meu primeiro disco

Vi na Inhone, que viu na Mary W, que viu...


É assim:

1) acesse http://en.wikipedia.org/wiki/Special:Random - o título da primeira página aleatória que aparecer será o nome da sua banda.

2) vá pra http://www.quotationspage.com/random.php3 - as últimas quatro palavras da última frase da página formarão o título do seu disco.

3) acesse http://www.flickr.com/explore/interesting/7days/ - a terceira foto, não importa qual seja, será a capa do seu disco.

eu adoro ursinhos.

Há semanas eu só penso numa saia que eu vi e era tão bonita, tão bonita. Era uma saia preta com a barra vermelha.

O que me lembra que durante muito tempo aqui em casa havia a proibição do vermelho e preto. Ninguém podia usar essas cores juntas. É, por causa do flamengo. Minha mãe não permitia ninguém de vermelho e preto. Nunca na minha infância usei vermelho e preto juntos. Usei uma bota azul da Xuxa, isso a minha mãe permitia. Mas vermelho e preto nunca.

A primeira vez que eu usei foi no natal de 2006. Um vestido preto e um par de sapatos vermelhos. Minha mãe viu e disse "cruzes, você parece uma... flamenguista!" Pra você ver.

Eu ainda acho difícil usar vermelho e preto, eu confesso. Toda uma barreira que se formou. Mas às vezes eu gosto de alguma coisa com essas cores. E pego e olho bem e penso se vale a pena ter minha mãe dizendo que eu pareço uma... flamenguista.

Aconteceu com a saia. Tão bonita a saia. Ela tava na minha mão, mas ninguém me atendia. A vendedora tava conversando, né? Não podia me atender. Eu fui ficando irritada, depois ofendida. Deixei a saia lá e fui embora.

(as lojas aqui de nova iguaçu recebem, tipo, uma peça de cada modelo. então é claro que no dia seguinte a saia não estava mais lá e não tinha outra)

E eu até agora fico pensando. Que eu devia ter engolido o orgulho e esperado o atendimento. Porque aquela saia valia mais do que a minha dignidade.

E se o produto que deixa seu cabelo lindo é o mesmo que tem um perfume que te incomoda?

Então. Ainda falando de táxi. Eu pego táxi sempre. Porque o táxi vem com a melhor parte de um carro: alguém que estaciona pra você. Não sei se você sabe, mas pessoas que sabem estacionar e têm paciência pra procurar vagas são meus ídolos.

Bom, tem aqueles motoristas que me reconhecem quando eu entro no táxi. Alguns dizem "ahh, a mocinha do prédio que eu nunca acho" Esses me fazem pensar que não importa quantas vezes eu diga que as plantas da jardineira do prédio ficam na frente do número, elas nunca são podadas. Outros dizem "tá boa, dona Renata?" E aí eu fico me perguntando o que há com as pessoas que me chamam de dona Renata. Eu não sei o que há, mas acontece sempre.

E tem aqueles motoristas que me reconhecem e perguntam "tá melhor?"
Vou te dizer que quando me perguntam isso eu fico naquela ansiedade.
Tô melhor? Tô melhor? Tô melhor de quê? Em que estado essa pessoa me viu? Eu tava chorando? Bêbada? Gripada? Reclamando de falta de dinheiro? Tinha perdido a lente de contato no olho? Qual era o meu problema?

Fico num desespero que eu nem te conto.

Você, no caso eu, percebe que tem um problema quando tá ali na sala conversando com as pessoas. Vai ao quarto rapidinho e volta.

-Renata, o que aconteceu?
-Com o quê?
-Com você! Você vai sair?
-Ahhh, meu rosto, né? Não. Mas eu me olhei no espelho, tava tão pálida. Resolvi passar um pó bronzeador e um blush.

Outro dia eu peguei um táxi. Era um domingo e um pouco depois da minha casa tinha um sinal vermelho. Dois carros estavam parados. No sinal. Eu tenho que dizer que sou aquela pessoa que entra no carro ainda organizando a bolsa, às vezes fechando a sandália. Eu fico meio alheia ao ambiente.

Enquanto eu estava dentro da minha conchinha, tentando organizar minha mente (impossível!) e a minha bolsa (difícil...), o motorista do táxi onde eu estava contornou um dos carros parados no sinal. O táxi subiu na calçada e passou pelo sinal.

