Oi!
Obrigada pelas mensagens e comentários gentis.
=) S2
quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
Eu odeio ar condicionado, digo pra minha analista, evito ao máximo. Estamos falando da casa dos meus pais. Eu odeio ar condicionado. Ela pergunta se é por causa das minhas alergias. Sim, também. Odeio nariz escorrendo, acho um frio falso, o ar fica seco demais, não gosto, evito o quanto posso.
-Ele gostava de ar condicionado?
Levo um susto, há tanto tempo não falamos disso. Ela não disse "ele", usou o nome. Se usa "ele" a esta altura da minha vida eu fico realmente perdida, não tenho nem ideia de quem estamos falando. Ela usou o nome, eu levei um susto. Acho que quer saber como nós dormíamos juntos.
-Acho que gostava. Acho que sim, não me lembro. Acho que no segundo apartamento não podia quebrar a parede pra instalar. Eu não lembro, posso estar inventando essa memória.
Posso estar inventando essa memória e posso ter inventado tantas outras, é sempre engraçado perceber.
domingo, 7 de dezembro de 2014
As pessoas me perguntam se ele não vem. Agora eu tenho que dizer que não, que não vem, não vem mais. É a primeira vez na minha vida que eu não disfarço a minha cara triste, estou prestes a chorar. As pessoas me abraçam, dizem que sentem muito. Eu também sinto muito, sinto muitíssimo. Algumas pessoas me perguntam por quê. Eu não sei o que dizer, porque o que eu sei dizer não quero dizer em voz alta.
Então eu digo que essas coisas acontecem.
sábado, 22 de novembro de 2014
Quando eu comprei plantas para a minha casa, foi aí que ela começou a ter mais cara de casa. Algumas pessoas me disseram que planta dá muito trabalho e eu devia comprar apenas cactos e suculentas, que são mais fáceis de cuidar. Eu achei engraçado. Todo mundo sabe que dá trabalho. Quando você resolve ter plantas, trabalho é uma das coisas que você quer.
Bom. Minhas plantas estavam lindas, bem lindas.
Até que a minha avenca morreu.
Fui consolada, me disseram que avencas são difíceis mesmo. Algumas pessoas me disseram para comprar outra avenca e começar de novo; outras, que eu devia escolher uma planta diferente, uma planta mais fácil.
Eu não fiz nem uma coisa nem outra. Ouvi o terceiro grupo de pessoas, que disse que às vezes as plantas morrem e voltam a viver. Como uma pessoa que todo dia pensa "esta semana eu vou pesquisar tudo sobre as plantas que tenho em casa" e nunca faz isso, eu simplesmente continuei regando a avenca como se nada tivesse acontecido. Como se ela não tivesse morrido, não tivesse me deixado.
Hoje, na hora de regar minhas plantas, notei que havia um galhinho novo na avenca. Talvez ela fique linda de novo, talvez não. O que eu queria dizer é que a comparação entre minhas plantas e meus relacionamentos certamente foi por água abaixo com esse galhinho.
Hehe.
domingo, 16 de novembro de 2014
Fui fazer minha matrícula na academia nova e a moça perguntou minha profissão. Pela primeira vez eu não respondi automaticamente. Na verdade, eu fiquei em silêncio um pouco, depois disse que trabalhava numa editora de livros didáticos.
-Não tem isso aqui.
-Tem editora? Põe editora.
-Tem editora de imagens.
-Não, não é isso não.
-...
-Olha, professora tem, né? Põe professora, então.
...
Eu tava no ônibus voltando pra casa, lendo um texto para um curso no trabalho. Quando terminei, guardei o texto na bolsa, o senhorzinho ao meu lado perguntou o que eu estava lendo.
-É pra faculdade?
-Não, é para um curso no meu trabalho.
-Ah, você já trabalha?
-Trabalho.
-E sobre o que é o texto?
-É sobre educação digital, mais ou menos isso.
Faz dois meses e meio que eu não consigo mais explicar o que eu faço, depois de passar dez anos fazendo isso com uma palavra só.
domingo, 28 de setembro de 2014
Eu não vou ao cinema. Eu não vejo filmes. Eu não vou ao cinema porque eu não vejo filmes, isso tem anos já. Eu vejo pouquíssimos filmes. Eu não tenho paciência, eu me distraio facilmente.
Eu estou namorando - e ridiculamente apaixonada - por um homem que trabalha com cinema. Que escreve roteiros. Que dirige documentários. Os documentários passam no cinema. Ele ama filmes, ele ama ir ao cinema. Às vezes eu tô já achando que vou só tomar banho e dormir e ele diz "vamos ver um filminho?" E eu sei que ver um filminho é ir ao cinema.
Então eu tenho ido ao cinema. Não é uma coisa que me ofende, só me dá preguiça, então eu vou. Chegando na bilheteria ele diz que eu posso escolher os lugares. Eu posso escolher os lugares que eu quiser. Já passamos por isso escolhendo o filme. Eu nunca tenho ideia do que eu quero assistir. Eu posso escolher o filme. Agora eu posso escolher os lugares. Eu digo que não faço ideia de como escolher lugares bons no cinema. Eu não vou ao cinema. Ele diz que não se importa.
Eu escolho os lugares.
E ele faz uma cara de pavor.
terça-feira, 16 de setembro de 2014
Logo de manhã eu descobri que minha mãe havia curtido fotos da filha dele no Facebook. Minha mãe. Curtiu. Fotos. Da filha dele. No Facebook. Dele. Perfil que eu nunca mostrei e que nem tenho na lista de amigos. Perfil que ela descobriu sem que eu dissesse o sobrenome.
