segunda-feira, 25 de março de 2013

Eu passei a confundir o seu nome com o do meu primeiro namorado. Isso começou perto do fim e foi assim que eu descobri que ia acabar, confundindo o seu nome com o do meu primeiro namorado quando falava de você, ou o seu com o dele, quando falava dele. Às vezes eu lembro de tudo e fico apavorada, sacudo a cabeça até a lembrança ir embora. Minha analista deve ter feito um trabalho muito bom com a minha autoestima nesses seis anos juntas porque eu não consigo mesmo entender por que não eu. Eu espero que ela grite com você. Que ela grite e que ela chore. Que ela grite, chore e seja ciumenta. Eu espero que ela odeie os seus amigos. Eu espero que vocês viajem juntos e ela queira fazer compras todos os dias. Eu espero que ela coma só salada ou coma hambúrguer de garfo e faca. Eu espero que ela escreva você com cê cedilha e cafezinho com acento. Eu espero que ela tenha uma lista plastificada de aniversários e o seu não esteja nela. Plastificada. Eu espero que ela nunca preste atenção no que você diz e nunca saiba pra onde você vai viajar, mesmo que ela tenha sido uma das primeiras pessoas pra quem você contou, assim que comprou a passagem. Eu espero que ela se apaixone por outro, fique com ele enquanto vê no que vai dar e, quando tiver certeza que ele gosta dela, espero que ela suma e apareça um mês depois pra te contar que ama o outro, mas que, opa!, não quer que você saia da vida dela, não, porque você é tão especial. Você é tão especial. Você é absolutamente especial. Eu espero que ela só te conte depois que você já tenha descoberto tudo de uma maneira bem dolorosa. Eu espero que ela faça isso respondendo a um e-mail seu de amor.

Eu espero que nada disso faça a menor diferença pra mim.

segunda-feira, 18 de março de 2013

No primeiro-primeiro encontro desse recomeço eu:

-bebi mais do que ele, de 1,92 m;
-contei que sou ateia;
-disse que nunca quero ter filhos;
-achei um pão de queijo de pelo menos duas semanas na minha bolsa (vou me defender que achei o pão de queijo velho enquanto procurava o chocolate que eu tinha levado pra ele);

E quando cheguei em casa tinha uma mensagem: "só diz que você quer me ver de novo amanhã."

Tem cara que é bonitinho.


além do chocolate, ele ficou com o pão de queijo.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Estou usando um aplicativo pra monitorar minhas corridas na academia. Daí baixei, vi mais ou menos como usava e subi na esteira. Escolhi que tipo de treino eu queria (treino pra pessoas lerdas) e iniciei.

Eu não uso meu celular pra escutar música, uso um mp3 player mesmo. Coloquei o fone e comecei a caminhar, aí comecei a escutar uma música vinda do meu celular. Tirei o fone pra ouvir o que era.

Eu não sabia, mas o app, quando iniciado, começa a tocar as músicas que você tem no celular. Atenção para a única música que eu tenho no celular: o parabéns da Xuxa.

Eu lá, super séria, tava até com uma blusa de tecido apropriado pra corrida e tudo, e meu celular tocando o parabéns da Xuxa pra todo mundo ouvir.

Como não amar a minha vida?

segunda-feira, 11 de março de 2013

Uma mão encostando na minha mão. Carinho mesmo, sem atração sexual, sem interesse. Só uma forma de dizer "bom dia, como vai?"


E eu, que não tenho problema com palavras, que brigo, que digo que amo, que digo que estou com saudade, que adorei, eu, que não tenho problema com palavras, quase derreto e viro uma geleia de gente.

E quase choro.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Você pensa que tá tudo indo bem e que vai dar tudo certo.

Até que recebe a seguinte cantada: "Gostaria de conversar com você para te conhecer e te desejar não só pela beleza e sim pelo que você é."

Dá vontade de passar o resto da vida de pijama em casa vendo Girls e comendo doce de leite.

domingo, 3 de março de 2013

Acordei sentindo ciúme do abraço. Acordei morrendo de ciúme do abraço que vem depois e que eu não quero que seja de mais ninguém. Na nossa primeira noite juntos, ele me explicou que estava com dor nas costas e que por isso não dormiria abraçado comigo. Eu achei graça, eu não queria abraçar ninguém. Ele deve ter tomado um remédio milagroso, porque depois disso me abraçou todas as noites até o fim, embora na última não tenha tirado o relógio. Igual ao meu, mas prateado. O meu relógio ficou no criado-mudo. O relógio dele ficou no pulso. Eu não estava contando o tempo. Quando ele me pediu pra acompanhá-lo até a porta, será que sabia que era a última vez? Eu não sabia.


Ele me abraçou todas as noites até o fim, ou foi abraçado por mim, quando puxava meu braço até ele atravessar o seu corpo e minha mão encontrar a dele, do lado dele da cama. Eram noites muito confortáveis, as minhas noites com ele e eu nunca acordava numa posição que não fosse dentro de um abraço, ele afogado no meu cabelo, o queixo encaixado no meu pescoço, a barba no meu ombro.

Eu acordei com saudade e ciúme do abraço dele, que não devia ser de mais ninguém. Se o mundo fosse um lugar menos doloroso, eu teria que abrir mão de qualquer coisa, menos dos abraços.

Uma manhã de domingo, logo depois de uma noite de sábado, eu lembrei. Me torturei durante uns 20 minutos com esse pensamento e levantei da cama.

Tomei milk-shake de chocolate no café da manhã.