sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Foi um ano bom. Fico até meio tensa de escrever isso depois de tantos anos ruins. Vai que cai um raio em mim. Ou todos os fios de cabelo do lado direito da minha cabeça se partem ao meio. Não sei. Sempre penso que alguma coisa pode acontecer.

Eu não tinha um ano bom há bastante tempo. Vivia pra lá e pra cá com meus caquinhos. Acordava de manhã, catava os caquinhos e ia fazer o que tinha que fazer. Passava o dia carregando meus caquinhos e à noite chegava em casa, dava banho em cada um dos caquinhos, alimentava e colocava pijama neles. Dormia abraçada a eles. Eu de pijama xadrez, os caquinhos de pijaminha listrado.

Em 2011 eu me despedi de alguns caquinhos. Arrumei os pijamas e as meias dos caquinhos e eles foram embora carregando suas malinhas, alguns sem olhar pra trás, outros ameaçando voltar.

Alguns caquinhos ficaram aqui. Alguns ficaram porque eu pedi que ficassem, que não fossem embora agora, porque ainda preciso de caquinhos para me espetar o coração. Outros ficaram porque não queriam ir embora, gostaram daqui, onde têm pijaminhas listrados, meias quentinhas e um coração para espetar.

Depois que tantos caquinhos se mudaram, sobrou muito espaço. Sobrou tanto espaço que chegou o amor. Eu não acredito em amor, mas ele entrou no espaço que os caquinhos que foram embora deixaram. Ou já tinha entrado e eu não tinha percebido. Ele demorou para se apresentar, o amor ou o que quer que seja isso. Bom, chegou, tá aqui, tentando fazer amizade com os caquinhos que ficaram. Os caquinhos espetam o amor, desconfiados e cheios de ciúme, não querem dividir o espaço. O amor se esconde dos caquinhos, porque às vezes eles espetam pra valer e dói muito, mas não é por mal. Eles vão aprendendo a conviver, os caquinhos e o amor ou o que quer que seja isso.

Eles têm aprendido a conviver neste ano bom, estão ansiosos para o próximo ano e o amor ganhou um pijama de caveirinhas e meias quentinhas, pra não morrer de ciúme dos caquinhos e seus pijamas listrados.


Pra você eu desejo um ano com menos caquinhos espetando o coração e mais amor.

Feliz ano novo!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Faz pouco tempo eu percebi que não tenho mais colocado estrelinhas nos e-mails dele. Não marco mais com estrelinhas os e-mails que ele me manda perguntando how are you doing ou what's new in your life. Os e-mails onde eu passei a ser Renata, sem nenhum apelido.


Fiquei transtornada com a culpa. Queria dar um abraço e pedir desculpa. Não fiz por mal. Eu, que prometi tantas coisas, abandonei as estrelinhas.

Corri os olhos pela caixa de entrada procurando os e-mails sem estrelinhas e descobri que as estrelinhas estavam em outros e-mails, mais raros, onde eu virei Rê, mesmo sem nunca ter sido Rê na minha vida.


sempre fui tata ou nata. nunca rê.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Tem esse menino que se mudou pra uma casa nova. E na primeira vez que eu fui à casa nova dele, levei uma garrafa de vodca. Ele tinha acabado de sair de uma crise de gastrite. That's how I roll.

Daí há uns meses eu vi uns enfeites de natal que tinham super a ver com a profissão dele e pensei em comprar. Mas não achei no Brasil e o site que vendia os tais enfeites não enviava pra cá. Deixei pra lá.

Da última vez que eu fui à casa dele, nós estávamos voltando do almoço e ele reparou que tinha a única porta do andar sem enfeite de natal. E eu resolvi procurar um enfeite que tivesse a ver com a casa de um menino moderno solteiro e heterossexual.

Não sei se você gosta de natal ou se odeia como eu. Não sei se você já reparou. Mas não existe nada pra natal que não seja cafona. Desculpe se você gosta de natal, mas é tudo cafona. Você gosta dos enfeites porque tem boa vontade e um coração bom. Eu não tenho nem um nem outro, então posso confirmar pra você: é tudo cafona. Eu sei bem disso porque sou filha da louca do natal. Chega no natal e minha casa vira a oficina do Papai Noel. Cada porta tem um enfeite de natal. Sim, cada porta da casa. Estou falando de portas internas.

Na porta de entrada tem essa mega guirlanda, provando que natal não combina com homens modernos, solteiros e heterossexuais:



Bom, não encontrei nada que combinasse com a casa do menino. Nada que fizesse ele achar graça e dar um sorrisinho e não pensar "meudeus, essa garota tá louca. onde ela acha que eu vou pendurar uma guirlanda de ponto de cruz?" ou alguma coisa do tipo.

No meio da minha procura - eu tinha esperança de encontrar uma caveira com chifres de rena ou sei lá - eu achei umas forminhas de gelo com formato de caveirinha, comprei e mandei pra casa dele.

Sim, eu fiz isso.

Eu mandei duas formas de gelo pra ele, sem cartão ou explicação do motivo pelo qual eu estava mandando duas formas de gelo pra ele. Porque não tinha explicação, né? Não tem explicação. Eu queria comprar uma rena-caveira e comprei duas formas de gelo. Eu posso tentar, mas não vou conseguir explicar. Porque não tem explicação.

Acho que a única forma de terminar este post é lembrando o que eu faço da vida: educo pessoas.

Você já sabe a quem culpar se daqui a uns 10 anos nós tivermos toda uma geração de pessoas fluentes em Inglês (vamos torcer, né?) que não têm um namorado.

domingo, 18 de dezembro de 2011

se eu chorar

No sonho que eu tive há algumas semanas, nós nos reencontrávamos lá, como vai ser de verdade, mas a cidade tinha praia. Nós íamos comprar peixes numa barraquinha na areia e eu dizia "eu vou comprar peixe aqui todos os dias e vou te esperar em casa com o jantar pronto." Tudo que eu não fui capaz de fazer. Não sou capaz.


Nem naquele dia na praia depois que nós nos conhecemos. Nem naquele dia em que eu saí correndo de mala na mão e intoxicação alimentar pra nossa primeira viagem juntos. Nem quando eu desembarquei naquela estação gelada com minha mala de 30kg. Nem quando eu levantei os olhos do computador e vi a jaqueta de couro marrom antes de ver o rosto. Nem quando nós nos despedimos pra sempre com a porta do elevador aberta e eu prometi o que eu não pude cumprir.

Nem quando eu tinha todos os motivos do mundo eu fiquei nervosa assim.




tô (mais) dramática.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Ele disse, rindo, que gosta de músicas estranhas.

Eu não disse - não sei por que não disse, acho que porque sou tonta - mas pensei.

Pensei que uma das coisas que eu mais gosto nele é o gosto musical. Mesmo que eu não conheça nem metade do que ele ouve. Eu amava chegar lá, quando a gente ainda estava se conhecendo, e ver que tava tocando uma música que eu nunca tinha ouvido na vida. E quando tava tocando alguma coisa que eu conhecia, eu queria dar um abracinho e dizer "também gosto dessa!" Mas não dizia.

A gente pode ser bem pateta às vezes. Quando eu digo a gente, estou falando de mim. Quando eu digo às vezes, estou falando do tempo todo. Sempre.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Não tem nada melhor do que ganhar um presente surpresa que é a sua cara. No caso, a minha, que é toda colorida.

:)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Você passa por um conhecido, deseja bom dia. Ele olha de volta com um sorriso estranho.

Você olha pra baixo e entende: sua camisa está desabotoada.

Adoro minha vida.