Como eu descobri? Ele me contou.
-Mããããeee, você curtiu fotos da filha dele no Facebook. Peloamordedeus, mãe, que loucura é essa? Nem o sobrenome dele eu te disse, mãe!
-kkkkkkk Ai, filha, achei o documentário que ele dirigiu e vi a foto dele, ele tem uma carinha tão simpática e é tão bonitinho, não resisti. Aí eu vi a filha dele, é uma princesa linda. Se curti, foi sem querer. kkkkkkkk
Se curti, foi sem querer.
E eu cheguei a me perguntar por que não apresento ninguém para a minha família desde 2007.
Se não apresentei, foi sem querer. Ou pra não ter que lidar com essa situação às 9:30 de uma terça-feira.
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Minha família inteira quando eu anunciei, no almoço de domingo, que queria apresentar um na-mo-ra-do a eles:
[APLAUSOS]
-EEEEEEEEEEEEE
-EEEEEEEEEEEEE
-EEEEEEEEEEEEE
E depois fizeram perguntas como:
1. Ele torce pra algum time? Qual?
2. Ele sabe cozinhar?
(sabe sim e faz panqueca pra mim de manhã. em dia de semana, antes do trabalho)
domingo, 31 de agosto de 2014
Ainda no assunto banheiros em começo de relacionamento: tenho lavado meu cabelo com o que, obviamente, é um xampu deixado pela ex.
Não é da filha, que usa xampu infantil, não é dele, que não tem cabelo - e usa xampu anticaspa.
É o xampudaex. Tá lá no banheiro, eu usei, tem um restinho só.
Daí o que aconteceu: eu gostei tanto do xampudaex, ele foi tão bom pro meu cabelo, que eu fui lá e comprei igual e agora tem xampudaex no meu banheiro também.
Espero que ele não tenha memórias ruins ligadas a perfume de blueberry.
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Fico pensando o que seria de nós, o que seria de mim, sem a capacidade de pensar "desta vez vai ser diferente." Nem levantava da cama, acho. Estou exagerando. Mas, sério,
...
Li uma vez que a diferença entre um comportamento assustador e um comportamento fofo é o quanto a gente gosta da outra pessoa. Eu incluiria aí, além de assustador, ridículo/idiota. Mas isso é só pra justificar o meu coração quentinho com a cara que ele fez quando eu expliquei que, olha, o lugar pra onde eu quero ir já passou, eu só não queria largar a sua mão.
...
Nada, nada mesmo faz sentido.
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Uma certeza que você pode ter na primeira vez na casa de um homem: no chuveiro dele há um frasco de shampoo anticaspa. Você não sabe se ele arrumou a cama antes de sair de casa, se usa as mesmas toalhas de banho há anos, se não tem taças de vinho, se ele tem uma vitrola. Não importa: ele tem um shampoo anticaspa no banheiro.
Essa é uma certeza que eu carrego comigo há anos junto com o desespero de ir tomar banho num banheiro que não tem shampoo e condicionador adequados para o meu tipo de cabelo. Queridos, eu preciso de hidratação.
É uma regra tão forte, mas tão forte que, entrando no banheiro de um homem careca, nos encontramos de novo. Lá estava ele, o shampoo anticaspa.
Não falha nunca.
segunda-feira, 28 de julho de 2014
eu sei que dia é hoje
Eu achei que nunca aconteceria. Eu achei que ia explodir em mil pedaços bem pequenininhos. Eu achei que ia evaporar. Eu achei que ia derreter. Eu achei que ia virar pedra. Eu achei que nunca aconteceria. Eu achei que nunca mais te veria. Eu torci para te ver, eu torci para nunca acontecer, nunca mais.
Eu desejei que as suas samambaias secassem, que sua cerveja esquentasse, que sua caipirinha viesse sem açúcar. Quando eu passasse por você de cara alegre e cruel. Você nem ia me reconhecer. Já ia me encontrar refeita. Tantos homens etc. Eu achei que teria coisas a dizer. Eu achei que nunca aconteceria.
Eu olhei para você três vezes. Na primeira eu olhei para você e fugi pra um lugar dentro de mim onde só são repetidas as cenas que me explicam por que não, que me garantem que, não, eu não posso olhar para você. Eu olhei uma vez só e esperei você ir embora, sumir da minha frente de novo. Você ficou. Eu senti muito frio.
A segunda vez que eu olhei para você foi um acidente, eu achei que você não estava mais ali. Eu entendi errado o que me disseram. Eu olhei para você. Eu explodi em mil pedaços bem pequenininhos. Eu evaporei. Eu derreti. Eu virei pedra. A minha mão nunca mais tocou a sua.
Na última vez que eu olhei para você foi indo embora. Eu olhei para você pela última vez, repetindo que não e por que não. Eu sei por que não, soube tantas vezes e mesmo assim eu fiquei. Até que eu entendi que de você não consigo ter só um pouco. Você estava certo. Aquele sei-lá-o-quê-que-nos-aproxima, que eu desastradamente chamei de amor. Eu olhei para você.
Eu ouvi a sua voz e senti uma saudade infinita. Você nunca mais me abraçou.
sábado, 26 de julho de 2014
De: mim
Para: Nath
Sabe aquele cara que tava dando friozinho na barriga? Esquece, Nath. Ele acabou de mandar uma mensagem "não estou sendo honesto com você. eu sou canalha."