Ele concluiu a manobra me explicando uma coisa:
-Olha esses caras aí. Parados no sinal em pleno domingo. Depois, o sinal abre e eles aceleram desesperados. É um cara desses que causa um acidente.

Foi uma lição que eu guardei pra vida.

-Seu pai tá em casa?
-Olha, vó, em casa ele tá. Só que ele tá lááá embaixo na garagem.
-Ah, tá. Bom, diz pra ele que eu quero que ele venha aqui em casa.
-Tá.
-Diz que não é nada urgente.
-Ah, tá bem.
-Mas que eu prefiro que ele venha agora.


ele já foi e já voltou. e o que minha avó queria era dar a ele um pote de doce de laranja da terra

Tenho que ter muito autocontrole mesmo, pra não chegar pra namorada do meu primo e falar "olha, isso aí é uma canoa tão furada, que eu me afogo só de olhar de longe. você é tão bonitinha, tão fofinha, tá com uma bolsa tão linda hoje, olha os seus cachinhos, que fofos. sai dessa."

Mas me controlo, eu me controlo.

Porque. O que é que eu tenho com isso? E, além do mais, eu também já fui tonta. E se alguém tivesse me alertado sobre o furo na canoa, eu não seria essa pessoa exxxperta que sou hoje. Deixa, que ela aprende sozinha.

Meu cabelo tem estado super controlado nos últimos dias. Tem apresentado níveis normais de brilho, maciez e volume. Tô super feliz, mas ao mesmo tempo não me iludo. Perdi a inocência há muito tempo.

Tenho medo do que ele pode estar tramando contra mim.

Eu vejo minha mãe, gente, horas no telefone com as amigas.
"Que cachooorro", "Ele não te merecia mesmo", "Não fica assim, você tá melhor sozinha", "Ai, que raiva desse canalha"

E fico pensando. A gente nunca aprende? Não tem memória? Esquece o quanto é capaz de sofrer?

Ou tem 13 anos pra sempre?

um sentimento branco, verde e grená

Nelson Rodrigues que dizia. Tricolor, só o Fluminense. Os outros são times de três cores.

E nenhum time deixa o Maracanã tão lindo quanto o Floo.

Eu nunca mais vou falar mal do Washington. Nunca mais digo que ele tem que jogar em timinho. A piada acabou, hein?

Floo, por favor, o coração do meu pai é fraco, a pressão é alta. Não faz assim, não deixa pro final assim, que o braço dele fica dormente, todo um drama.

A minha vida seria muito mais fácil se todo mundo controlasse a oleosidade da pele. Sabe assim? Eu não consigo me concentrar quando vejo uma testa brilhando.

-Renata, já arrumei o uísque pra GRANDE FESTA TROPICAL.
-Nada a ver uísque com festa tropical, mãe.
-Nada a ver gente sóbria.
...
Eu adoro as escolhas lexicais da minha mãe. Ela já "arrumou" o uísque. Não dá muito medo de tomar uma bebida que ela diz que "arrumou"?

Gente, "arrumou" como? Comprou, ganhou? Recebeu em troca da minha alma? Explica!
...
Queria dizer também que minha mãe já avisou que antes da GRANDE FESTA TROPICAL teremos a pequena festa junina de todos os anos.

Tem gente que em três dias emagrece 58 kg e quando você diz "nooossa, como você tá magra!" a pessoa diz "você acha? menina, não fiz nada. emagreci naturalmente."

Tem gente que tem um cabelo medonho e um dia simplesmente aparece com o cabelo mais bonito do mundo. Quando você diz "nossa, seu cabelo tá lindo!" a pessoa diz "você acha? menina, não fiz nada. deve ser a água do banho."

Tem gente que tem uma pele que pede socorro e do dia pra noite aparece com aquela pele de photoshop. Quando você diz "nossa, que pele maravilhosa!" a pessoa diz "você acha? menina, não fiz nada. deve ser o clima."

Para eles eu só queria dizer: vê se te enxerga e dá a dica.

Tenho muitomuitomuito medo do poder da minha mente. Não vou nem comentar os últimos resultados do futebol, porque, gente, tá muito claro que eu manipulei todo o campeonato. Com o poder da minha mente.

Tava aqui no maior mau humor do mundo porque tinha que trabalhar hoje. Até o telefone tocar e me avisarem que a aula tinha sido cancelada.

