domingo, 6 de outubro de 2013

À descoberta se seguiu o meu choque, completamente desnecessário, já que eu sabia e você sabia que eu já sabia de tudo. Eu soube de tudo tantas vezes e de tantas maneiras diferentes que o choque foi apenas parte do meu espetáculo, o filme de que todas as pessoas da minha geração acham que participam. Com o choque veio sua exclusão de todas as minhas redes de amigos na Internet e, sentindo que isso não fosse suficiente, o bloqueio do seu perfil para que você não pudesse me ver e eu não pudesse te ver. Nós deixamos de existir um para o outro há algumas horas ou alguns minutos, não lembro bem, e talvez você nem saiba. Isso eu não preciso avisar, não preciso ligar e dizer que não existimos mais um para o outro, se é que já existimos em algum momento desses três anos que você esteve na minha vida sem estar e eu na sua, menos ainda. Você vai perceber que já não existimos um para o outro, se é que já não percebeu. Talvez este seja o momento do café no seu trabalho, você se levante para tomar um café e quando volte abra o Facebook. Talvez você fique curioso e queira ver se eu publiquei uma indireta em forma de vídeo de música para você. Me ame, por favor, pelo menos um pouco. Percorrendo toda a sua tela, você não verá meu nome. Não verá um poema que eu tenha publicado para te convencer de que sou inteligente e sensível, ou uma música, para te convencer de que temos o mesmo gosto musical e por isso devemos ficar juntos, mais juntos do que jamais estivemos. Não verá uma foto de um grafite num muro, um grafite de coração ou um grafite irônico dizendo que não ligo para o amor, para que você se convença de que sou uma mulher moderna e independente e nunca te darei uma dor de cabeça ou um aborrecimento com crises de carência ou ciúme e por isso você deve escolher a mim. Você não me verá nessa tela, então talvez você decida entrar no meu perfil e é neste momento que você perceberá que eu não existo mais. Talvez você ainda não saiba que eu não existo mais só para você ou talvez você se dê conta disso na mesma hora que vê que eu não existo mais. Talvez você só perceba daqui a uns dias, quem sabe semanas. Eu nunca saberei, porque nunca mais falarei com você, estou muito decidida. Nós não existimos mais um para o outro e por isso eu nunca saberei como você descobriu que eu não existia mais, porque eu nunca mais falarei com você, nunca mais.

32 comentários:

  1. só pra dizer que metafórica ou realmente "apagar" uma pessoa é coragem de poucos. Bem que eu queria não ser tão frouxa.

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    1. chega uma hora em que a gente consegue apagar, amanda. às vezes demora, mas a hora chega.

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  2. ai Renata.
    eu ja disse e repito mil vezes. Sou sua fã mesmo. Você escreve muito muito muito bem. Quando você publicar seu primeiro livro, me avise, viu :)

    (não vou fazer comentario sobre o conteudo em si.. mas entendi e saboreei cada frase!)

    Beijos,
    Carol

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  3. Acompanho você faz um bom tempo, e sempre me encontro em seus textos. Como é bom ler o que você escreveria igual, por sentir igual.

    :)

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  4. Já apaguei alguém da minha vida, numa época onde não haviam redes sociais. Apaguei por telefone, e e-mail, e de pensamento... chorei até gastar. E nunca me arrependi do que fiz, nunca!

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  5. É tão difícil e doloroso apagar alguém da nossa vida, pior ainda quando a pessoa insiste em se fazer presente.
    Mais uma vez me vi em suas palavras. :)

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  6. Tento apagar um cara há anos. Já excluí do meu face duza vezes vezes e acabei voltando atrás, uma a pedido dele e outra por arrependimento meu mesmo.
    Sei lá. Acho que infelizmente a pessoa não deixa de fazer parte da nossa vida no exato momento em que queremos, é mesmo com o tempo, com a chegada de novas pessoas...
    As vezes a gente não esquece totalmente, mas a pessoa vai cada vez tendo menos importancia no nosso dia a dia.