Bom, pelo menos dessa vez levou apenas quatro dias pra me contar que é canalha, geralmente leva mais tempo, né?
De: Nath
Para: mim
Mas mesmo assim não vale a pena investir, Nata? Às vezes a gente tá disposta a se meter em roubada mesmo, às vezes vale a pena.
De: mim
Para: Nath
Nath, tivemos a conversa mais maluca do mundo. Não entendi nada, mas disse pra ele parar de palhaçada, que a gente ia sair sim, porque agora quem vai partir o coração dele sou eu. Faço questão.
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Eu, muito bocó, me achando grande coisa porque ouço Sepultura enquanto faço faxina, tinha certeza que era a pessoa mais moderna do meu predinho antigo sem elevador com janelas grandes e paredes grossas.
Daí tava subindo com os entregadores do sofá, passou um vizinho que eu não conhecia. Você que mora embaixo de mim? Bom, eu moro no 302. É embaixo de mim, sim, eu moro no 402. Oi, tudo bem, prazer, Renata. Eu sou o M.
Eu, a mais moderna do prédio onde só tem família, só posso ser eu. Meu vizinho de cima, um velhinho todo tatuado usando uma bolsa masculina.
Que boba. =)
sábado, 14 de junho de 2014
Outro dia eu estava no ponto de ônibus, veio um homem bêbado falar comigo. Falou coisas sem sentido, enrolando a língua e batendo na própria cabeça. Eu permaneci de pé, olhei para ele com uma cara muito séria e disse "não." Ele continuou falando coisas sem sentido e batendo na própria cabeça por um tempo, enquanto eu o ignorava olhando para o nada com uma cara muito séria, até ele se dirigir a outras pessoas que também estavam no ponto de ônibus.
...
Há um tempo eu estava saindo com dois caras mais ou menos ao mesmo tempo. A gente estava bem no comecinho de qualquer coisa, eu com um e eu com o outro. Chegou um momento em que eu achei que tinha que escolher um dos dois e eu não escolhi o cara que disse que ia procurar minha marca preferida de pães-de-mel na viagem que ele faria, e sim escolhi o cara que me chamava de pedante e me fazia dar três pulinhos para São Longuinho quando encontrava algo que ele estava procurando, como o iPod perdido na casa dele que não tem televisão, como a minha.
...
Quando o bêbado que falava coisas sem sentido, enrolando a língua e batendo na própria cabeça se aproximou do homem que esperava o ônibus comigo, o homem saiu andando, atravessou a rua, apressou o passo; o bêbado atrás dele, falando coisas sem sentido e batendo na própria cabeça.
...
O que aconteceu foi que o cara que perguntava no que eu pensava quando eu sorria com o canto da boca sumiu. Ele sumiu depois que eu disse que tinha comprado um presente para ele, o que me fez achar que ele tinha ficado assustado. O presente era só um pote de massinha e mais tarde eu descobri que ele também estava saindo com duas mulheres ao mesmo tempo e escolheu a outra, não a mim.
...
A perseguição do bêbado durou um certo tempo. Para mim, pareceu um tempo curto, numa cena ridícula, mas para o homem sendo perseguido deve ter parecido muito tempo. Finalmente o ônibus chegou, e o homem perseguido atravessou a rua de volta para o ponto.
...
A outra mulher, a que foi escolhida, partiu o coração do cara que leu um texto que eu havia enviado para ele, um texto do qual eu mesma não havia lido nada além do título e por isso ele me chamou de cretina, e depois comentou comigo o texto todo, bom a outra mulher partiu o coração dele, então ele começou a tentar se reaproximar de mim.
...
Enquanto eu observava a perseguição do bêbado com o homem apavorado, eu pensei em quantas vezes na minha vida eu bati o pé no chão e disse "não, você não vai fazer isso comigo" apenas porque eu achava que essa era a postura que eu devia ter diante da vida e das coisas que acontecem nela. Quantas vezes eu poderia simplesmente ter feito o que eu queria, que neste caso era atravessar a rua com medo, mas me forcei a ser forte e dura, sendo forte e dura comigo mesma.
O homem perseguido atravessou a rua rindo de si mesmo, daquela situação maluca acontecendo às nove horas de uma sexta-feira, balançando a cabeça. Ele entrou no mesmo ônibus que eu.
segunda-feira, 9 de junho de 2014
Acordei e fui molhar as plantas, que agora eu tenho plantas. Enquanto fazia isso, pensei que eu não tinha a mínima ideia do que eu estava fazendo. É assim que se molham plantas? Eu realmente não tenho ideia.
...
Precisava curar a ressaca, então fui almoçar no restaurante que serve bife à milanesa com arrozinho e feijãozinho. Fiquei lendo meu livro sobre um triângulo amoroso entre pessoas de 22 anos. Por que não? E na outra mesa tinha três amigas de 22 anos e elas pediram três pratos iguais, achando graça de tudo e eu comecei a chorar. Eu tenho 31 anos e passei a noite deitadinha no chão do banheiro porque estava geladinho e porque, opa, meu fígado. Depois comi morangos e fui dormir já amanhecendo.
...
Me despedi de uma amiga, saí do metrô e ela ficou. Até domingo. Parecia que era outra pessoa que estava dizendo aquilo, outra pessoa que estava no metrô, outra pessoa carregando a minha bolsa, outra pessoa combinando um almocinho no domingo.
...
Às vezes eu fico pensando como cheguei aqui, me esqueço mesmo, não sei como vim parar aqui.
Mas daí é segunda à noite e eu estou ouvindo Violent Femmes e dançando na sala e, posso não saber direito como cheguei, mas quero ficar.
