da minha mãe. Não tô dizendo que isso é o que ela acha, não. Tô dizendo que é a verdade. O mundo gira ao redor dos leoninos. Nós que não somos leoninos somos meros figurantes.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
E tem aquelas vezes em que eu como tanto que engordo e fico com uma barriga que não reconheço como minha. Eu olho e vejo uma coisinha que foi anexada ao meu corpo. De onde surgiu? Para onde vai?
Sendo eu a pessoa que eu sou, é claro que não consigo admitir que a culpa é minha. Que excedi o limite aceitável de calorias. Que comi demais. Que tomei chopps além da conta. Lembra de tomar sorvete no lanche, Renata? Ih, não lembro.
É claro que sendo eu a pessoa que eu sou, eu penso que só posso estar grávida. Mesmo quando essa possibilidade não existe. Eu sempre acho que estou grávida.
E funcionando a minha mente da forma como ela funciona, toda uma história começa a se desenhar dentro dela. O que eu faço agora? Levo a gravidez adiante? Como vou criar essa criança? Onde vou colocar o berço? Conto para o pai? Não, não conto. Aí, um dia, já com muitos meses de gravidez (porque eu tenho certeza que vou ficar pelo menos 15 meses grávida, que tudo comigo é no exagero), vou encontrar o pai da criança, assim por acaso. Daí me imagino, muito digna, dizendo "não, o filho não é seu. é só meu." E uma lágrima cai.
Porque eu vivo dentro de uma novela, né? Eu me esforço pra viver dentro de uma novela.
mãe, eu sei que você resolveu ler o blog há pouco tempo, embora você soubesse da existência dele desde sempre. bom, mas então queria esclarecer pra você e papai que eu só poderia ficar grávida do espírito santo, tá? pra honrar a educação católica que vocês me deram. tô indo ali rezar o terço. um beijo.
domingo, 24 de abril de 2011
Eu não costumava contar para as pessoas. Porque demorou muito até eu entender o que era depressão e isso tudo. Então eu não costumava contar para as pessoas porque nem eu sabia.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
terça-feira, 19 de abril de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
Tudo seria muito mais fácil se a gente vivesse dentro de um filme. Bastaria dizer um pro outro: "Vamos nos encontrar no topo do Empire State daqui a um mês."
sábado, 16 de abril de 2011
Eu tenho assim uns vários amigos gays. De infância, adquiridos depois, tenho uns vários. Não tenho nem o que falar sobre eles serem gays porque não tem nada neles que os torne diferentes. É tudo igual.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Às vezes tenho que me perguntar: que pressa é essa?
terça-feira, 12 de abril de 2011
Mal entro na sala e ela tá lá. Nerdzinha, de óculos, falando muito rápido.
mais uma
Se essa história de me relacionar com meninos me ensinou mais uma coisa foi: sabe quando você tá lá, toda orgulhosa de si mesma porque conseguiu colocar um ponto final na história?
domingo, 10 de abril de 2011
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Ah, acho que entendi!
Fofo é para as meninas o que exótica é para os meninos.
Os meninos nos chamam de exótica achando que estão elogiando, coitados. Eu até entendo a boa intenção e até entendo o que eles querem dizer com exótica.
Mas não dá, né? Exótica não dá.
Tudo que a gente quer é ser linda.
E os meninos, o que eles querem ser?
fui procurar posts em que eu falava sobre ser chamada de exótica pra colocar um link aqui e, nossa!, como tem post sobre isso. parece que passei a vida toda sendo chamada de exótica. oh, wait!
quarta-feira, 6 de abril de 2011
-Ele é tão bonzinho.
-Ah, Renata, pelamordedeus, bonzinho não. Bonzinho não, né? Não me diz isso. Completa: ele é tão...
-Atencioso. Ele é tão atencioso.
-Ah, tá. Melhorou.
Eu sei que meninos não gostam de ser chamados de bonzinhos. Ou de fofos. Eu sei, já me disseram, eu entendi.
Mas eu não quero só dizer que é bonito. Não quero só dizer que é inteligente. Não quero só dizer que uau, fico arrepiada só de pensar. Nem quero só dizer que é engraçado e me faz rir.
Eu quero dizer que me faz ter vontade de andar de mãos dadas. Me faz ter vontade de encostar minha cabeça no ombro. Me faz sorrir fechando os olhos.
Eu quero dizer que faz o meu coração ficar quentinho.
Que palavra eu uso?
segunda-feira, 4 de abril de 2011
É porque eu sei que ainda me falta superar muitas coisas na vida que eu também sei que já superei muitas outras.