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    1. sim, quando a gente tá pronta pra esquecer, a gente esquece =)

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  7. Bom, o que me deixa feliz é lembrar que em um outro post você escreveu que muitos desses seus textos são antigos. O que me faz pensar que provavelmente você já superou tudo isso. E fico realmente feliz. Ver uma sobrevivente me dá forças.

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    1. [...] Ver uma sobrevivente me dá forças. ! Idem mil vezes!

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    2. =) tá tudo bem, esse post tem vários meses.

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  8. eu nunca apaguei ninguém. não gosto. por mais escrotas que as pessoas tenham sido comigo, eu sempre arranjo um jeito de dar chances a mais.

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    1. cada um tem um jeito de lidar com as coisas que acontecem. =)

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  9. Acho que precisa ser corajoso pra sair assim da vida de alguém. Tenho muita vontade de bloquear no Facebook, mas ainda rola apego demais, grilo demais, covardia demais. Você tá de parabéns, só pela determinação.

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  10. Te acompanho há um tempo, mas sou boba e nunca comento u.u Bem, chegou a hora: fico feliz que essas dores já tenham passado e também por vc conseguir transmitir tantos sentimentos de forma tão simples e verdadeira (em todos os seus textos). Que bom que vc resolveu criar este blog e que bom que te achei! Espero que vc continue a escrever por bastante tempo, pois faz isso muito bem! Bjim!

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  11. Ai meu deus, Renata! Esse podia ter sido um texto escrito por mim dentro os tantos textos que eu escrevi pra uma determinada pessoa que esteve comigo sem nunca estarmos juntos de fato por cinco anos.
    Eu sei exatamente como você se sente, acho.
    Meu deus, só queria te dar um abraço bem forte agora, passar a mão nas tuas costas e dizer que tudo isso passa, algum dia, vai passar pra nós duas.
    HAHA Acabei de ver aqui em cima que você escreveu pra várias pessoas que 'tá tudo bem', então, que bom :)
    Fico feliz, muito mesmo.
    O texto é lindo!

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  12. toda vez que leio os textos dessa "série" me dá uma tristeza, mesmo sabendo que já passou e etc.
    além de tudo, de certa forma me identifico com alguma coisa, e mesmo eu já tendo superado, sempre dá um certo aperto no peito. acho que algumas relações têm coisas ruins em comum, hahaha.

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  13. Achei tudo tão lindo, tão essavidaloucaquesóagenteetodomundovive que suspirei 4 vezes aqui <3

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  14. Nossa, Renata, esse seu texto me lembrou de um ~poema ~ que eu escrevi há um tempinho, quando eu passei por uma situação parecida. É bem bobo, escrevi porque eu tava muito triste e precisava dar forma à minha tristeza de algum jeito. Tá aqui, ó:

    Sem carnaval

    Abro a sua página
    Vejo as suas atualizações
    Tomo um pouco de vodca
    Engulo a sua ausência
    E esse silêncio que fica
    Sempre que você vai embora
    Sempre que você me deixa
    Sem dizer quando volta
    Se vai ser no meio da tarde
    Num sábado de aleluia
    Ou meio de noite
    Meio terça
    Quase quarta
    Meio cinza
    Minhas cinzas
    Sempre no carnaval
    Sem carnaval

    Quando você voltar
    Vai me encontrar já longe
    Num outro continente
    Incontinente
    Você vai me procurar
    Vai me seguir
    Desbloquear
    Visto pela última vez
    Às dezesseis
    Eu não vou te responder
    Sua notificação vai se perder
    No meio de outras
    Se eu já cheguei no lugar marcado
    Se vou na festa sábado
    Se já saí de casa

    E assim como tudo acaba
    Um dia você vai perceber
    Que você não é nada pra mim
    Que eu não existo mais pra você




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