Sobre o meu joelho e dor: fico pensando que, muito mais do que quando saiu do lugar, meu joelho doeu mesmo quando voltou pro lugar. A dor de colocar no lugar e ele entender que tinha que ficar ali, se acostumar de novo ao lugar que sempre foi dele. Uma dor muito maior.
Então tem o susto e tem a dor. E a dor de tudo se ajeitando é tão grande.
sexta-feira, 6 de junho de 2014
Todos me avisaram que pra encher uma casa eu precisaria comprar muitas coisas. Eu até acreditei, não é que eu tenha duvidado, não. Eu acreditei, mas, sério, eu não conseguia imaginar que precisaria de tantas coisas. Não trouxe nada além da minha estante e do meu espelho da casa dos meus pais e achei realmente que poderia comprar os móveis essenciais de uma vez e ir comprando as coisas pequenas aos poucos.
Eu pude, eu posso. Mas pra cada lugar que eu olhe da casa vejo um canto vazio onde cabe uma mesinha, uma planta, um quadro. Coisas que eu disse que compraria depois: mesa de centro, tapete, aparador. Não tem depois, eu quero agora.
Daí eu vou e compro uma cabeça de elefante pra pendurar na parede da sala (porque sim, me deixa), eu penduro e ela está gritando, pedindo socorro, ela precisa de um aparador do lado dela, ela não quer viver só do lado do sofá.
Daí minha prima confirma que vem ao Brasil com o marido e vão ficar na minha casa (ganhei a concorrência de hospedagem!), eu corro e compro o sofá-cama (é muito confortável, eu juro, eu testei), coloco no escritório e acho que vai ficar tudo bem. Mas não vai. Porque o sofá-cama é marrom, porque era a cor mais escura disponível (coisas que me perseguem: farelos e líquidos que espirram e mancham) e, sendo marrom, ele pede almofadas azuis-celestes para alegrar sua existência. E uma mesa lateral. Com um vaso de planta. Ele pede também, quem sabe, um tapete, não custa nada.
Mas custa, né? O processo todo é uma delícia, mas como custa.
A sensação que eu tenho é que, por mais que eu compre coisas e encha a casa, ainda assim vou passar os próximos cinco anos da minha vida comprando corujinha de louça e mesa lateral.
quinta-feira, 5 de junho de 2014
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Eu tirei meus olhos* óculos na hora de conversar e explicar o que eu estava sentindo. Eu sei que foi uma trapaça. Ele continuou de óculos. Eu sei, porque eu uso óculos minha vida quase toda, que foi uma trapaça, foi pra deixar as coisas mais fáceis para mim. Se eu pudesse ter dito em inglês, em francês, em japonês eu teria dito. Se eu pudesse ter dito numa língua que não era minha eu teria dito, qualquer língua. I've got to go. Se eu pudesse ter dito por telefoneemailwhatsapp. Sem óculos, em javanês, por sms, criando uma distância. I can't breathe. Não tem um jeito fácil de dizer, nem sem óculos. Não tem um jeito indolor, nem em outra língua. O barulho da mala no outro quarto. O zíper, o tênis. Não tem um jeito indolor para ninguém, nem por telegrama. Se eu pudesse não ter dito eu não teria dito. I'm sorry I'm not sorry. Mas eu não podia não dizer, de verdade.
*oi, freud, você vem sempre aqui?
terça-feira, 20 de maio de 2014
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Já tá naquela fase de deixar tudo com a minha cara. Daí essa parte é a mais legal. Comprar vasos, almofadas, pôsteres, todas essas coisas legais. Mas dá também uma ansiedade, uma vontade de comprar tudo de uma vez.
Pra sala ainda faltam o tapete (já comprei), almofadas (já comprei algumas), uma estante, uma luminária de pé, uma luminária pendente, plantas, uma mesa de centro, um aparador, quadros. Pro escritório/quarto de hóspedes faltam o sofá-cama (já comprei), uma mesa lateral, luminária. Pro meu quarto faltam criados-mudos. Para os quartos e a sala faltam cortinas (já comprei a do meu quarto).
segunda-feira, 12 de maio de 2014
Quando você é homem e diz que não quer namorar, que gosta da sua liberdade, quer ter tempo pra fazer suas coisas sozinho, ninguém acha que você está mentindo. Eu não sou homem, nunca fui homem, eu tô falando do que eu vejo. Ninguém, quando um homem diz que não gosta de namorar, que não quer namorar, diz que ele tá mentindo.
Quando você é mulher e diz que não quer namorar, você é, além de mentirosa, uma encalhada. Eu acho encalhada uma palavra sensacional, embora seja bem triste porque nos faz pensar em baleias que vão morrer. Ou vão quase chegar à morte para depois serem salvas. Exatamente como você, que além de encalhada é mentirosa e está só esperando alguém chegar para te salvar. Mas o fato é que ninguém te quer e só por isso você está solteira e todo mundo sabe disso, não adianta disfarçar.
Quando você é mulher e diz que não quer namorar, é claro que você está mentindo, você só pode estar mentindo porque todas as mulheres são felizes amando e querem amar.
Mesmo quando você não quer.
Quando alguém diz que não sabe viver sozinho, a gente pensa "que pena, devia aprender" e depois a gente volta pros nossos namorados e diz que todo mundo devia aprender a viver sozinho, a amar a si mesmo, se conhecer etc.
