"amor é um cavalo com a perna
quebrada
tentando se levantar
enquanto 45 000 pessoas
observam"
Um dia um eu estava no trabalho, me arrumando pra um encontro na hora do almoço. Olhei pro espelho e pensei que ninguém desiste. De verdade, a gente continua tentando.
Preparando surpresas, mandando mensagens ao longo do dia. Segurando o choro porque nada é como a gente imaginou, como a gente queria. Ou tudo é, mas a gente não quer mais. Eu posso querer outra coisa?
"amor é a chave perdida da sua porta
quando você está bêbado"
E você senta e conversa sobre livros, sobre cinema, sobre cachorrinhos. Sobre futebol. Sobre comida. Sobre como você não consegue mais virar uma noite sem ficar dois dias arrasada. Sobre seu pai, sua mãe, sua família ou pelo menos o que você pode revelar sem que pareça uma maluca desajustada com um monte de problemas pra resolver.
"amor é o jeito que nós fervemos
como a lagosta"
Você se defende, se protege, discute com os amigos, faz uma lista de prós e contras. Por que não?, você se pergunta, quando no fundo quer saber por que sim, por que ainda.
"amor é o que se arrasta
pelo chão"
Enquanto você engole a seco, sente um nó na garganta, uma pontada no estômago, torcendo para que a próxima sensação seja de frio na barriga.
"those ears those
arms those
elbows those eyes
looking, the fondness and
the wanting I have been
held I have been
held"
versos do poema "uma definição", última estrofe de "um poema de amor". os dois de charles bukowski, tradução de fernando koproski.
domingo, 22 de dezembro de 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Falando com a Nath sobre como os relacionamentos ficam mais fáceis à medida que a gente envelhece. Não quero dizer "envelhece", mas é isso.
Minha aposta é que na juventude - não quero dizer juventude, mas é isso - a gente tem mais tempo livre, muito tempo livre. Muito tempo pra pensar. Muito tempo pra drama.
Embora, às vezes, eu ainda precise dizer a mim mesma, nãopossoobcecar, nãopossoobcecar, nãopossoobcecar. Às vezes.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Uma vez eu saí com um cara e ele disse que arte era conteúdo sobre forma e não o contrário e eu soube naquele momento que nunca poderia me apaixonar por ele.
É difícil pensar no momento exato em que você pensa "não é isso, não é assim" e decide não levar a história adiante.
Foi alguma coisa que eu disse? Foi a roupa que eu estava usando? Foram meus amigos, meu esmalte, porque eu fiz uma piada sobre o celular dele? Foi porque eu disse que não quero ter filhos, porque não acredito em deus, porque moro longe? Foi porque eu não aceitei que ele pagasse a conta?
Foi porque ele tinha planos diferentes, porque estava numa fase diferente da vida. Foi porque ele pareceu confuso, porque os amigos pareceram idiotas. Porque ele não conseguia entender que o que define arte é a forma. Foi porque eu vi uma foto dele com um abadá, porque o pai dele tinha um barco e eu achei que ele era rico demais pra mim. Foi porque ele era jovem demais, porque ele não tinha um emprego e eu não conseguia superar que os pais estavam pagando aquela metade da conta.
Foi porque ele não morava nem aqui nem ali, mas por aí e não sabia dizer pra onde ia nem quando voltava. Porque ele me disse que não se entendia, quando, depois de tanto tempo e tanto esforço, eu entendo uma grande parte de mim.
E foi porque eu sei que tudo o que vai pode voltar e tudo o que acaba pode recomeçar num outro momento, quando fizer sentido, se fizer.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
outro dia tive o seguinte diálogo com o meu pai:
-tenho duas notícias. você quer a má ou a boa primeiro?
-ai, pai, nem sei. acho que quero a má.
-não tem má notícia!
-então conta as duas boas.
-meu eletrocardiograma está ótimo.
-ah, que bom. e a outra?
-e o meu cardiologista disse "é isso aí, bola pra frente. vamos comer muito torresminho, costelinha e picanha."
quer dizer, a má notícia é boa e uma das boas notícias ele inventou.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
Eu tenho um problema nas digitais, que são muito fraquinhas. Daí, toda vez que quero entrar na academia, que libera a entrada por um leitor de digitais, são várias tentativas até que o computador me libere. Vai se formando uma fila, eu tenho que deixar as pessoas passarem e tal.
Enquanto isso, as recepcionistas ficam lá conversando. Quando eu tô quase chorando ou pedindo pra alguém "deixa eu passar juntinho com você?", elas resolvem me ajudar. Com isso, percebi duas coisas:
1. tô pagando a mensalidade de bobeira, porque elas só chegam e liberam a entrada com a digital delas, sem nem saber se eu estou matriculada de verdade. Calculo que poderia comprar mais 1 1/2 par de sapatos todo mês com esse valor.
2. eu achei que era incompetência elas não perguntarem meu nome ou o número da minha matrícula e me deixarem entrar direto, até que prestei atenção na foto que aparece quando a entrada é liberada: elas têm fotos lindas. Hoje eu vi uma foto que era tipo capa da revista Nova, cabelos ao vento.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Todo ano há anos uso o mesmo cartão de crédito para comprar minha passagem da viagem de férias. Este ano, a operadora do cartão resolveu achar isso estranho e eu tive que ligar pra me explicar.
Fiquei tentando imaginar o que eles estavam achando estranho. Sim, credicard, eu vou ficar aqui no Brasil. Você já viu quanto tá o euro? Sim, eu amo praia, não sei de onde vocês tiraram a ideia de que eu não gosto. Tenho fotos bronzeada, posso mostrar pra vocês.
Daí liguei e tive que confirmar minhas últimas compras. Eu não uso muito o cartão de crédito, então minhas últimas compras eram:
-a passagem das férias
-um app na google play pra fazer colagens
-um pacote de fundos para usar no app
E eu me vi tendo que dizer "sim, paguei dois reais por fundos para fazer colagens nesse app de celular. eu paguei por isso sim."
Me deixa, gente, que eu que sei da minha vida e vou comprar quantos coraçõezinhos e estrelinhas eu quiser pra fazer colagens. Me deixa.