domingo, 12 de janeiro de 2014

Eu tava saindo de uma livraria onde eu não comprei nada, porque livrarias me deixam nervosa e na verdade eu entrei pra procurar uma embalagem de presente para embrulhar um livro que eu comprei na Internet.

Eu tava saindo de uma livraria quando eu vi duas mulheres abraçadas. Elas não estavam abraçadas exatamente, uma colocou o braço no ombro da outra e perguntou o que ele tinha dito. Ela respondeu, a que estava sendo abraçada mas não de verdade, que tinha chegado e logo dito o que ela tinha para dizer. A que estava abraçando mas não de verdade disse que ela devia ter esperado ele falar. Ela devia ter perguntado o que ele tinha a dizer. Ainda sendo abraçada, a da direita disse que não, que não fazia mais diferença. Eu que chamei ele pra conversar, eu que tinha o que dizer. Eu disse e acabou.

Eu passei por elas, porque ando mais rápido do que a maioria das pessoas. Meu pai tem 1,86m, eu tenho 1,67m, é uma vida inteira tentando acompanhar os passos dele e eu não estou falando por metáforas. Eu consigo desde criança e por isso ando mais rápido do que a maioria das pessoas. Eu passei por elas, não pude evitar. Não olhei pra trás, mas fiquei pensando que ali, a alguns passos de mim, estava a coragem que eu sempre quis ter.

Eu disse e acabou.

6 comentários:

  1. Quem sabe um dia você não passa novamente ao lado delas e descobre se ter coragem para "dizer e acabar" é mesmo tão bom assim. Afinal, se você não possui essa coragem, será que isso não é um aviso de que é melhor não acabar?

    Novembro Inconstante

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  2. "Não olhei pra trás, mas fiquei pensando que ali, a alguns passos de mim, estava a coragem que eu sempre quis ter." Seu texto me ganhou nessa frase. Sutil. Curti. Favoritei. Trabalho escrevendo e fazendo quadrinhos. Se quiser dá uma olhada no material é só clicar aí. Ah! Bom saber que você é tradutora. Até...

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  3. outro dia um moço do meu trabalho que pega os 2 ônibus que eu pego pra casa nova foi até lá (tipo, 1 hora de busú) com o adesivo de visitante da empresa - esqueceu o crachá, certamente - colado na blusa. lá tem o nome inteiro, o setor que trabalha, tem tudo, e eu achei perigoso e queria avisar que era perigoso, que ele podia tirar, que ele tinha esquecido.

    mas eu também não tenho coragem.

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  4. Realmente é complicado ter coragem de decidir certas coisas da vida. Mas sabe o que eu aprendi? Aprendi que a vida é curta de mais pra se viver esperando que as coisas se resolvam por si mesmas. A partir dai, nao me deixo prender por situações que não me agradam. Simples assim.
    Sei que dar o primeiro passo é sempre difícil ( assim como perder o primeiro quilo no regime), mas quando começamos a ver o resultado fica bem mais fácil se motivar a permanecer no objetivo. Acho que vc deveria experimentar! Um passo de cada vez, sempre.

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