Quando alguém diz que não sabe viver num relacionamento amoroso, essa pessoa é maluca e/ou terrível e ela não tem um coração. Ou ela está esperando alguém que vai fazer isso mudar. Porque ela nunca viveu um relacionamento feliz. Mesmo que ela tenha vivido alguns. Essa pessoa, ela nunca está dizendo a verdade.
Mesmo quando você está.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
Tem uma parte de mim que está feliz por você, é a parte que sabe que é o que você sempre quis, uma família. É a parte que sabe que é o que eu não quero, esse tipo de família. Eu já não queria aos 25 e nem sabia. O tanto que me doeu descobrir que não era só a distância, não era só não poder trabalhar, não era só o visto. Era eu. Tem uma parte de mim que gosta de saber que você conseguiu amar de novo. Tanto. A esse ponto. Que bom saber que você caminhou tanto. Eu ainda engatinho. Tem uma parte de mim que vê você feliz e fica feliz, que bom pra você.
Mas tem a outra parte, a que passou dois dias chorando de boca aberta quando soube. No ônibus, andando na rua, de soluçar, mandando mensagem pra contar para as minhas amigas, segurando meu coração bem apertado pra ele não se partir mais uma vez, porque eu já sabia que era nunca mais, mas agora é nunca mais mesmo. Tentando encontrar e se entender com a parte que está feliz por você.
...
Quando morreu o Gabriel García Márquez e você me mandou um e-mail dizendo que sentia muito, porque sabia o quanto ele era importante para mim. L'amour aux temps du choléra. Quando eu li aquele e-mail as duas partes se encontraram e você ensinou a elas mais uma coisa, de tantas que já tinha ensinado para tantas partes de mim. Que não é preciso esquecer o passado para superar e seguir em frente. Obrigada, mais uma vez, and may your baby boy be healthy and happy. I hope he has your curls.
segunda-feira, 5 de maio de 2014
Para algumas pessoas é natural essa coisa de estar com alguém, cuidar, ouvir, ligar pra perguntar como foi o dia, dividir o tempo.
Para mim não é. É um trabalho diário. Minuto a minuto.
...
Desde que eu saí de casa todas, absolutamente todas as mensagens que minha mãe me manda no whatsapp terminam com um emoticon de mamadeira.
quarta-feira, 23 de abril de 2014
A pior parte da minha vida de dona de casa é lavar lixeira. Que nojo.
A melhor parte da minha vida de dona de casa é passar rodo mágico com Veja no chão.
...
Desvendei o mistério da coleta de lixo! O caminhão passa todo dia, porque aqui é centro da cidade.
eu já comprei o sofá, gente! comprei junto com todas as coisas da casa, só que o sofá tem um prazo de entrega muito longo. comprei no começo de março mas o prazo pra chegar é até dia 25 de maio. não quero chamar meus amigos antes disso porque não é confortável e ninguém tem mais coluna que aguente ficar sentado no chão ;)
quinta-feira, 17 de abril de 2014
Sobre o meu apartamento,
o que é difícil:
-ocupar os espaços. Na casa dos meus pais, por muitos anos, mais de 20, não tinha tevê na sala. tinha uma tevê em cada quarto e ficava cada um na sua. não existia isso de ficar sentado no sofá com a família vendo novela. Na minha casa, o sofá ainda não chegou e não tem tevê. São dois quartos, um é o de dormir e o outro é um escritório/quarto de hóspedes. Na casa dos meus pais, eu tinha um cantinho de trabalho com meu computador, mas era tudo no meu quarto, num lugar só. Era o lugar onde eu mais ficava. Agora, com a casa toda pra mim, ainda é difícil ocupar todos os espaços. Eu fico lutando pra não ficar só no quarto, mas por enquanto só uso a sala para refeições, enquanto o sofá não chega e me obrigo a trabalhar no escritório.
-não fazer estoque. Quando meu vô morreu, eu lembro de caminhões de comida chegando na minha casa, outros caminhões de produtos de limpeza. Entraram na casa (presta atenção que não era uma despensa apenas) que ele mantinha como depósito de compras e viram o tanto de coisa que ele tinha lá e saíram distribuindo. Meu vô gostava de fazer estoque. Se você precisar de uma torneira, ainda tem lá, no estoque dele, de obras. Eu gosto de fazer estoque. Eu não sei comprar uma caixa de sabão em pó. Eu preciso de três. Eu preciso saber que nunca na minha vida eu vou abrir o armário e achar uma lata só de leite condensado. Eu preciso de estoque. E, embora meu apartamento não seja pequeno, eu não tenho onde guardar tanta coisa assim. Não fazer estoque é uma luta diária.
-saber quando o lixeiro passa. Eu moro num predinho antigo que não tem porteiro. Cada um coloca seu próprio lixo pra fora. Eu achei que o lixeiro aqui passasse nos mesmos dias que no bairro dos meus pais, mas parece que eu me enganei. É claro que eu posso perguntar para um vizinho ou para o síndico, mas eu nun-ca vejo ninguém no prédio e fico sem graça de tocar o interfone só pra perguntar isso, então fico prestando atenção nas outras casas da rua, pra ver quando elas colocam o lixo no portão. Até agora, não achei um padrão.
o que é fácil:
-cozinhar todo dia. Muita gente me disse que eu ia ficar com preguiça, ia comer congelados e delivery. Eu não me acostumo. Na casa dos meus pais eu já cozinhava quase todos os dias. Quando tô com preguiça, eu faço uma coisa bem rápida, uma massa com um molho fácil ou um sanduíche. Já pedi delivery aqui, mas porque estava com vontade de comer aquele prato daquele restaurante e na primeira vez foi porque não tinha gás e aí deu preguiça mesmo de pensar no que fazer só com o forninho elétrico. Também é bom notar que eu estou em Nova Iguaçu, o conceito de rapidez não chegou aos serviços de entrega daqui. Se eu estiver com fome e preguiça, é muito mais simples fazer uma massa em casa mesmo.