A dor eu já superei, eu sei. Posso falar sobre isso, posso escrever, posso deixar pra lá. Não importa, não dói mais.
Mas o orgulho ferido. A lembrança de que foi a primeira vez que meu coração foi partido. Tudo que eu faço pra evitar que aconteça de novo.
Ainda não.
Um dia, espero.
One of these days the ground will drop out from beneath your feet
One of these days your heart will stop and play its final beat
One of these days the clocks will stop and time won't mean a thing
But it's alright
Yet it's alright
I said it's alright
Easy for you to say
Your heart has never been broken
Your pride has never been stolen
Not yet, not yet
Eu sou bem esse tipo de pessoa. Sabe assim? Digo uma coisa, daí depois fico pensando que a pessoa vai entender tudo errado. Penso, penso, penso que a pessoa vai entender errado. Penso, penso, penso. And I'm just a soul whose intentions are good. Oh, lord, please don't let me be misunderstood, né? Faça o que quiser comigo, mas não me entenda mal.
Daí não me aguento. Mando um e-mail no meio da madrugada só pra dizer "olha, sabe aquilo que eu te disse há uns dias? então, espero que você tenha entendido que eu quis dizer isso-isso e não aquilo-aquilo. Eu não sou maluca."
E-mail no meio da madrugada. Falando de uma coisa dita há dias. Eu não sou maluca.
Assim. Nem com muita boa vontade a pessoa acredita em mim, né?
a parte boa disso é saber que eu não sou a única. né, J.?
quinta-feira, 31 de março de 2011
Incluí uma informação sobre mim na descrição aí ao lado.
Foi por causa deste post da Lola.
Eu concordo. É preciso me assumir e não deixar que ninguém além de mim me defina.
:)
...
E pra cada um que me disser:
-Nossa, você é feminista? Olha, mas nem parece!
Eu me dou o direito de responder:
-É. Tipo você, que nem parecia babaca até agora.
Porque, se tem gente que acha bonito ser machista, eu acho bonito ser igual.
:)
terça-feira, 29 de março de 2011
Outro dia apareceu um bebê aqui em casa. Na minha família não tem mais criança. Agora somos todos adultos. Bom, alguns são adultos nesse meu jeitinho de ser adulta. Mas somos adultos.
Só que outro dia apareceu um bebê aqui. Minha prima mais nova trouxe a afilhada dela. Minha prima mais nova já tem uma afilhada. Vê aí que ela não é adulta no meu jeitinho de ser adulta.
Daí o bebê tava aqui, fazendo coisas fofas de bebê. Eu curto bebês. Gosto de pegar na mãozinha e me imaginar mordendo as pernas gordinhas deles. Gosto de ver como os pés são pequenininhos e acho engraçado ver como bebês têm a cabeça grande demais pro corpo e um barrigão. Hihihi, barriga de bebê. Mas não pego bebês no colo nem troco fralda nem dou comida. Nada dessas responsabilidades.
Bom, eu tava lá vendo o bebê fazendo coisas fofas de bebê e fui ficando meio desesperada porque o bebê não parava e ficava fazendo mil coisas e emitindo sons e meudeus, não para, não para!!
Aí eu disse pra minha tia:
-Olha, acho que nunca vou ter filhos.
Minha tia disse, pra você ver em que nível tá a confiança da minha família em mim, tá? Minha tia disse:
-Ahhh, mas nem uma produção independente?
Assim. Tia. Eu não tava falando disso.
domingo, 27 de março de 2011
Ficar aqui, sentada na minha cadeira nova, olhando o céu pela janela, lendo um livro que eu comecei há meses e parei porque tinha que escrever minha monografia da pós, comendo sanduíche de queijo branco no pão preto mais ou menos torrado e bolinhos de chocolate recheados com doce-de-leite e cobertos com brigadeiro.
Tudo que sempre esteve aqui.
Mas só quando se tem depressão e se descobre que o caos está aqui dentro é que se descobre que a paz também pode estar.
:)
I dig in this ocean and I try to fill it with gold
Fill it to the top, fill it to the top, fill it to the top
Do you look for hope in other people's eyes?
Well, that may be your worst redemption
sábado, 26 de março de 2011
Um amigo meu começou a usar lentes de contato há pouco tempo. Eu uso lentes há vários anos. Nem me defino mais como pessoa de óculos. Se alguém me pergunta se eu uso óculos, digo que não. Só depois corrijo "ah, é que eu uso lente."