Infelizmente, não posso usar o poder da minha mente em nada produtivo hoje. Porque já gastei a cota do dia escapando do trabalho.

Eu não estou falando de moda. Estou falando de convívio em sociedade. Acho uma sacanagem alguém ir assim a uma pré-estreia. De filme. Sarah Jessica Parker não respeita o próximo. No caso, os próximos atrás dela no cinema.

Uma coisa que sempre me perturbou.

Nos programas do Sílvio Santos, quando ele perguntava a opinião de alguém, as senhorinhas das caravanas respondiam:
-Creio que sim, Sílvio.
-Creio que não, Sílvio.

E aquele verbo, o uso do crer me perturbava. Porque sempre esteve claro pra mim que pessoas normais diriam:
-Acho que sim, Sílvio.
-Acho que não, Sílvio.

É claro que tem um problema aqui dentro da minha cabeça. Eu passei o fim de semana trabalhando, gastei todo o meu pensamento. É sério, vou demorar uns dias até poder conversar de novo e ter opiniões e aquela coisa toda. Porque agora o cérebro ficou treinado pra outra coisa. Enfim, trabalhei muito, é isso que eu quero dizer.

Pra esse tipo de trabalho, eu só recebo dois meses depois, mas assim que termino o trabalho já tenho planos pro pagamento.

Eu devia estar pensando em guardar o dinheiro, porque, não queria dizer nada, mas o momento em que eu vou envelhecer sozinha está cada dia mais perto. Eu estou cada dia mais rabugenta e é importantíssimo que eu economize desde já pra pagar minha clínica de repouso. Onde eu vou comer frutas cortadas em quadradinhos todos os dias de manhã.

Bom, eu devia estar pensando em guardar o dinheiro. Mas só consigo pensar que esse trabalho acabou de pagar vestido, sapato, maquiagem e cabelo para a GRANDE FESTA TROPICAL.

Minha mãe chegou em casa com uns 6 copos:
-Olha o que eu comprei. Pra você e pras suas amigas bebuns.
...
-Bom dia, mãe.
-Bom dia. Sabe o que eu fiz? Um pudim de leite GIGANTE!
-Uau, gigante?
-Você nunca viu um igual!
...
Meu querido, a minha é de primeira classe.

Já falei que minha mãe tem aquele problema. De reproduzir onomatopéias. A gente sabe que onomatopéia é a representação escrita de um som. A minha mãe, além de tudo, fala com onomatopéias.

Você não imagina o quanto levar a Hannah ao veterinário pode render. Ela late. Ela, a minha mãe. Late. Várias vezes em 40 minutos.
...
Agora é dar os remédios e torcer pro tratamento dar certo. Minha mãe já avisou que se a Hannah tiver que ser operada ela (minha mãe!) se interna junto (com a Hannah!).

E a veterinária (que é uma fofa e ama bicho!) já disse que arruma um lugar pra ela (minha mãe!) acompanhar a Hannah durante o pós-operatório.


sabe que tem veterinário que não ama bicho, né? é difícil de acreditar, mas existe. eu já vi. eu só confio em veterinário que ama bicho. que quando vê a hannah logo se abaixa pra fazer carinho e vai chamando de linda.

É complicado.

Ontem encontrei um corte de chita na área-de-serviço. Em cima da máquina de costura. Fiquei com medo. Porque, assim, ok, a decoração da GRANDE FESTA TROPICAL vai ser feita com chita, mas não será feita por nenhum membro desta família.

Existe essa pessoa chamada decoradora de festas e é ela a responsável por pendurar chitas pela casa de festas.

E aí me pergunto: o que aquele corte de chita está fazendo aqui em casa? Em cima da máquina de costura?

Começando a rezar agora para que ele não vire uma roupa, sei lá, pra Hannah.

Olha bem pra mim, Renata.

Olha, eu saio de casa. Eu tô em casa, de pijama, enrolada no meu edredom, com a cabeça no melhor travesseiro do mundo. Eu não preciso sair de casa. Eu não tenho que trabalhar, é um dia pra ficar em casa.

E eu levanto da cama, eu passo uma camiseta e calço umas sapatilhas, eu aplico toda aquela maquiagem no meu rosto.

E eu saio de casa. Pra comprar sombras num dia. Ou porque eu pre-ci-so de um pincel de esfumar novo.