-ficar sozinha. Eu amo. Mas amo. Mas amo muito. Adoro ter companhia. Ainda não recebi amigos aqui (não tem sofá!), mas na casa dos meus pais eu recebia, fazia jantares, festas, sempre gostei. Quero sempre receber amigos na minha casa também, não me entenda errado. Mas eu amo ficar sozinha. Amo não ouvir nenhum barulho que não seja o meu (e o do trem, que eu moro em frente à linha férrea). Só escuto barulho dos vizinhos quando vou à cozinha e mesmo assim é de longe. Eu amo ficar sozinha e estou me sentindo muito feliz tendo tanto espaço e silêncio só pra mim.
sexta-feira, 11 de abril de 2014
e se fosse um par de crocs?
Eu tava aqui em casa ouvi um PLEC e logo depois vem o Sk8erBoy: "Meu boné caiu lá embaixo."
-Oi?
-Meu boné. Ele caiu lá embaixo, caiu pela janela.
-Como??
-Caiu. Você acredita?
-Não.
-Como a gente pega?
-Não sei. A gente não pega. Não tenho a chave do portão que dá pra lá.
-Pede pro síndico?
-Sk8erBoy, vamos fazer o seguinte? Eu te dou um boné, outro boné. Tá?
-Não!! Aquele boné é único! Você não tá entendendo. Ele foi feito pra mim. Um antigo patrocinador fez pra mim. Não existe outro no mundo. Foi feito pra mim.
...
No dia seguinte olhei pela janela e o boné não estava mais lá. Lá fui eu tocar o interfone do síndico e perguntar se "o senhor viu um boné preto lá na parte de trás do prédio? meu namorado de 32 anos deixou cair eu não sei como." Depois de ouvir "eu já peguei e até tava pensando que era de vocês mesmo." eu fui embora pra minha consulta com o ortopedista.
...
À noite, eu estava conversando com amigos e nós ficamos discutindo se era necessário usar a palavra "namorado" nesse contexto. Acho que ficou meio decidido que pra nós usar namorado/marido/noivo/pessoa com quem eu saio às vezes era desnecessário e um pouco cafona. Essa explicação: desnecessária. A gente prefere só usar o nome da pessoa. Eu me defendo (de mim mesma, não dos meus amigos), dizendo que ali, falando com o interfone, não dava pra simplesmente dizer "o Sk8erBoy deixou o boné cair pela janela", porque o síndico não sabe o nome dele. Se fosse uma conversa cara a cara, seria mais fácil, ele logo entenderia quem é o Sk8erBoy da história ou não se importaria.
-Mas você poderia ter dito que o boné era seu.
Um amigo contraargumentou. Eu podia ter dito que o boné era meu. E eu podia mesmo, né? Eu podia ter simplesmente dito que o boné que caiu pela janela era meu, que eu deixei o boné cair pela janela, será que o senhor pode pegar pra mim, por favor?
É verdade, eu podia ter dito que era meu. Mas aí são as escolhas da vida, né? Naquele momento, eu precisava escolher entre dizer que eu tenho um namorado e dizer que eu uso boné (e deixo ele cair da janela).
Eu preferi o namorado.
lembrei desta entrevista da glória maria. glória, os perfis de casal no facebook não mostram, mas somos muitos, dá aqui a mãozinha. S2
terça-feira, 8 de abril de 2014
Em duas semanas várias coisas deram errado. Embora eu estivesse muito feliz com a casa e com tantas coisas, eu levei uns tropeções até o meu joelho sair do lugar e eu chegar em casa numa segunda-feira depois de trabalhar o dia inteiro, pra trabalhar mais um pouco e o computador não ligar.
E meu joelho dói e não dobra e depois não estica e dói e pesa 30kg e eu não aguento mais andar me arrastando e eu chego a estar torcendo pro médico fazer logo uma punção e eu só quero que passe e o Windows não inicia.
O departamento de TI&Sk8, também conhecido como aquele cara do Tinder que foi me encontrar com uma camiseta furada com estampa do dedo do meio e logo no carnaval perguntou "e aí, a gente vai passar junto ou você quer debandar?", bom, esse. O departamento de TI&Sk8 veio e em 15 minutos resolveu o problema, prometendo que no fim de semana ia consertar o computador de um jeito que ele ainda duraria muito tempo.
E eu chorando. Porque tá tudo dando errado. Tudo que dava certo agora dá errado e tudo que dava errado dá certo.
-Do que é que você tá falando, Renata?
-Eu nunca tive nenhum problema com meu computador, meu corpo sempre funcionou. E minha vida amorosa não dava muito certo, né? E aí você apareceu.
-E aí todo o resto começou a dar errado?
-É, mais ou menos isso.
-O seu joelho saiu do lugar. Pelo menos agora eu tô aqui pra colocar gelo nele pra você.
O.o --->; minha cara na maior parte do tempo. esperando a pegadinha.
e ainda tomei um antiinflamatório diferente e acordei conseguindo dobrar o joelho!
sexta-feira, 4 de abril de 2014
quarta-feira, 2 de abril de 2014
Eu estou me esquecendo dele. Não da existência dele nem do rosto, mas estou me esquecendo dele. Me lembro da voz e de coisas que ele disse, e da risada. Mas não consigo mais imaginar coisas que ele diria ou do que ele daria gargalhada. Isso é esquecer alguém.