Daí meu amigo que começou a usar lentes de contato há pouco tempo tava perguntando umas coisas sobre cuidados com as lentes.
-Ah, não sou de muita frescura com a lente, não. E só tive problema uma vez, quando deu fungo numa lente.
-Deu fungo? Como você descobriu?
-Uma cartomante me disse.
-O.o
-É, durante a consulta ela ficou repetindo que via um problema nos meus olhos, falou umas três vezes, até que disse "Você usa lente? Pode ser fungo, hein?" E uma semana depois eu vi uma manchinha branca na lente.
Porque já faz um tempo que eu deixei de fazer sentido.
quarta-feira, 23 de março de 2011
Tem uma coisa que eu invejo nas pessoas. Bom, tem muitas coisas que eu invejo nas pessoas. Tipo muito dinheiro e paciência com pessoas solitárias que falam comigo na rua.
Mas o que eu invejo mesmo é a capacidade que algumas pessoas têm que abrir o coraçãozinho. De não ter vergonha nenhuma de se mostrar vulnerável. A coragem de dizer pra alguém "eu gosto de você" sem ficar pensando em como a pessoa pode usar isso contra mim.
Invejo muito.
terça-feira, 22 de março de 2011
sábado, 19 de março de 2011
outra coisa
Se essa história de me relacionar com meninos me ensinou outra coisa foi a acreditar quando eles dizem que não valem a pena.
Se ele diz que está confuso, acredite.
Se ele diz que não seria um bom namorado, acredite.
Se ele diz que precisa de um tempo, acredite.
Se ele diz que você é boa demais pra ele, acredite.
Se ele diz que não merece o que você sente por ele, acredite.
Costuma ser verdade.
Mas não faz como eu, hein? Porque não adianta nada acreditar só na teoria. Acredita e põe em prática. Manda um beijinho pelo ar, dá uma piscadinha e sai daí.
Depois você pode passar o dia inteiro cantando Fuck You. Cee-Lo e eu autorizamos.
sexta-feira, 18 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
Nós estávamos jantando e sobrou muita comida. Eu disse:
-Pede pra embrulharem e leva pra casa. Vai que você sente fome de madrugada, daí já tem o que comer.
Ele podia ter me achado legal, né? Podia ter curtido a minha preocupação com o bem-estar dele.
Mas, em vez disso ele disse:
-Não é bem isso que eu quero comer de madrugada.
Mais uma da série Piores coisas que eu já ouvi num encontro.
...
Nessa eu também ri HAHAHAHAHAHA.
...
Ele não levou uma quentinha pra casa. Uma pena, porque a comida estava deliciosa. Então, sei lá, se ele acordou de madrugada deve ter comido um misto-quente ou alguma coisa assim.
segunda-feira, 14 de março de 2011
coisas com as quais eu não queria ter que lidar
Um dia descobri que todo o crédito que eu tinha no cartão refeição tinha sumido. Su-mi-do. O dinheiro que tinha dentro do cartão fez puff! e sumiu.
Quando eu olho pra minha vida, eu tenho certeza que não mereço isso. E eu sou bem realista, hein? Eu admito que mereço muitas coisas terríveis que acontecem comigo. Tipo, eu mereço ficar com o pé todo machucado porque insisto em usar um sapato assassino. Eu mereço e sei disso. Quando eu calço o sapato, eu já tô pensando que mereço a dor que vou sentir depois. Eu mereço não ter namorado porque tô aí, perguntando "mas o que é o feminino?" ou rindo na cara dos meninos quando eles confessam coisas constrangedoras a respeito deles. Eu sei que mereço.
Mas tenho certeza que esse outro tipo de problema eu não mereço ter. Tenho certeza que não mereço ter que ligar pro atendimento ao consumidor pra reclamar de dinheiro que sumiu no meu tíquete refeição. Veja bem. Tíquete refeição. Que tipo de problema, hein? Pior que isso só se eu tivesse que lidar com um ralo entupido, sei lá.
Daí que eu tenho certeza que mereço outra vida. Não mereço ter que ligar e reclamar meus tostões. Mereço ficar aqui, coberta de seda, tomando champanhe e dando gargalhadas de pessoa louca e rica.
Tava pensando nisso quando minha mãe disse:
-Renata, para de palhaçada. Liga logo e resolve isso.
E lá fui eu, ser classe-média-trabalhadora-de-carteira-assinada.
eu quero ver se você ouvisse minha mãe dizer "para de palhaçada", naquele tom que é só dela. quero ver se você também não ia correr para as montanhas.