Eu não vou nunca saber explicar o que a gente teve e do que eu tive que fugir, sair correndo, porque nunca ia conseguir terminar de outro jeito. Se eu nunca soube explicar o que era, já nem consigo nos imaginar juntos. Eu não lembro direito o que a gente fazia juntos. Assistia tv? O que a gente conversava durante o jantar? Eu não me lembro, por mais que me esforce. Mas eu não me esforço muito. Isso é esquecer alguém.
A tela está na sala da minha casa nova. A tela que ele me deu, que eu escolhi. Na sala da minha casa nova, eu levei pra lá depois de um longo castigo em que ela ficou virada para a parede no meu quarto na casa dos meus pais. Levei para a minha casa nova e coloquei na sala, em cima do móvel amarelo, ao lado do pôster de zebra. Isso é esquecer alguém.
terça-feira, 1 de abril de 2014
Das coisas mais difíceis num relacionamento, não vou entrar no mérito daqueles bloqueios profundos, deixa pra minha analista, das coisas mais difíceis:
-Dividir meu tempo. Eu estou tão acostumada a ter meu tempo só pra mim, ele está sempre tão preenchido, eu sou tão boa em não me deixar ficar à toa. E de repente preciso dividir o meu tempo, eu quero dividir o meu tempo, mas dá um trabalhinho. Agora gostaria de ler em silêncio, mas vou assistir a esse filme. Porque eu quero, mas mesmo assim, não é fácil.
-Usar batom de cor forte. Tantos batons vermelhos, vinho, rosa, coral que eu tenho. De tantos tons diferentes, eu gosto tanto deles. Mas não dá, né? E eu quero usar batom.
É aquilo, estou tentando. Todo mundo está, sempre.
segunda-feira, 31 de março de 2014
Eu nunca fui boa em esportes. Na escola, era sempre a última a ser escolhida, muitas vezes sobrava. Já adulta, quando fui diagnosticada com depressão, minha analista disse que eu ainda sofreria com isso em outras fases da vida. Pelo meu histórico familiar, aquela não era uma depressão pontual. Eu podia passar a vida tomando remédio, mas ela achava que não, que com terapia, alimentação correta e exercício físico eu poderia controlar.
O exercício físico me ajudou em muitos corações partidos, em muitas depressões sem motivo. Eu aprendi a gostar do exercício e a me orgulhar de ter um corpo saudável, que funcionava. Mesmo não sendo atleta, eu subia ladeiras, pulava, corria, meu corpo me obedecia.
A festa de 60 anos do meu pai tava no final, eu me despedi da Hannah e voltei pra me despedir de novo. Não sei direito como aconteceu, mas eu me desequilibrei e virei o pé num degrau de 10 cm. Quando eu caí, senti e vi o meu joelho saindo do lugar.
Eu não pensei na dor. Eu não pensei na dor até chegar no hospital. Eu caí porque não sentia mais minha perna, as pessoas vieram correndo e eu disse "meu joelho saiu do lugar, eu preciso ir pro hospital." Enquanto eu caía, eu não pensava na dor, eu pensava "estraguei o meu joelho."
E esse pensamento, de estragar o meu joelho, de não ter mais um corpo saudável, o medo de pensar que poderia acontecer outras vezes depois dessa, esse pensamento, estraguei meu joelho, me deu um peso tão grande no coração que eu nem pensei na dor.
Eu mesma coloquei o meu joelho de volta no lugar, ainda em casa. Desci os três andares do terraço e entrei no carro sozinha, pra me levarem ao hospital. Pedi pra minha mãe buscar um analgésico e minha bolsa. Abri minha carteira, peguei minha carteirinha do plano de saúde e minha identidade. Eu não pensei na dor. Eu só senti dor quando cheguei no hospital e avisei que não ia conseguir sair do carro andando. Eu só senti dor de verdade na sala de medicação, porque eu nunca tinha estado numa emergência e eu nunca tinha tomado medicamento na veia. Meu corpo sempre funcionou.
Eu perguntei ao médico da emergência se eu ia poder correr de novo, se eu podia pular numa cama elástica. Ele disse "espera pelo menos uma semana." Mesmo que eu quisesse esperar menos, meu joelho dói pra dobrar, dói pra esticar, parece que ele tá tentando se reacostumar ao lugar dele. Mesmo se eu quisesse esperar menos, não foi isso que eu perguntei. Eu queria saber se meu corpo vai voltar a ser perfeito, a garantia de que isso nunca mais vai acontecer, de que eu posso confiar que estou pisando certo, posso confiar que meu joelho vai ficar no lugar. Eu preciso consultar um outro ortopedista, ele me diz.
Sim, foi a pior dor que eu já senti na vida. Quando saiu do lugar, quando eu botei no lugar. Foi a pior dor da minha vida. Mas não chegou nem perto de ser tão ruim quanto foi perder a confiança que eu tinha no meu corpo, que levei tanto tempo pra conseguir.
terça-feira, 25 de março de 2014
Assim que a minha Internet foi transferida, eu vim pra casa nova. Não tinha gás ainda, então não tinha banho quente. Que o Rio de Janeiro me desculpe, mas eu torci muito pro calor continuar aqui e não ir embora até que viessem instalar o gás.
Fiquei tão feliz de ir à companhia de energia elétrica colocar meu nome na conta. Ficar feliz de ter conta pra pagar, qual é a necessidade disso? Deito pra dormir e só acordo no dia seguinte um pouco antes do despertador tocar, mesmo morando em frente à linha do trem, que começa a rodar o quê, às 4:30?
a primeira música que tocou foi the wagon, do dinosaur jr, que era o que tava tocando no meu fone de ouvido quando eu entrei com as minhas malas.
terça-feira, 18 de março de 2014
this is happening
Eu moro aqui há 23 anos e só me lembro daqui quando eu penso em casa, mesmo lembrando que já morei em outros lugares. Na minha memória, minha casa sempre foi aqui. Eu brincava aqui quando ela estava sendo construída e a gente nem chamava de casa, mas de obra. O meu quarto era meu quarto mesmo quando ele tinha tijolo aparente, chão de cimento e não tinha janela. Ele nunca foi nada além de meu.
Então eu achei que seria só arrumar minhas roupas e sapatos em malas, meus livros em caixas e sair. Mas não é bem assim. Tem também a parte em que eu arrumo e espero que a minha casa vire a minha casa.
sexta-feira, 7 de março de 2014
quinta-feira, 6 de março de 2014
Minha casa nova é um apartamento num prédio antigo, sem elevador (mas eu moro logo no 2º andar, como aqui com meus pais), com apenas sete apartamentos. O meu quarto vai ser azul, a minha sala vai ser cinza. Já comprei as tintas também. Até tábua de passar e varal eu já comprei. Coisas de cozinha fui comprando ao longo do ano passado. Pratos, copos, luva de forno, travessas, já tenho tudo.
Espero que chegue tudo logo, porque eu quero logo aquele silêncio todo só pra mim.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Dois dias depois de voltar pra cidade dele (que é perto, eu sei que tenho um problema com isso, mas desta vez é perto, eu juro), ele mandou uma mensagem "não sei se deu tempo pra você, mas pra mim já deu." "tempo de quê?" "tô com saudade!!"
Tá indo mais rápido do que eu esperava ou queria, mas não quero fazer uma parada. Sem tempo de pensar, um mergulho.
domingo, 16 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014
De presente, se eu pudesse, pediria um dia com você, um dia e uma noite. Um dia em que nada tivesse acontecido, um dia inteiro em que a gente não tivesse machucado um ao outro. Um dia ouvindo você rir até perder o fôlego, só mais uma vez. Eu sinto falta da sua risada e de você me abraçando.
Um dia só em que nada tivesse acontecido. Ou um dia só em que eu pudesse ser burra e fingir que não entendi que não dá, que chega, uma última vez, só mais uma vez.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Comprei um livro usado pela primeira vez na vida. Sempre acho que vou abrir um livro usado e ali entre as páginas vai estar um vírus mortal causador da morte do último leitor ou uma barata morta, mas superei e comprei esse livro usado, que nem parece usado.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Eu tô fazendo esse post só sobre o passeio de barco do Galego na Praia da Pipa, RN, porque assim fica mais fácil pra quem pesquisar por ele e porque eu amei mesmo.
Se você tá indo pra Pipa, aqui tem o telefone e e-mail.
cuidado se você enjoa no mar. o barco balança muito e muita gente enjoou, mas só no início do passeio, até chegar na lagoa.
Bobó de camarão no Bistrô da Pipa, na rua principal. R$45 reais para duas pessoas =)) e é delicioso!
Minha praia preferida foi a dos golfinhos, depois a do Madeiro. Felizmente nenhum golfinho encostou em mim.
Pipa é linda, eu amei.
domingo, 12 de janeiro de 2014
Eu tava saindo de uma livraria onde eu não comprei nada, porque livrarias me deixam nervosa e na verdade eu entrei pra procurar uma embalagem de presente para embrulhar um livro que eu comprei na Internet.
Eu tava saindo de uma livraria quando eu vi duas mulheres abraçadas. Elas não estavam abraçadas exatamente, uma colocou o braço no ombro da outra e perguntou o que ele tinha dito. Ela respondeu, a que estava sendo abraçada mas não de verdade, que tinha chegado e logo dito o que ela tinha para dizer. A que estava abraçando mas não de verdade disse que ela devia ter esperado ele falar. Ela devia ter perguntado o que ele tinha a dizer. Ainda sendo abraçada, a da direita disse que não, que não fazia mais diferença. Eu que chamei ele pra conversar, eu que tinha o que dizer. Eu disse e acabou.
Eu passei por elas, porque ando mais rápido do que a maioria das pessoas. Meu pai tem 1,86m, eu tenho 1,67m, é uma vida inteira tentando acompanhar os passos dele e eu não estou falando por metáforas. Eu consigo desde criança e por isso ando mais rápido do que a maioria das pessoas. Eu passei por elas, não pude evitar. Não olhei pra trás, mas fiquei pensando que ali, a alguns passos de mim, estava a coragem que eu sempre quis ter.
Eu disse e acabou.
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
Não tenho um post de retrospectiva porque o blog inteiro é uma retrospectiva - e essa é a parte mais legal de ter blog e o motivo por que eu ainda tenho um, mas tenho desejos para 2014.
Eu adoro anos novos e desejo que o nosso ano novo seja cheio de sorrisos, nossos e para nós.
"Para onde eu vou, vai-me o coração também, que ainda não arranjei modo de o largar pelo chão." (de O filho de mil homens, do Valter Hugo Mãe)
Então, vamos com cuidado, que a gente tá carregando um coração, mas sem medo.
Feliz ano novo!